segunda-feira, 31 de agosto de 2020

REGRAS DE ACENTUAÇÃO NO CRIOULO CABOVERDIANO (R1-R6)

 

 

R1

Em Caboverdiano, a maior parte das palavras é grave. Neste caso, o acento é previsível, não havendo a necessidade de nenhum diacrítico para assinalar a sílaba tónica.

Os exemplos abundam: «banda, fidju/fidje, povu/e, txuba/txuva, oxi/aoje, aonte».

[NB: quando a palavra é grave e a vogal tónica é um i ou um u precedidos de uma outra vogal com a qual não fazem sílaba, a vogal tónica leva diacrítico: «saúdi, faíska, raínha»].

 

R2

Quando a palavra é grave e a sílaba tónica é um «é» ou um «ó» (semi-abertos) usa-se o diacrítico.

Exemplos: béku, féra, patéta, kuméta, néta;

róda, bóka, nóka, fódja, rótxa,  mónda;

NB: No «á» de palavras graves considera-se previsível a sílaba tónica: ratu, matu, patu. Nos pares mínimos, o «a» mais aberto leva diacrítico: sábi/sabi (e) (adjetivo e verbo, respetivamente).

 

R3

Todas as palavras esdrúxulas levam diacrítico:

Exemplos: «sílaba prátiku/ke, búsula,  rústiku/ke».

 

R4

a)     As palavras agudas, de uma só sílaba, levam diacrítico, de acordo com a natureza vocálica, se terminarem por e ou por o (abertos, seguidos ou não de “s”): “fé, pó.

b)    Se a palavra é aguda, de uma só sílaba, e terminar por e ou o fechados); por a, i, o, u, seguidos ou não de s, não leva diacrítico, salvo se se tratar de pares mínimos: “bes, tres, mes, la, li, dju».

 

Porém, diz-se: «pa/pá; mas/más; nu/nú», por serem pares mínimos. Constitui ainda exceção a escrita da conjunção coordenada disjuntiva: ô. E isto para diferenciar do artigo definido “o”, do português.

c)     As palavras agudas, de mais de uma sílaba, levam sempre diacrítico, de acordo com a natureza vocálica: «atrás, rapás,  kafé, raís, país».

d)    Os pronomes pessoais e demonstrativos, os determinantes possessivos e demonstrativos, sendo classes gramaticais fechadas e de grande rendimento funcional, não levam diacrítico: «bo, bu, abo, nos, anos, es, aes, nhos, anhos, mi, ami, nho, anho, nha, anha;  es, es-li,  kel, kel-li, kel-la».

 

R5

As palavras terminadas por [n, r, l], são normalmente agudas. A sílaba tónica é previsível, por isso não se usa o diacrítico:

Exemplo: «kanson, kurason, profesor, amor, baril».

Quando as palavras terminam por n, r, l e não são agudas, levam o acento:

Exemplo: «jóven, sensível».

NB: No R5 do ALUPEC Falava-se de palavras terminadas por uma consoante que não o s do plural.

 

R6

As palavras terminadas por um ditongo precedido de uma consoante são, normalmente, agudas e não precisam de diacrítico (já que o seu acento é preditível):

Exemplo: «balai, liseu. Romeu, Bartolomeu, sabedoria».

Sempre que essas mesmas palavras não são agudas, levam diacrítico, de acordo com a natureza vocálica

Exemplo: «patrísiu, língua, míngua, azágua, sabedoria/sabedoriâ».

Em «txapéu», o diacrítico indica a natureza vocálica e não a sílaba tónica que é previsível. Em «praia, feiu» segue-se R1 já que o ditongo não é precedido de consoante.




 

1 comentário:

  1. Como definir regras para expressões variadas do CCV?

    Alguém, cuja identidade não é revelada, talvez por pudor, vergonha ou medo, em relação ao crioulo, questiona como poderá ser possível ter regras para as diversas variantes do nosso crioulo?
    Devo dizer a esse compatriota que o inglês dos EUA e do Reino Unido têm regras, umas vezes complementares outras vezes específicas. O mesmo acontece com o português europeu e o do Brasil.
    Quanto ao crioulo de CaboVerde, no concernente à Regras de Acentuação (R1 – R6), as mesmas dão cobertura a qualquer das variantes. Em alguns exemplos, vejamos como elas funcionam em Santiago (ST), S.Vicente (SV), Santo Antão (SA) e Fogo (F):
    ST – pâpia (R6); SV – falá (R4c).
    ST – trabadja (R1); F – trabadjâ (R4c); SV – trubaiá (R4c).
    SA – oá (R4c); SV – oiá (R4c); ST – odja (R1); F – odjâ (R4c).
    ST – mai (R6); SV – mãi (R6); SA – mé (R4a).
    A inteligência das regras de acentuação está na sua economia, funcionalidade, sistematicidade e universalidade de aplicação, nas diversas expressões do crioulo.
    Assim dito, poderá parecer complexo; porém, uma vez interiorizadas as regras, tudo fica muito simples. Há que estudar. Há que interiorizar.

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