sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Celebração do XX aniversário do Projecto da Rota de Escravos




A convite da Senhora Embaixadora de Cabo Verde em França, tomei parte, ontem, dia 10/09/14, nas comemorações do XX aniversário do projecto da Rota de escravos, na sede da UNESCO, em Paris.

Foi emocionantes os diversos testemunhos sobre essa Rota, um momento dramático e horrendo que a história deve registar e a que a humanidade não deve ficar indiferente. O mundo foi formatado por essa tragédia e hoje as repercussões são visíveis nos mais diversos quadrantes do globo. O humanismo exige a reposição dessa consciência e o restabelecimento da justiça.

Infelizmente, a consciência desse drama, os males que provocou e a justiça que reclama continuam, teimosamente, a ser ignorados e, muitas vezes, marginalizados ou, até, em muitos casos, desprezados.

Na mesa-redonda, ouvi um testemunho que me fez pensar no contexto caboverdiano. Um jovem das Caraíbas disse : « je suis, moi-même, raté, du point de vue de mon histoire et de mon education ». Confessou que a história que lhe ensinaram e muitos aspectos da educação que recebeu só contribuíram para aumentar a sua alienação.

Sem me dar conta, dei-me comigo a pensar com os meus próprios botões : A consciência da alienação já é um sinal de autenticidade no horizonte. A pior alienação é quando nem sequer temos a consciência da nossa própria alienação. Pensem nisto.

Na mesa-redonda, pude falar da caboverdianidade como um resultado eloquente da Rota de escravos, destaquei a importância da inscrição da Cidade Velha na Lista de Património  Mundial e advoguei para que  o projecto da Morna, como candidata a Património Mundial venha a ter o sucesso merecido e desejado, tudo isto em nome do reconhecimento da Rota de escravos em Cabo Verde, por nós mesmos, mas também pela comunidade internacional.

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