sábado, 26 de junho de 2021

NAPOLEÃO FERNANDES

 

ATOR DO PRIMEIRO DICIONÁRIO DO CRIOULO

 

Tive o privilégio de o conhecer já numa idade respeitável. Era padrinho do meu pai e possui uma propriedade em Galo Canta, perto da casa onde nasci.

Sempre soube que era homem de muitos ofícios: advogado, alfaiate, sapateiro, relojoeiro lavrador, homem de letras.

Mais tarde, descobri que escreveu O Léxico do Dialeto Crioulo do Arquipélago de Cabo Verde. Pude ter o original nas minhas mãos, quando o mesmo passou pelo então Ministério da Educação e Cultura, e isto em 1979.

Soube que foi um árduo trabalho, iniciado nos idos de 1920; durou cerca de 40 anos a sua compilação, feita em todas as ilhas do arquipélago. A obra, embora incompleta (qualquer dicionário é sempre incompleto) viria a ser publicada pela filha, D. Ivone Fernandes Ramos, em 1991.

Na elaboração do Dicionário Bilingue Crioulo-Português, tive a obra de Napoleão Fernandes como referência, sempre que encontrava alguma dificuldade na perceção de algum termo basiletal (crioulo fundo) que descohecia

 

Como linguista, devo dizer que Napoleão Fernandes, entre os percursores da escrita do crioulo, é, juntamente com António d’Paula Brito, os que praticaram um modelo mais sistemático, o primeiro com base no alfabeto português, o segundo com base num modelo fonético-fonológico.

 

Proponho ao Município de Santa Catarina que crie uma galeria dos Imortais do Concelho, devendo Napoleão Fernandes ser um de entre eles.

Existe já uma Escola Secundária, em Achada Falcão, exibindo o nome de Napoleão Fernandes. Porém, acredito que um homem que tanto fez pelo seu Concelho, como Napoleão Fernandes, merecia outras homenagens, merecia, sobretudo ser mais conhecido, sobretudo por parte dos mais jovens.

 

Facebook de 25 de Junho de 2021, Manuel Veiga

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