A convite da Senhora
Embaixadora de Cabo Verde em França, tomei parte, ontem, dia 10/09/14, nas
comemorações do XX aniversário do projecto da Rota de escravos, na sede da UNESCO,
em Paris.
Foi emocionantes os
diversos testemunhos sobre essa Rota, um momento dramático e horrendo que a
história deve registar e a que a humanidade não deve ficar indiferente. O mundo
foi formatado por essa tragédia e hoje as repercussões são visíveis nos mais
diversos quadrantes do globo. O humanismo exige a reposição dessa consciência e
o restabelecimento da justiça.
Infelizmente, a
consciência desse drama, os males que provocou e a justiça que reclama
continuam, teimosamente, a ser ignorados e, muitas vezes, marginalizados ou,
até, em muitos casos, desprezados.
Na mesa-redonda, ouvi
um testemunho que me fez pensar no contexto caboverdiano. Um jovem das Caraíbas
disse : « je suis, moi-même, raté, du point de vue de mon histoire et
de mon education ». Confessou que a história que lhe ensinaram e muitos
aspectos da educação que recebeu só contribuíram para aumentar a sua alienação.
Sem me dar conta,
dei-me comigo a pensar com os meus próprios botões : A consciência da alienação
já é um sinal de autenticidade no horizonte. A pior alienação é quando nem
sequer temos a consciência da nossa própria alienação. Pensem nisto.
Na mesa-redonda, pude
falar da caboverdianidade como um resultado eloquente da Rota de escravos,
destaquei a importância da inscrição da Cidade Velha na Lista de
Património Mundial e advoguei para
que o projecto da Morna, como candidata a Património Mundial venha a ter o sucesso
merecido e desejado, tudo isto em nome do reconhecimento da Rota de escravos em
Cabo Verde, por nós mesmos, mas também pela comunidade internacional.
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