sábado, 9 de novembro de 2019

A MORNA, ANTES DO RECONHECIMENTO DA UNESCO,
JÁ ERA, PARA NÓS, PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE
A Cidade Velha foi declarada, em 2009, Património da Humanidade, em grande medida, porque Cabo Verde foi o berço da morna, do crioulo e da nossa crioulidade. É por isso que a decisão da Comissão Técnica do Património Mundial em recomendar a inscrição da MORNA na Lista de Património da Humanidade é apenas um reconhecimento de algo que já é, que já era. Não deixa de ser muito importante essa... recomendação, porém o mais importante é o reconhecimento que quem criou a Morna tem desse ato de criação.
Tudo isto para dizer que há muito que celebrei a Morna como Património da Humanidade. Que todos celebrem, com orgulho e patriotismo, esse filho querido e amado da nossa crioulidade.
Que todos saúdem a pertinente e inteligente recomendação da Comissão Técnica do Património Mundial.
Devo reconhecer que a Morna é, sem dúvida, a expressão original da nossa identidade, o espelho da nossa cultura mestiça, do nosso conhecimento, da nossa vivência, das nossas tradições, da nossa filosofia de vida, da nossa antropologia cultural, em permanente diálogo com o mundo e com a diversidade antropológica. Esta a razão por que todos os dias, horas e segundos, ela nasce no violão das nossa ilhas, nas ondas do mar do arquipélago, através de quem fica para poder receber os que chegam, e de quem parte em busca de mais milho, de mais água e de mais luz; através ainda de todos os artistas, criadores ou investidores que viajam para o mundo tendo Cabo Verde como bagagem cultural, e que regressam, tendo o mundo como encomenda antropológica para ser investida, criticamente, em Cabo Verde, nas cordas do violão, no ritmo e no compasso de uma nova melodia, nos planos e projetos de mais e melhor desenvolvimento, na arquitetura e na construção de um humanismo mais solidário, mais rico, mais universal, critica e conscientemente assumidos; na gramática e na sintaxe da palavra crioula para alavancar o humanismo caboverdiano e o seu desenvolvimento integral e inclusivo.
Com a MORNA, um dos símbolos maiores da nossa crioulidade, a humanidade, seguramente, ficou mais rica.
A todos os que estiveram envolvidos no processo, o meu profundo reconhecimento.
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