quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

 

13 DE JANEIRO

E a Assunção Plena da História

 

A história de um povo é o rosto do seu cartão de identidade. Quanto mais e melhor um povo assume e valoriza a sua história, mais e melhor ele incorpora e exprime a sua autenticidade e o lugar que ocupa nas “azaguas” do humanismo global.

 

Hoje, 13 de Janeiro de 2021, celebramos o que já se convencionou chamar o Dia da Liberdade e da Democracia. Não porque a liberdade e a democracia, em Cabo Verde nasceram nesse dia, mas porque foi o dia em que o nosso povo, na senda das várias conquistas alcançadas, deu um passo decisivo em matéria de liberdade e de democracia, com a consagração do multipartidarismo e a cultura das liberdades e garantias que se exige de um estado de direito democrático.

Foi uma etapa importante de que devemos todos nos orgulhar, mas o processo da luta pela emancipação do nosso povo não se resume, nem se culmina com o 13 de Janeiro.

Em diversas épocas, e de acordo com o sentir, a visão e os constrangientos dessas mesmas épocas, o nosso povo lutou e venceu. Foi assim na época dos escravos fujões; foi assim na época das revoltas dos camponeses, em Santa Catarina e em Santo Antão; foi assim na época de José Lopes, Loff de Vasconcelos, Eugénio Tavares e Pedro Cardoso; foi assim na marcha do Capitão Ambrósio em S. Vicente; Foi assim com a geração das revistas Claridade e Certeza; foi assim com Amílcar Cabral e a Luta de Libertação Nacional; foi assim com a geração dos que pertencem à moderna literatura caboverdiana, caraterizada não só pelo seu telurismo, mas também pelo seu universalismo; foi assim com os atores do 19 de Fevereiro de 1990, que promoveram a abertura política em Cabo Verde; foi assim com o 13 de Janeiro, dia das primeiras eleições livres e democráticas; foi e é assim com a fase da reconstrução nacional e consolidação do desenvolvimento económico, social e cultural, em curso.

 

Ontem, assisti a uma grande reportagem, na TCV, sobre o 13 de Janeiro, do jornalista José Carlos Semedo. Gostei de ver diversos autores políticos, de geração e sensibilidades políticas diferentes a falarem, com toda a naturalidade e justiça, do 5 de Julho de 1975, do 19 de Fevereiro de 1990 e do 13 de Janeiro de 1991.

Obrigado, jornalista José Carlos Semedo, obrigado a todos os atores políticos que intervieram no programa com o sentido de cultura democrática e inclusiva.

Da minha parte, continuo a dar VIVA ao 5 de Julho; a celebrar o 19 de Fevereiro e o 13 de Janeiro; a distinguir a Luta de Libertação Nacional, tanto a armada, como a política;  a exaltar o Hino e da Bandeira da Independência; a festejar o novo Hino e a nova Bandeira da fase do pluralismo democrático.

                                                                                       


Manuel Veiga

 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

INDECÊNCIA NA POLÍTICA

 

Hoje, 07/01/2021, assisti, através da RCV, a declaração política de um Partido que considera todos os da sua área política como uns anjinhos, e todos os outros como demónios e malfeitores.

 Isto é indigno para um País, como Cabo Verde, que conquistou a sua dignidade com luta, suor e, até com o sacrifício supremo dos que ficaram pelo caminho.

A política, quando feita com ética e respeito, é uma atividade digna e nobre. Porém, quando é feita com mentira, com demagogia, com ódio, passa a ser uma INDECÊNCIA.

Em qualquer parte do mundo, possuir “ações”, com dinheiro limpo e num processo transparente não é, não pode ser crime, nem tão pouco, corrupção.

Hoje, indecente e desrespeitosamente um amigo meu foi, indiretamente, acusado de corrupção por ser um dos principais acionistas de uma Empresa de sucesso, em Cabo Verde.

Acontece que, eu também, sou acionista dessa Empresa, mas ninguém me tem acusado, talvez porque sou um pequeno acionista, não tenho nenhuma ambição, neste momento, em ocupar cargos políticos, não tenho nenhum familiar candidato a Ministro ou a Primeiro-Ministro.

 O mesmo não acontece com o meu amigo que é um dos grandes acionistas, na mesma Empresa, e tem uma filha que, por mérito próprio, é uma forte candidata ao lugar de “Primatura”, em Cabo Verde.

É estranha, é mesmo indecente, a atitude política de considerar alguém corrupto por ser acionista, com dinheiro limpo e de forma transparente. Seria desejável que os atores políticos, de todas as sensibilidades, passassem a respeitar os caboverdianos, as suas conquistas e a sua dignidade. Ser inteligente não é ser “chico-esperto”, nem ter malabarismos para confundir o eleitorado. Isto é indecência política.

Por tudo isto, a minha solidariedade ao David Hopffer Almada, um caboverdiano de causas, um cidadão de prestígio e engajado, que ajudou e vem ajudando Cabo Verde a levantar cada vez mais alto o seu Hino e a sua Bandeira.


Manuel Veiga,  Facebook de 7/1/2021