sábado, 10 de março de 2012

Abertura do Ano Escolar 2004

Abertura do Ano Escolar 2004

A abertura do Ano Escolares coincide com a nossa tomada de posse como Ministro da Cultura, nós que até este momento éramos deputado no Circulo Eleitoral de Santa Catarina.

         As nossas primeiras palavras são de agradecimento. Agradecimento por todo o apoio que recebemos da população de Santa Catarina; por toda a parceria que foi possível realizar com a Câmara local, com as autoridades civis, económicas, políticas e religiosas, com as estruturas de Educação e de todos os outros Serviços desconcentrados do Estado.

           A todos, muito obrigado e podem crer que nas novas funções, pelo que depender de nós, a parceria será reforçada para que Santa Catarina, em todos os sectores de desenvolvimento, tenha um lugar que merece no xadrês nacional.

Voltando ao acto que hoje nos reúne aqui, gostaríamos de começar com uma saudação muito especial a toda esta juventude que temos aqui à nossa frente, esta juventude que é o sonho, que é a  promessa,  que é o futuro e que é a certeza de Santa Catarina, mas também  de Cabo Verde.

Conhecendo nós a experiência da Educação, no antes e no pós-Independência, gostaríamos de deixar aqui um breve testemunho, sobretudo para os mais jovens, para que possam avaliar a grandeza da caminhada feita até agora, particularmente os ganhos conseguidos pela actual equipa governamental.

Nos anos sessenta, quando nós estávamos na idade de entrar numa estrutura de ensino secundário, havia em Cabo Verde dois Liceus: o da Praia e o do Mindelo. No ensino básico, em Santa Catarina, havia duas escolas oficiais: a «Escola Grande» da Assomada, que tinha duas salas, e uma outra escola, cremos que na Cabeça de Carreira. Nós mesmos, entramos na escola oficial aos nove anos de idade porque o número de lugares era extremamente reduzido e o esforço do meu pai para me matricular aos sete e aos oito anos de idade resultou infrutífero.

Não fossem as escolas paroquiais criadas e subvencionadas pelo nosso saudoso Padre Luiz Allaz, em condições pedagógicas e económicas difíceis, muita gente da nossa geração seria hoje analfabeta. Por tudo isto, esperamos que um dia o Ministério da Educação e Valorização dos Recursos Humanos possa prestar uma merecida homenagem  ao Padre Luiz Allaz, suíço de nacionalidade e que foi não só um grande padre em Santa Catarina, mas também um grande pedagogo.

    Dizíamos que tendo presente a difícil situação do passado, podemos compreender melhor o caminho andado, o caminho que estamos andar.
       Hoje temos escolas e liceus espalhados por todo o país e em todos os Concelhos; as estruturas do ensino superior se desenvolvem e se consolidam, particularmente na Praia e em S. Vicente; a criação da Universidade de Cabo Verde é um projecto que já começou a dar os primeiros passos com a criação de uma comisão instaladora; a qualidade e a equidade no ensino têm sido uma preocupação constante; a diversificação da oferta de ensino e de formação técnico-profissional é já uma conquista; a sustentabilidade do sistema educativo vem sendo reforçada, de ano para ano, com um melhor controlo dos custos e maior comparticipação das famílias; o combate às assimetrias regionais e sociais está melhorando de ano para ano; a afirmação da escola como espaço privilegiado para o desenvolvimento do conhecimento, para aprendizagem de valores e funcionando ainda como meio de meio de socialização, já ninguém duvida; o desbloqueamento da carreira do pessoal docente - progressão, subsídios, redução de cargas horária, reclassificação e aposentação é uma prática em curso; a diversificação das modalidades de formação e aumento da oferta, em matéria de educação, é um facto digno de realce; a cobertura total das cantinas escolares do Ensino Básico Integrado, o apoio no pagamento das cantinas e na aquisição de alguns materiais didácticos para os alunos mais carenciados é também uma prática; o aumento da formação profissional nos círculos de cultura da Alfabetização é um facto; o reforço no enquadramento pedagógico dos jardins de infância e do alargamento de cantinas escolares para esse nível de ensino é uma prática; a valorização da formação técnica e profissional é uma constante; o aumento de alternativa para a formação é um dado real; a melhoria de formação técnica e pedagógica dos professores é visível; a alternativa para a formação aumenta de ano para ano.

       Pode-se perguntar o porquê de todo esse esforço gigantesco de Cabo Verde, em matéria de educação. A resposta é simples. É que  a educação é a alavanca do desenvolvimento e sendo os recursos humanos o ouro de Cabo Verde, investir na educação é investir na sustentabilidade, no desenvolvimento e no futura do País.

