quarta-feira, 26 de maio de 2021

 


O [e mudo] ao Norte

UMA POSSIBILIDADE E NÃO UMA FATALIDADE

 

Alguns elementos de dissenso, particularmente nas variantes do Norte, são a representação do [e] mudo (tud / tude) e a palatalização do [s] implosivo (“pista / pixta”).

 

A representação do [e] mudo, nas variantes dialetais do Norte é uma possibilidade e não uma fatalidade. Do ponto de vista pragmático, o seu uso facilita a representação silábica das palavras (“tu-de” e não “tud”; “res-pir-á”, e não “rspi-rá / rxpi-rá”; “só-be-de” e não “sóbd”; “pes-ká” e não “pxká” ou “pská; “sin-ples” e não “sinpls”; “ó-ne” e não “ón”; “pó-ne”e não “pón”; “ke, se, de, me” e não “k, s, d, m”...).

 

Do ponto de vista pragmático, ainda, o uso da vogal muda, ao Norte, pode facilitar a aproximação com as realizações das mesmas palavras ao Sul e, ainda, reforça a unicidade das regrs de acentuação, particularmente no concernente a R1 e a R2.

 

Com efeito, “tude” (R1) está mais perto de “tudu” (também R1) do que de “tud”. Igualmente "óne" (R2) corresponde a "anu", também R2.

Seja como for, o uso da vogal muda não é uma fatalidade, é tão somente uma possibilidade. Como linguista, por uma questão de pragmatismo linguístico, consubstanciado na clareza silábica, e numa maior aproximação entre as realizações do Norte e do Sul, aconselho o uso da vogal muda.

 

Quanto à palatalização do [s] implosivo que, ao Norte, se verifica em palavras como: “pixta, lixta, paxta, ex / ej, ves / vej”, aconselho a representação fonológca dessa consoante cuja forma seria “pista, lista, pasta, es”.

 

Para além da justificação fonológica, por pragmatismo, e desde que consensual, seria mais desejável uma representação que aproximase as diversas variantes dialetais, não devendo isto acarretar nenhuma erosão linguística fundamental.

 

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