sábado, 23 de julho de 2016

Autonomização da LCV, Frase 19


LCV
Krê  própi,   dja  es  fase-m     el  kórda

MLP
Crer próprio  já eles fazer-me ele corda
CSP
Talvez            já  mo fizeram         feitiço

A RSL é visível. Apenas pelo MLP não chegamos ao sentido da frase.

Em LCV, o «krê» parece ter uma dupla origem. Umas vezes em «querer» e outras vezes em «crer». Em F19, parece ter provindo de «crer». Quando alguém diz» «creio que amanhã vá chover», a frase encerra dúvida, incerteza. Daí o «krê própi» com o sentido de “talvez”. O «própi» do sintagma «krê própi» representa tão-somente uma topicalização, um elemento para reforçar a dúvida.

Porém, há também o «krê» com origem no querer, por exemplo «N krê bai (quero ir).


Quanto ao «fazer corda», com o sentido atual de «fazer feitiço», poderá, eventualmente, ser uma prática no português arcaico que hoje já não existe. Note-se que a “corda” amarra, e quando se é amarrado, perde-se a mobilidade, fica-se dependente. Ora, quem tem feitiço está dependente de um mal provocado, normalmente por uma bruxa. É como se estivesse amarrado por esse mal.

NB: LCV - Língua Caboverdiana; MLP: Material Linguístico em Português; CSP: Correspondência Semântica em Português.

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