       Daí a razão porque a educação constitua um dos grandes desígnios nacionais patentes nas Grandes Opções do Plano. De acordo com este importante documento, a educação constitui um dos sectores estratégicos do desenvolvimento de Cabo Verde. É por isso que nas Grandes Opções do Plano recomendam: o desenvolvimento do capital humano; a modernização no sistema educativo; a responsabilização de toda a sociedade nos custos da educação; a correcção das disparidades no acesso à escolarização; a facilitação de mecanismo que permitam o financiamento privado de bolsas de estudo.

      Tudo isto porque investir na educação é investir na qualidade de vida, no bem estar social, no desenvolvimento humano. E é por isso que num estudo do Banco Mundial, realizado em 1990, se diz que: «nos últimos 100 anos nenhum dos 34 países mais ricos do mundo poderia realizar o respectivo milagre económico se antes não tivesse generalizado o ensino primário». Segundo o mesmo estudo, um ano de instrução faz baixar 9% a mortalidade infantil. O mesmo estudo diz ainda que a queda de um ponto na taxa de analfabetismo, em África, faz aumentar dois anos na esperança de vida. Diz ainda que quatro anos de estudos primários faz aumentar a produtividade agrícola de 8,7%.

Ora se o ensina básico traz tanta vantagem ao desenvolvimento económico e social,  essa vantagem é ainda maior quando se trata  do ensino secundário, do ensino técnico e profissional e do ensino superior.

    Em Cabo Verde, mas também no mundo a educação é uma espécie de remédio contra a maior parte dos males sociais, como a pobreza, a miséria, a insanidade, o desemprego, as guerras, a exclusão, o subdesenvolvimento em geral.

    E é  por tudo isso que o actual Governo aposta e investe seriamente na educação. Mas para que os resultados sejam altamente positivos, para que a sustentabilidade do sistema seja garantida, é preciso que, para todos, a educação seja um desígnio nacional; é preciso que para a sua viabilização haja a parceria de toda a sociedade: o Governo, os Municípios as Igrejas, os Partidos Políticos, os Pais e Encarregados de Educação, a sociedade civil as Organização Não-Governamentais, os professores, os trabalhadores da educação e os alunos. Se cada um fizer o que pode e o que deve, se cada um colocar a sua pedra no edifício em construção, a sustentabilidade do sistema será um facto, o desenvolvimento integrado e equilibrado do País será conquistado, a qualidade  de vida e o bem-estar social serão um dado adquirido.

   Façamos, pois, da educação um desígnio nacional e Cabo Verde acabará por entrar no clube dos Países altamente desenvolvidos. A responsabilidade é nossa, a responsabilidade é de cada um de nós.
    
Pa tirmina, y na língua di téra, nu krê fla-nhos ma, komu Ministru di Kultura, nu ka ta diskansa enkuantu nu ka odja nos língua, nos stória y nos kultura ta fase parti di pugrama di ensinu, di fórma integradu y sistemátiku. Li tanbe, rasponsabilidadi é di nos tudu, pamodi si, dimé-divéra, nu krê odja nos língua di téra ofisializadu y  nos kultura ta studadu y ta ensinadu, tadju ka ten, é sô ku ofisializa ki é ramedi, é sô ku pugrama ses ensinu, pasu-pasu, azágua-azágua. Si sosiadadi krê, nen Govérnu, nen Parlamentu ka pode inpidi. Li ta fika nos rekadu, klaru sima agu di odju d’agu. Ku purtugês na si lugar, ku kriolu na si renki, ku kultura kabuverdianu y universal ta djunta mô, Kabuverdi ta madura na spiga, dizenvolvimentu ta kóre na labada, tudja ta intxi y azágua di nos povu ta skese di ténpu di séka ô di praga di gafanhotu.

                                                                             Dja nu  fla, sta fladu

                                                                                      Muitu obrigadu 
                                                                                  Somada, 13.10.04

2 comentários:

  1. No meu tempo, eu sou mais velho que o Dr Manuel Veiga, além das Escolas de Assomada e de Cabeça de Carreira, haviam escolas de Achada Lém ( a cargo de D. Nininha), de Chão de Tanque (a cargo de Américo Monteiro), de Ribeira da Barca ( a cargo de Ivo Carvalho) e da Figeira das Naus.

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  2. Obrigado, Dr. Eurico,
    pela informação. Porém, não seriam escolas paroquiais? Mesmo não sendo, temos que admitir que o Concelho não estava bem servido em escolas oficiais. Seja como for, fica registada a sua informação.

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