Por Manuel Veiga
Aprendi a
respeitar e a admirar o José Miranda não pelo conhecimento direto, mas pelas
referências altamente elogiosas que dele ouvia por parte dos meus pais e de
alguns dos seus alunos, entre os quais, uma irmã minha.
Exerceu o
magistério por largos anos e é nessa profissão, bem como na vivência de uma fé
profunda e arreigada que ele se sente mensageiro da palavra, particularmente
quando faz uso da arte de Minerva para veicular as suas preocupações,
inquietações e ensinamentos.
Escolhemos
dois aspetos da sua poética para o retratar como mensageiro da palavra, através
da sua fé e amor, e como pedagogo do humanismo
e do patriotismo.
· Comecemos com a sua
mensagem de fé e de amor:
José Miranda é um homem de fé. Tudo o
que é e faz tem a moldura e os ingredientes da sua profunda fé. É assim que, no
poema “Mudjer di Kabuverdi” (p.19), exorta-a
dizendo:
“Lenbra ma ómis di
mundu interu,/ Tudu es é igoísta.//Pur isu, dj’es poi Diós dun banda,/ P’es ta
sâsia ses vontadi”.
Para o
autor, Deus é razão de tudo, é riqueza suprema, é fonte de todas as alegrias,
de todas as realizações, tanto as humanas como as divinas. Daí ele se insurgir
contra a desinteligência dos homens que vêm colocando Deus de lado para dar
vazão ao seu próprio egoísmo, abusando da fraqueza feminina, em vez de a amar
como companheira e parceira, tanto nos bons como nos maus momentos.
E se Deus
formou a mulher da costela do próprio homem, então
“Bo é nha anju da guarda/ Oázis di nha viaji
na dizértu,/ Bérsu na nha noti grandi,/ Séu di nha alma n’es mundu.// Ama sin,
mas iziji amor./ Fika linda, pura y santa.// Ka bu dexa bu nbala na kantiga/ D’es
mundu nganador/ Ki ta pô-bu nkosta nun kantu/ Y sen gostu di bu kontínua kanta”.
A
mensagem do poeta é para a mulher amar e ser amada, e não se deixar embalar nas
falsas promessas deste mundo enganador. E para que isto aconteça, o poeta deixa
um conselho: sem abandonar Deus, e sem perder a fé, sendo pura e santa, “Buska
más informasan/…Y pusta na formasan”.
A escrita
de José Miranda podia ser considerada, em grande parte, uma poética de fé, no feminino.
Tal é a importância da relação com o Transcendente, do amor e do lugar que a
mulher mãe, esposa, filha, namorada, madrinha e companheira, ocupam na sua poesia.
Daí a pedagogia da sua mensagem no sentido dela abrir os olhos para a santidade,
cuidar da beleza física, sim, para poder ficar “linda, pura y santa”, mas também buscar a informação e apostar na
formação.
Para aprofundar essa mensagem de fé e
amor, no poema “Mulher Ontem e Hoje”
(p. 20) exorta:
“Não te esqueças que tu és/ A Imagem da Mãe dos Céus.// Do
teu ventre nasce Deus»,/ Nasce
«Pedro»,/ Nasce «Adão»...// Seja Virgem ante Eva.// São apenas conselhos
meus.// Passear ou dançar nua,/ Não te leva à parte alguma”.
O poeta
compara a mulher com a Virgem Maria e lembra-a que o seu ventre é um templo
sagrado que, à semelhança do que aconteceu com Deus Menino, pode gerar outros
infantes, portadores da bênção divina. Por isso, volta a chamar a atenção das
mulheres: “Passear ou dançar nua,/ Não te
leva à parte alguma”.
O aviso
do poeta vem na linha da exortação de Santo Agostinho quando diz: “ama e faz o que quiseres”. Ora, quem
ama respeita o seu corpo e o dos outros, como templo de Deus. De acordo com o
Novo Testamento, quem ama não faz ao outro o que não gostaria que a ele
fizessem. Quem ama conjuga os verbos “amar
e respeitar” em todos os tempos, modos e pessoas. E este exercício é
divino, mas também é humano.
Para o
autor, o desrespeito do nosso corpo como templo sagrado, tanto por parte do
homem como da mulher, “não os leva a
parte alguma”. Não sendo ingénuo, ele sabe que esse respeito, o tal que
leva a “amar e fazer tudo o resto”, só é possível quando a fé e o amor
coexistem. Então, se há um objetivo na poética de José Miranda, esse objetivo é
o de fazer de cada ser humano, homem ou mulher, um templo onde reinam, num
salutar convívio, a fé e o amor.
· Uma outra mensagem
que a poética de José Miranda veicula emerge da importância conferida ao
humanismo e ao respeito pelos direitos fundamentais da pessoa humana.
