domingo, 2 de setembro de 2012

Os Caminhos da não violência em Cabo Verde




Os caboverdianos estão preocupados com o problema da violência que grassa no país.  Através do facebook lancei o seguinte repto: «Será que quem mata tem direito à vida?». Confesso que fiquei agradavelmente surpreso com as reacções dos facebokianos.  A esmagadora maioria aponta a EDUCAÇÃO e não a pena capital, como o melhor caminho da não-violência. Esta, também, é a minha posição. A VIDA é um valor absoluto, uma espécie de mistério que nos ultrapassa de tal maneira que não temos o direito de a comprometer.
Apesar de tudo, o que se verifica é que começa a proliferar um desrespeito assustador para com esse bem de valor quase que transcendental. O problema que se põe é saber quais os caminhos para o restabelecimento da normalidade. Vimos que a pena capital não é solução.  Sabemos também que a solução não está apenas nos Poderes Públicos e na organização da justiça. Para mim, a paz e a tranquilidade que almejamos só será uma realidade no dia em que o respeito pela vida e pelo nosso semelhante se transformar num desígnio nacional. Neste desígnio, há uns que tem papel fundamental e outros que tem o papel de parceiros úteis.
Na minha perspectiva, a não-violência é corolário de uma educação humanística profunda, abrangente e transversal. Nessa educação, há três sectores com um papel fundamental: a FAMÍLIA onde a educação se faz pelo crivo do AMOR; as CONFISSÕES RELIGIOSAS onde a educação se faz pelos crivos da HUMILDADE e do RESPEITO pelos nossos semelhantes; os PODERES PÚBLICOS ( Governo,  Autarquias, Tribunais,  Organizações Políticas) onde a educação se faz pelo crivo das leis, da justiça  e da inclusão sociais.
No desígnio nacional da educação há outros parceiros como as organizações sociais, sindicais, culturais e desportivas; o magistério dos professores, dos ecritores, da comunicação social,  das organizações educativas e profissionais, a todos os níveis.
Todos esses caminhos da não-violência devem estar baseados numa EDUCAÇÃO sobretudo de VALORES, como o respeito pelo outro, o amor pelo trabalho e por aquilo que é nosso. O mal do nosso tempo, e que é principal causa da violência, consiste numa educação  antes pelo TER do que pelo SER.
Conhecendo nós os caminhos da não-violência, há que pô-los em prática, há que assumi-los de acordo com a responsabilidade intrínseca de cada um. Deixemos de responsabilizar apenas os poderes públicos pelos problemas da violência. Assumamos as nossas responsabilidades na família, nas Igrejas, nas escolas, nos tribunais, no parlamento, na cidadania. Basta de apontar o dedo. Em vez disso, cada um ponha a mão na consciência e faça balanço do seu magistério de educação: o que fez, o que não fez, o que vai fazer. Se assim fizermos, o clima de paz e tranquilidade voltará a fazer parte do nosso quotidiano. De outro modo, esse clima continuará sendo uma miragem.

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