domingo, 21 de março de 2021

RENEGAR UM ATIVO NOSSO E DESRESPONSABILIZAR-NOS POR UM PASSADO QUE AJUDAMOS A CONSTRUIR NÃO É PRÓPRIO DOS GRANDES ESPÍRITOS

Tenho assistido, no pós-Independência, atitudes pouco recomendáveis de determinados atores políticos que, face à mudança de contextos e de cenários sociopolíticos, se convertem em críticos do regime que ajudaram  a enformar, a implantar e a vigorar.

A mudança é própria da condição humana. O que é pouco elegante, diria mesmo pouco ético, é renegar o seu próprio passado, culpabilizando os outros de práticas em que nós fomos atores destacados, cúmplices e beneficiários solidários.

 

Ora isto é feio, é baixo, é traição, é antiético.

Um grande filósofo espanhol dizia: “Yo soy yo y mi circunstancia”.  Com efeito, os valores, as práticas e o quotidiano de cada um de nós têm a marca e o selo do sentir e da filosofia do tempo em que vivemos, particularmente quando não somos visionários e precoces.

Ora, ao confrontarmos os valores e o sentir de um tempo outro que o do nosso passado, impõe-se a mudança, com humildade, magnanimidade e abertura de espírito. Porém, nem sempre isto acontece.

Todos nós conhecemos os “chicos espertos” que só lhes interessa tirar vantagem do “sentir” de todos os tempos, desresponsabilizando-se do “sentir” e práticas de tempos que já são histórias e que, portanto, perderam a aura e a importância que tinham no antanho.

 

Sejamos, pois, inteiros! Façamos as mudanças necessárias, em conformidade com o sentir e os valores do nosso tempo. Deixemos de estigmatizar e de desresponsabilizar-nos perante a nossa própria história. Se assim fizermos, estaremos a ser coerentes e responsáveis. De outro modo, estaremos a fazer dos outros otários, quando, na verdade, os otários somos nós mesmos.

 

Viva a Integridade, Viva a Hombridade, Viva a Seriedade, Viva a Honestidade!


Março de 2021

 

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