A
mensagem que aqui ressalta está muito ligada à vivência da fé e do amor. Porém,
se na primeira mensagem a tónica é posta no aspeto sobrenatural e espiritual,
nesta nova mensagem a tónica é colocada no humanismo e patriotismo das relações
sociais.
É assim
que no poema “A Capelinha Estragou
Fechadura” (p.34), o poeta volta a exortar:
“O amor é belo/
quando belo é o par que se ama (…) // As rosas lindas dos nossos canteiros/ são
protegidas por ruins espinhos (…) // Menina africana (…) // Que o teu sacrário
seja sagrado (…) // Trabalha, estuda, organiza e defende-te (…) // Quem ama,
não mata”.
Aqui, o humanismo do autor emerge da forma como vê o amor. Este só é belo e só existe quando “belo é o par que se ama”. No amor, humanamente concebido, se dá e se recebe, e nele as lindas rosas estão rodeadas de espinhos. Ou seja, assim como não há roseira e rosas sem espinhos, não há, também, amor humano sem atritos. Porém, é preciso saber colher as pétalas, sem se deixar ferir pelos espinhos. E isto só é possível quando o amor é partilhado, quando há transparência e tolerância no relacionamento, quando a donzela se respeita e se faz respeitar, quando o mancebo ama sem desrespeitar ou sufocar o amor.
Para melhor
se fazerem respeitar, o poeta exorta as donzelas ao trabalho, ao estudo, à
organização e a autodefesa, porque, nem sempre, os mancebos estão preparados
para honrar o princípio de Santo Agostinho. Muitas vezes, há a tentação da
“carne”, na ausência de um amor partilhado.
O poeta,
para dar exemplo de um amor partilhado e moldado segundo o princípio de Santo
Agostinho, eis como fala da sua esposa em “Un
Puéma, Un Amigu di Sénpri, p.55:
“Nes mundu pasajeru,/ Nha séu más altu é bu sedju.// Baxu
di Nhordés é bo.// Sen bo mi N ka ningen.// Di dia, bo é tétu d’es lar,/ Di
noti, un bérsu di enbalar,/ Undi nha sonhu ta ganha/ Sénpri un nobu vigor,/ Pa gósi y
pa bida interu.”
Aqui, o vate, eternamente apaixonado pela mulher amada, confessa a riqueza de um amor partilhado: “Nes mundu pasajeru (…) / Baxu di Nhordés é bo/ sen bo mi N ka nada”.
A esposa
é quase divinizada. O lugar que ela ocupa está logo a seguir ao do Ser Supremo
que é Deus. Ela quase que se transforma em razão de ser do marido “sen bo mi N ka nada”.
Ora,
embora o poeta não diga, o amor pelo ente amado atinge essa elevada dimensão
porque ele é correspondido, na mesma medida, a ponto de, estando no mundo
passageiro, é capaz de atingir as alturas da mansão celestial. É por isso que,
referindo-se à esposa querida, diz: neste mundo passageiro tu és o meu céu,
hoje, amanhã e sempre.
A
pedagogia do verdadeiro amor é traçada pela própria vivência do vate. É uma
pedagogia eficaz na medida em que não se limita a falar do amor apenas a nível
de princípios, mas a nível de uma vivência real e na primeira pessoa. É por
isso que, falando, ainda, do ente amado, declara: “Di dia, bo é tétu d’es lar, / Di noti un bérsu di enbalar”.
Ora, o
teto de uma casa é para agasalhar e proteger das intempéries todos os membros
da família. Assim, o amor do casal contagia e se projeta no amor de todos os integrantes
do lar, isto é de toda a família. Por outras palavras, um verdadeiro amor do
casal é o melhor viveiro para o amor do e no lar. E isto não só é humanamente
possível como também é espiritualmente aconselhável, sendo certo que um
humanismo equilibrado e vitaminado no lar é fonte, também, de uma fecunda
vivência espiritual. Toda a pedagogia do vate vai no sentido de valorizar o
humano e aperfeiçoar o espiritual. E isto é uma corrente que perpassa por toda
a poesia de José Miranda.
Mas o
humanismo do poeta não se restringe apenas à vida no lar. Ele se preocupa
também com outros setores da sociedade. No poema “Um de Junho” (p. 56), à semelhança do poema “Criança”, de Jorge Barbosa, o poeta mostra-se defensor dos direitos
desta e doutras camadas sociais, quando escreve:
“Desde Oriente ao
Ocidente,/ Em todos os continentes,/ Toda criança tem direito/ De viver e,
estar contente.// Infelizmente, não acontece.../ O interesse da Criança/ Está
muito prejudicado.// Muitas perdem esperanças,/ Porque o Homem no seu avanço/ E
na fúria das matanças/ Seja com bombas ou lanças,/ Não poupa vida às
crianças.// Nós que estamos em liberdade/ E temos possibilidade/ Gritemos cada
vez mais forte:/ Não queremos mais morte.// Não queremos mais fome.// Não
queremos mais guerra.// Não queremos mais droga.// Não queremos mais roubo,/ Nem
prostituição.// Viva a paz.// Viva alegria.// Viva crianças do mundo inteiro”.
