UMA EPOPEIA DE FINTAR O DESTINO
A metáfora de “fintar o destino” como motor na
edificação da caboverdianidade é de Corsino Tolentino. É uma metáfora muito
feliz. Efetivamente, a resiliência do nosso povo decorre dessa capacidade de
“fintar o destino”. Diante da adversidade, não cruzamos os braços, procuramos a
solução, lá onde ela estiver. É por isso que vencemos a escravatura,
destronamos o colonialismo, resistimos à estiagem, reinterpretamos a saudade,
fizemos da parida a condição para o regresso, desafiamos o conhecimento,
recriamos o crioulo e a morna, reinventamos, semeamos e colhemos a CRIOULIDADE,
vivendo a CABOVERDIANIDADE.
A nossa epopeia foi
edificada driblando e fintando o destino. Muitos ainda não se deram conta da
GRANDEZA dessa EPOPEIA. É que a pequenez geográfica do território e a escassez
de recurso naturais não favorecem a publicidade e o reconhecimento, a nível
global, da grandeza do nosso SONHO, da nossa ALMA e da nossa CABOVERDIANIDADE.
Porém, continuando a
fintar o destino, desta feita com a metáfora do autor da Cabeça Calva de Deus,
havemos de um dia “dar um golpe no Paraíso” e levar o mundo e muitos dos caboverdianos
a descobrirem a riqueza e a grandeza da nossa crioulidade.
Quando isto acontecer,
saberemos valorizar essa crioulidade-arco-íris, com nove
matizes específicas na expressão, e uma superior unidade, consignada na
compreensão e na vivência da caboverdianidade.
Um dia, pois, a epopeia da
caboverdianidade dará que falar porque “estamos conhecendo a razão das coisas”,
estamos fintando o destino, estamos compreendendo, pouco-a-pouco, que a coluna
vertebral dessa caboverdianidade é o CRIOULO. Ora, se assim é, há que estudá-lo
e valorizá-lo. Somos o que somos, porque somos crioulos, com especificidades na
expressão, com superior unidade na compreensão e vivência.
Facebook de 11/12/2020
Manuel Veiga
Sem comentários:
Enviar um comentário