domingo, 10 de junho de 2018

Carta a Abel Djassi no Facebook

Caro Abel Djassi,
Há dias, vi no Púlpito um questionamento seu, a propósito da elaboração da História-Geral de Cabo Verde, por um equipa binacional (Cabo Verde e Portugal).
O post desapareceu e não pude comentá-lo. Como sabe, eu estive na origem desse projecto, como se pode verificar na Nota Prévia do I Volume. Foi uma estratégia positiva a ideia da equipa mista. Na altura, seria difícil o acesso aos arquivos portugueses, estando os portugueses de fora. Essa estratégia permitiu a publicação dos três volumes, mas também de dois volumes de Corpus Documentais existentes nos arquivos portugueses. Existem outras fontes, como o Abel Djassi faz referência. Isto não invalida o trabalho feito e que pode ser criticado, enriquecido ou mesmo contrariado por outras fontes e por outros autores.
O processo que conduziu à elaboração da Historia-Geral de Cabo Verde tem uma história. Um dia essa história será contada. Basta dizer que o projecto esteve sobre o fio da navalha. O mesmo foi ao Conselho de Ministros porque havia nacionalismos exacerbados que entendiam que a história de Cabo Verde só deveria ser escrita por caboverdianos e havia uma outra posição, na qual eu me incluo, que entendia que a história de Cabo Verde podia ser escrita por qualquer equipa de historiadores sérios e competentes.
No Conselho de Ministros acima referido, o então Primeiro-Ministro, Pedro Pires teria afirmado que (cito de cor): "ou esperamos cinquenta anos e reunimos todas as condições para a elaboração da história de Cabo Verde, ou então corremos o risco e iniciamos o processo com uma equipa binacional". O então Presidente da República, Aristides Pereira, tomou a palavra e disse: "então corremos o risco e começamos desde agora".
Gostaria di dizer obrigadao a Pedro Pires e a Aristides Pereira pela lucidez e pela coragem, numa altura em que o nacionalismo estava ao rubro.
Eu parabenizo, também, a equipa binacional pelo trabalho feito. Nada é perfeito. Quem pode fazer melhor, nas actuais circunstâncias, terá já o contributo dessa equipa. Na história, nada é definitivo, e creio também que nada é perfeito.
'Penso ser melhor fazer e corrigir depois do que não fazer nada.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Amílcar Cabral e as Crianças:

 
Cabral tinha um pendor humanista muito grande para com as crianças. No seu magistério, ele declara:
“… as crianças são os únicos seres a quem temos que dar privilégios na nossa terra, … são a flor da nossa vida, por causa delas nós fazemos todos os sacrifícios para elas viverem felizes” (Unida e Luta 1:196).
Numa outra ocasião, afirma:
“Neste momento em que falo (1969), em algumas terras da África há crianças que são mortas para satisfazer a vontade do ‘iran’. Eu nunca tive isso na minha cabeça. Cresci em África, mas aprendi o seguinte: o mais maravilhoso e o mais delicado que há no mundo são as crianças. Às crianças devemos dar o melhor que temos. Devemos educá-las para se levantarem com o espírito aberto, entenderem as coisas, serem boas, evitarem toda a espécie de maldade. Portanto, nunca devemos fazer-lhes mal algum …” (Pensar para Melhor Agir:188).
Durante o processo da Luta Armada, conduzida pelo PAIGC, em consonância com o princípio segundo o qual “as crianças são flores da revolução”, foi criada uma estrutura pedagógica – a Escola Piloto –, o viveiro para a formação dos homens e mulheres de amanhã. Nessa Escola, Cabral mais do que um pedagogo era considerado um pai pelos meninos e meninas que a frequentavam.
Viva o Dia Internacional das Crianças.