É o humanismo do poeta que o leva a constatar que os direitos das crianças, do Oriente ao Ocidente, em todos os continentes, não estão a ser respeitados e reclama a reposição dos mesmos. É este mesmo humanismo que o leva deplorar as guerras, as matanças, o terrorismo, a fome, a corrupção, a insegurança, a droga, a prostituição, a falta de inclusão…
Diríamos
que todos os problemas do mundo moderno, tudo o que vai contra a paz, contra a
fraternidade, contra a inclusão, contra a qualidade de vida e do ambiente, numa
palavra, tudo o que constitui ameaça para a humanidade é objeto de denúncia e
de preocupação por parte do escritor-vate.
A sua oficina
de poeta inquieto, mais interventor que sonhador, não se restringe apenas aos
valores do humanismo. A exaltação e a busca de patriotismo encontra eco permanente
na gramática da sua poesia e na poesia da sua gramática. E isto nos leva a
entrar no último aspeto da nossa reflexão ou seja:
O Lugar que Pátria ocupa
na Poética de José Miranda.
Vivendo
nós num mundo globalizado, o sentimento de patriotismo e de identidade nacional
e territorial tem sofrido alguma erosão. O mundo já não é uma casa de portas e
janelas fechadas, mas sim um campo de horizontes abertos, em todos os sentidos.
Assim, a pátria, cada vez mais se vai diluindo nos valores de um humanismo planetário.
A tendência parece ir, cada vez, no sentido da edificação de uma entidade que
reclama mais da bandeira do humanismo do que da do nacionalismo estreito. É por
isso que assistimos à constituição dos Estados Unidos da América, da União
Europeia, do projeto da União Africana, da criação das Nações Unidas, da
constituição de vários blocos económicos, políticos e culturais, cada vez mais
crescente.
Porém,
apesar de toda essa tendência globalizante, as diversas nações do mundo
continuam a acarinhar e a defender os valores que as particularizam e
especificam, na certeza de que o global só existe porque o local resiste e persiste.
A defesa
da pátria e dos valores que a enformam encontram um forte eco na poética de
José Miranda.
Em carta
que o autor me dirigiu, chegou a confessar-me que, face a degradação de
valores, tanto os espirituais como os do humanismo e do patriotismo, sentiu a
necessidade de exercer uma pedagogia de transmissão e exaltação dos mesmos,
numa atitude quase que missionária, particularmente junto da classe juvenil,
aquela que é mais suscetível a contravalores e à miragem de pasárgadas e de
paraísos ilusórios.
Retomando
a pedagogia do patriotismo, sem se esquecer a da fé e do humanismo, no “Poemas de Esperança” (p. 59), o poeta
confessa:
“Sou sim,/Uma
criança.../Um homem pequenino.//Dentro de mim há uma ânsia/De ser um sino que
anuncia a paz.// (…) Dentro de mim há a esperança/De justiça no meu país.// …
há a intenção/Contra o pecado e a tentação.// … Somos plantas em
crescimento,/…A esperança e o alimento/Da nossa Pátria, Cabo Verde.// Somos
todos continuadores/Dos nossos pais e professores.//Seremos luz, água e
energia,/Deste mundo cego…”.
O poeta se transforma numa criança
pequenina, sem malícia nem maldade, confessando querer ser o mensageiro da paz,
da justiça, da luta contra o pecado e a tentação, a esperança e o alimento da
pátria, continuador dos pais e professores, esplendor de luz, fonte de água e
de energia num mundo egoísta e carente dos valores que enformam tanto a fé,
como o humanismo e o patriotismo.
E porque nesta parte é o patriotismo
que prende a nossa atenção, vamos deter-nos na mensagem em que o poeta invoca a
esperança de ser o alimento da pátria “Cabo Verde”, sendo continuador dos pais
e professores. É por isso que manifesta a vontade de ser luz que ilumina as
nossas tradições, água que fecunda e aprofunda as nossas raízes.
Sendo um
filho de Assomada, o poeta insurge-se contra o visual acinzentado da sua
cidade, devido à falta de pintura na parte exterior dos edifícios. Eis como ele
convida os seus patrícios, particularmente os emigrantes, a cuidarem das
respetivas habitações, já que isto é também um sinal de patriotismo:
“Filho ou filha que
vem de fora,/ Se contribuis pelo meu aumento/ Não te satisfaça o meu
crescimento.// Não pares apenas no ferro e cimento.// Esforça-te e dê os
acabamentos.// Por dentro, sim, para o teu descanso/ Também, por fora, para o
meu encanto.// Convida turistas a virem contigo/ Gozar um pouco do meu clima de
ouro/ Que Europa e América e nenhum outro Possui,/ O que só é possível, se com
a Natureza/Juntardes a mão e me derdes a beleza.// Sou Assomada,/ … Estou
nua!.../ Contudo, sou tua...”.
