quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Cátedra Amílcar Cabral - Encontro


Caríssimos Drigentes, Docentes, Investigadores, Estudantes da Uni-CV
 

Confirmo que o encontro de amanhã será na sala 115 do Campus de Palmarejo, pelas 10H30 e terá a seguinte ordem do dia:
 

1.      Saudação aos presentes e apresentação do Conselho Directivo da Cátedra Amílcar Cabral (CAC-CV);

2.      Apresentação (resumida) do Regulamento da Cátedra Amílcar Cabral;

3.      Linhas de Investigação da CAC-CV e Processo de Admissão como membro;

4.      Vantagens em ser Membro da CAC-CV;

5.      Resumo das principais acções da CAC-CV em 2013;

6.      Espaço para pedido de informações ou para comentários.

 

A Cátedra Amílcar Cabral pode ser um espaço importante de investigação e de extensão do conhecimento, no verdadeiro sentido da palavra. Se pensa como nós, não deixe de participar na reunião de amanhã. A qualidade do ensino que almejamos passa, entre outras coisas, por um consistente e abrangente sistema de investigação e de socialização do conhecimento. E para haver investigação há que haver condições para tal. A Cátedra pretende contribuir para a criação dessas condições. Venha discutir connosco a melhor forma de criar essas condições. Não seja indiferente porque a sua participação conta, deve contar, tem que contar. O exemplo mais recente de sucesso partilhado e construído por todos é o dos Tubarões Azuis. Com a CAC-CV vamos, seguramente, semear o grão para colhermos a espiga do conhecimento. Que todos respondam “Yes, we can”.

 

Saudações académicas, Manuel Veiga, Director da CAC-CV.

sábado, 26 de janeiro de 2013

"Minha Passagem"


Testemunho de Paula Fortes “Minha Passagem”

Hoje, 26 de Janeiro, foi uma tarde diferente. Acabo de regressar da cerimónia de lançamento do testemunho de Paula Fortes. Foi simplesmente bonito. O salão da Biblioteca Nacional estava repleto de amigos e amigas da Paula que quiseram render homenagem à enfermeira batalhadora. Gostei dos vários depoimentos, particularmente o da D. Lilica Boal, companheira de tantas batalhas.
A Paula é, realmente, uma mulher FORTE. Eu fui testemunha de algumas das suas lutas no pós-Idependência, tanto no Parlamento como nas diversas outras actividades profissionais. Ela é, seguramente, um dos rostos de mulher caboverdiana que nos orgulham a todos. Parabéns à Fundação Amílcar Cabral que editou o livro, parabéns aos organizadores da cerimónia, particularmente ao Corsino Tolentino. Aos filhos, Marina e Paulo, a minha grande solidariedade e respeito pela prestimosa e prestigiada mãe que tiveram.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

METÁFORA DA JULINHA

Cabral e a Metáfora da Julinha

(no lançamento de obras escolhidas de A. Cabral pela Fundação A.C., 20.01.2013)

