quinta-feira, 7 de abril de 2016

Hoje, 7/4/16, o Facebook lembrou-me este post publicado há 4 anos atrás:

O senhor Lúcio Teixeira coloca-me as seguintes questões: 1) Qual a finalidade da oficialização do crioulo? 2) Porquê que Santiago é matriz de todas as outras variantes? 3) O que significa padronizar o crioulo?
Relativamente à primeira pergunta, devo informar ao senhor Lúcio Teixeira que a oficialização de uma língua significa o reconhecimento do estatuto jurídico-constitucional que legitima o ensino dessa língua, o seu uso na administração, na comunicação social, na criação literária e artística e nas diversas formas da vivência e convivência do povo que a fala. Quando uma língua é materna, como no caso do crioulo caboverdiano, o estatuto atrás referido é consuetudinário. Esta é a razão por que, em vários países, os EUA, por exemplo, não se consagra que a língua materna é oficial. Em Cabo Verde temos a necessidade dessa consagração porque a Constituição de 1992 e as sucessivas revisões, consagram o português, em Cabo Verde, como língua oficial (artigo 9º .1) e determinam que “O Estado promove as condições para a oficialização da língua materna cabo-verdiana, em paridade com a língua portuguesa (artigo 9º .2). Em Cabo Verde, a língua materna, sem o reconhecimento explícito de língua oficial, já vem ocupando o espaço de oficialidade no ensino, na administração, nos mídia, na criação artística e cultural, nas diversas formas de vivência e convivência do nosso povo. Apenas falta alargar e consolidar o seu ensino; alargar e consolidar o seu uso na administração, na comunicação social, na criação literária e científica. Até parece que a oficialização não é uma mais-valia. Porém, temos que admitir que será uma mais-valia, na medida em que vai aumentar a auto-estima dos caboverdianos e vai promover, paulatinamente, a massificação do ensino como matéria e como veículo de outras matérias. Se me perguntar se, neste momento, estou interessado em lutar pela oficialização da nossa língua materna, dir-lhe-ei que o que de facto me interessa é trabalhar para aumentar o espaço da sua oficialidade. Mais cedo ou mais tarde os políticos vão chegar à conclusão que o estatuto de língua oficial é um direito fundamental de todas as línguas maternas e uma das condições para uma real democracia.
Pergunta o senhor Lúcio Teixeira porquê que Santiago é matriz das outras variantes. Devo dizer-lhe que matriz vem do latim “mater”, que significa mãe. Dizer que Santiago é matriz das outras variantes significa que o berço do crioulo caboverdiano foi Santiago, a primeira ilha povoada. A expressão de Santiago, pelo menos alguns elementos, viajou para as outras ilhas onde se processou uma autonomização local, através de descendentes originários da primeira ilha habitada, desde o longínquo ano de 1462.
Quanto à terceira pergunta ver o spot publicado a 3/4 sobre a questão de padronização.

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