Falando
da sua cidade Assomada, diz o poeta: “Estou
nua/ contudo sou tua”. Sendo uma cidade tão bonita, no alto de um planalto,
embalada e cortejada, dia e noite, pelo Pico de Antónia, pelo Monte Birianda e
a Cordilheira da Serra Malagueta, com um clima doce e ameno que faz inveja
tanto na Europa como nas Américas, porque será que os seus próprios filhos te
deixam nua e abandonada, pergunta o poeta.
Um
patriota é também aquele que se interessa pela valorização do seu meio
ambiente, e o lar é o centro desse mesmo meio. Não faz sentido cuidar apenas do
seu interior e abandonar o exterior. Por isso, o poeta pede aos conterrâneos
que se esforcem um pouco mais com os acabamentos para que o encanto da sua
cidade seja maior. E se o fizerem, a Cidade de Assomada revestir-se-á de
encanto, atrairá mais turistas e o seu crescimento vai rimar com o seu
desenvolvimento, ficando mais reforçado o sentido da nossa cidadania e do nosso
patriotismo.
No poema “A Cidade de Assomada no Planalto de Mato
Engenho” (p. 206), reafirma os deveres e obrigações que os santacatarinenses deveriam assumir perante
aquela que é “Terra querida, santa e
saudável”.
Continuando
a exprimir a sua estranheza, o poeta, umas vezes exclama e outras vezes
interroga e se interroga, às vezes ainda ordena:
“Como serias forte se os teus grandes e formados
quadros,/Melhor de ti se lembrassem!”
Prosseguindo, reafirma:
“… um
filho educado, não se esquece de amar e servir os pais”.
Continuando:
“… Porque é que de ti se
esqueceram?!/ Onde estão os teus meninos?/ Onde estão os teus formados?/ Onde estão
os teus quadros?!/ Onde param teus rapazes e tuas moças, a quem tanto
apostaste?/ Com arquitetos e engenheiros, médicos, juízes e economistas,/ geógrafos
e administradores,/ sacerdotes, freiras e pastores,/ cientistas de todas as
cores/ E tu, gemendo sob o peso de várias dores…/Todos passam e te veem,/ Nada
fazem, nada dizem … ».
E prosseguindo:
“… Assomada, eu te
bendigo.// Apesar de nua e parda,/ És brilhante e atraente e, para muitos, até,
bendita… // Só falta aos teus cidadãos/ Virar melhor a atenção/ E deitar as
suas mãos à tua reconstrução,/ Repondo em ti, com gratidão,/ O fruto da
formação recebida, como resposta da educação …// Espero ver-te como as demais,/
uma cidade ornamentada e sobretudo, organizada,/ Ainda enquanto eu viver”.
No poema em análise, o pedido do poeta é quase uma ordem. Num primeiro momento, consta que Assomada seria forte se os seus filhos dela se lembrassem. Depois, com a autoridade de um ancião sábio, proclama que um filho bem-educado nunca deixa de amar e servir os seus pais. Mais à frente, pergunta pelo paradeiro dos muitos quadros de Santa Catarina e em diversos domínios do saber. Constata que apesar de ter contribuído para a formação de muita gente, todos passam por ela, sem a enxergar, sem dizer nem fazer nada.
Apesar
de toda essa ingratidão, canta Assomada, sua musa: “… eu te bendigo// apesar de nua e parda”. E em jeito de nota
final, exprime o seu maior desejo:
“…
Espero ver-te como as demais,/ uma cidade ornamentada e sobretudo, organizada,/
Ainda enquanto eu viver”.
Aqui ficam os sonhos e o desafio de um santacatarinense de fibra, de corpo e coração.
Estou
certo que a melhor recompensa que espera de todos os filhos e amigos de
Assomada e de Santa Catarina é que cada um, em conformidade com a sua
capacidade e força de intervenção, contribua para que esta parcela, que também
é Cabo Verde, ocupe no mapa do Arquipélago o seu verdadeiro lugar.
Mais
recompensado, ainda, ele ficará se os jovens e menos jovens souberem aproveitar
o seu magistério de fé e de amor, a sua pedagogia de humanismo e patriotismo.
E
se isso acontecer, terá motivos para dizer que a sua mensagem caiu em boa
terra, como aquela de santa Catarina, e que Deus, certamente, abençoará as
azáguas, as muitas azáguas da sua/nossa querida Cidade do Planalto, tanto as
azáguas da fé e amor, como aquelas de humanismo e patriotismo.
Abril de 2016