sábado, 12 de dezembro de 2020

A CABOVERDIANIDADE

 

UMA EPOPEIA DE FINTAR O DESTINO

 

A metáfora de “fintar o destino” como motor na edificação da caboverdianidade é de Corsino Tolentino. É uma metáfora muito feliz. Efetivamente, a resiliência do nosso povo decorre dessa capacidade de “fintar o destino”. Diante da adversidade, não cruzamos os braços, procuramos a solução, lá onde ela estiver. É por isso que vencemos a escravatura, destronamos o colonialismo, resistimos à estiagem, reinterpretamos a saudade, fizemos da parida a condição para o regresso, desafiamos o conhecimento, recriamos o crioulo e a morna, reinventamos, semeamos e colhemos a CRIOULIDADE, vivendo a CABOVERDIANIDADE.

A nossa epopeia foi edificada driblando e fintando o destino. Muitos ainda não se deram conta da GRANDEZA dessa EPOPEIA. É que a pequenez geográfica do território e a escassez de recurso naturais não favorecem a publicidade e o reconhecimento, a nível global, da grandeza do nosso SONHO, da nossa ALMA e da nossa CABOVERDIANIDADE.

Porém, continuando a fintar o destino, desta feita com a metáfora do autor da Cabeça Calva de Deus, havemos de um dia “dar um golpe no Paraíso” e levar o mundo e muitos dos caboverdianos a descobrirem a riqueza e a grandeza da nossa crioulidade.

Quando isto acontecer, saberemos valorizar essa crioulidade-arco-íris, com nove matizes específicas na expressão, e uma superior unidade, consignada na compreensão e na vivência da caboverdianidade.

Um dia, pois, a epopeia da caboverdianidade dará que falar porque “estamos conhecendo a razão das coisas”, estamos fintando o destino, estamos compreendendo, pouco-a-pouco, que a coluna vertebral dessa caboverdianidade é o CRIOULO. Ora, se assim é, há que estudá-lo e valorizá-lo. Somos o que somos, porque somos crioulos, com especificidades na expressão, com superior unidade na compreensão e vivência.

 

Facebook de 11/12/2020

Manuel Veiga

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