”... Do acto sexual celebrado entre o mar e a terra nasce uma nova vida, a qual terá um nome inconfundível de baptismo: INDEPENDÊNCIA, para uns; a tão esperada JULINHA, para outros.
Os baianos estavam radiantes. A chuva rara do mês de Julho lavou o sangue da esterilidade e fecundou a te.rra que passou a ser de liberdade e de fraternidade.
Porém, a tenra criança que acabara de nascer, para que cresça livremente, precisará sempre de vento brando e de chuva mansa. Esta, caindo esporadicamente em Julho, frequentemente em Agosto, abundantemente em Setembro, espaçadamente em Outubro, fará com que o ano agrícola seja ‘fadjadu’ e a colheita seja boa.
Mas, se a chuva setembrina costuma alagar, o mês de Outubro é malandro, preferindo, muitas vezes, morrer de sede ou então afogar os recém-nascidos.
A esperança dos baianos é imbatível. Esperaram cinco séculos para se verem livres dos alísios. Esperarão também o próximo e os subsequentes meses de Outubro para saberem se contam com o crescimento ou o estrangulamento da Julinha. Esta história continuará um dia a ser contada pelo Ali-Ben-Ténpu. De momento, contentemo-nos apenas com o nascimento da nova vida.
Não se trata de um milagre, mas depois de tantos abortos ou da impotência em gerar, Julinha podia não ter nascido. Mas nasceu. Então, a festa tem que ser rija e o baptismo não podia tardar.
Os baianos vestiram a sua menina com todo o primor: saia encarnada, blusa verde, pano amarelo em volta da cintura. No seu fio de ouro, à volta do pescoço, balançava uma estrela negra.
As cores das vestes da menina traziam a cumplicidade da sua história: o vermelho simbolizava a dor e o sangue derramado durante a sua gestação e parto; o verde representava a esperança, a certeza de que um dia havia de renascer; o amarelo do período de seca e da safra da colheita era a cor da sua terra, mas também a certeza de que não mais haveria a fome; a estrela negra dava-lhe o sentido de uma orientação de que ela não podia nunca se esquecer: as terras de baobá, uma das matrizes da sua história.
Vestida assim, com propriedade e elegância, a nossa menina apresentou-se para a cerimónia do baptismo acompanhada dos pais, padrinhos e convidados nacionais como estrangeiros.
De novo o clarim soou e os anjos cantaram: ‘Sol, suor, o verde e o mar. Séculos de dor e esperança. Esta é a nossa [querida Julinha]...”. No meio de toda essa euforia, os baianos lembraram-se de Abel, barbaramente assassinado; do Agostinho, cuja morte estimulou o parto da Julinha; de alguns alísios experimentando agora o sabor das grades da prisão.
Sem abandonar a festa, os baianos, recolhidos num canto, rezaram uma oração: Meu Deus!, perdoai os pecados dos nossos agressores e a maldade das suas hostes que, certamente desconheciam a lei da fraternidade e o direito à dignidade. Que o testamento de Agostinho seja lido e decorado em todas as escolas da ribeira e das Baías. Que o exemplo de Abel seja motivo de orgulho para com a nossa Luta e de respeito e admiração para com os intrépidos soldados. Que as vestes da Julinha e o cântico do seu baptismo sejam os símbolos maiores da nossa resistência e as marcas indeléveis da nossa História.
Profundamente recolhidos naqueles piedosos pensamentos, os baianos juraram acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da recém-baptizada, por um lado, sem ódio, sem vingança e sem revanchismo; por outro lado, com trabalho, com escola, com cultura, com diálogo e com cifrão. Assim, uma nova página da história seria escrita. A seu tempo, o Ali-Ben-Ténpu disso dará conta. Até lá, deixemos que o futuro se faça presente e que este encontre um lugar nas galerias da nossa história”
(Cf. VEIGA Manuel, 1997, Diário das Ilhas ,pp.236-237, Spleen Edições, Praia)
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

20 de Janeiro de 2013


Eis o extracto de algumas considerações que fiz, no do lançamento (reedição) de obras escolhidadas de Amnílcar Cabral, no quadro do Fórum organizado pela Funadação Amílcar Cabral (18, 19 e 20 de Janeiro de 2013):

Nesta breve Nota, quis dar o meu testemunho e a minha visão relativamente à forma como os caboverdianos apreenderam , viveram e vivem o legado de Amílcar Cabral e a história da Luta de Libertação Nacional. Constatei a existência de três fases bem distintas: os Anos de Fogo, caracterizados por um nacionalismo exacerbado, mas que deixou vários aspectos positivos no modo de ser e de existir, na toponímia, nos nomes de pessoas, como também em alguma criatividade artística de poetas, escritores, trovadores, escultores e batucadeiras. Os Anos de Brasa protagonizados por um resfriamento dos anos de fogo e, por consequência,  numa erosão do nacionalismo dos primeiros anos e uma certa desvalorização do legado de Cabral, traduzidas na mudança de símbolos nacionais e na tentativa de substituir Cabral por outras figuras históricas e, ainda, em alguns questionamentos e eliminação da  efígie de Cabral em notas e moedas caboverdianas, uma conquista dos anos de fogo. Finalmente, os Anos de Luz, hoje em construção e que, sem dúvida, na base de uma reflexão mais consistente, a partir de dados existentes, coligidos e tratados em espaços de memória e de investigação, como o Instituto do Arquivo Histórico Nacional, a Fundação Amílcar Cabral, a Universidade de Cabo Verde, entre outras instituições públicas e privadas, vão desembocar num melhor conhecimento, divulgação e assunção crítica da história da luta e do legado de Cabral.

O sinais dos Anos de Luz são já visíveis na iniciativa de criação da Fundação Amílcar Cabral, como espaço de memória; na criação do museu de documentos especiais no Instituto do Arquivo Histórico Nacional; na criação da Cátedra Amílcar Cabral pela Universidade Pública de Cabo Verde; na institucionalização da Conferência Anual Amílcar Cabral/Paulo Freire, na Universidade de Santiago; na imortalização de Amílcar Cabral na Academia de Letras (em processo de criação); em várias iniciativas pedagógicas e cultuais que se encontram em fase de incubação nos Ministérios com vocação de ensino e de promoção da história e da cultura.

Se, no dizer do poeta,  Cabral representa a consciência, a bandeira e a liberdade do nosso povo, há que reconhecer que o seu legado empoderou e vem empoderando a nossa consciência. Há que reconhecer ainda que pela luta, trabalho, resistência e tenacidade do nosso povo,  hoje temos o orgulho de ter um hino e uma bandeira. Porém, para Cabral não chega ter hino e bandeira. Há que fazer da cultura e do conhecimento os motores do nosso desenvolvimento. Mas isto não chega. Há que ter mais liberdade de expressão, mais liberdade económica, mais liberdade cultural, religiosa e sindical. Há que edificar uma sociedade com menos violência, com mais qualidade ambiental e com mais inclusão social. Tudo isto, felizmente, está em processo. Há que fazer o devido upgrading, temos que sonhar mais e ser mais audaciosos.

Estas são alguns aspectos do legado de Cabral que nesses Anos de Luz somos  convocados a realizar. Que cada um (poderes públicos, instituições privadas e cidadania) faça a sua parte e coloque a sua pedra na pirâmide em construção, para que continue a haver mais consciência,  para que o nosso hino e a nossa bandeira continuem sendo símbolos maiores da Nação, para  que a LIBERDADE, nas suas diversas dimensões, configure o DNA e a matriz de vida de todos os caboverdianos. E que a metáfora da Julinha e o Testamento de Agostinho não sejam letras mortas, nem sacrifícios inúteis, como aliás não têm sido e nem estão sendo. Temos de reforçar a “corrente”, de diversificar as antenas, de estabelecer novas redes e de optimizar os procedimentos e resultados. Eis os desafios para os Anos de Luz que estamos inaugurando, sobre o legado de Amílcar Cabral e a gesta gloriosa do nosso Povo. Auguramos que a obra que se acaba de dar à estampa traga mais empoderamento e mais luzes, nestes anos de luz sobre a nossa história. Manuel Veiga

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Konstituison na Língua di Téra – St (47)


 
Artigu 36º

(“Habeas corpus”)

  1. Kualker pesoa ditidu ô prézu ilegalmenti pode pidi (rakere) habeas corpus na tribunal konpitenti.
  2. Kualker sidadon na gozu di si direitus pulítiku pode pidi habeas corpus, en favor pesoa ditidu ô prézu ilegalmenti.
  3. Tribunal debe disidi sobri pididu di habeas corpus na prazu másimu di sinku dias.
  4. Lei ta regula prosésu di habeas corpus, y e ta konfiri-l seleridadi y másimu prioridadi.