quinta-feira, 1 de agosto de 2019


CRIOULO PATRIMÓNIO – Prosta de uma possível AGENDA

 Antes de mais é de se louvar a iniciativa que o Governo acaba de tomar, reconhecendo o CRIOULO CABOVERDIANO como Património Nacional. Mesmo sabendo que  já gozava desse estatuto  antes de o diploma governamental que o consagra como tal, o referido reconhecimento é, seguramente, uma mais-valia.

Impõe-se agora um conjunto de medidadas para que o diploma não fique letra morta. Na minha modesta opinião, a definição e materialização de uma AGENDA para CRIOULO-PATRIMÓNIO seria de todo desejável. A mesma, abarcaria três frentes: Cultura, Educação, Cidadania.

Na frente cultural, o protagonismo seria do Ministério da Cultura em estreita colaboração com as Câmaras Municipais. Há que apoiar a investigação (de todas as variantes), incentivar o seu uso em toda as expressões artísticas, incentivar a criatividade em todas as variantes, apoiar a tradução para crioulo de obras significativas. Aliás, o Ministro Abrão Vicente vançou já importantes medidas a serem implementadas, pelo Órgão que dirige, no encontro havido, na ocasião, com a comunicação social.

No Campo da Educação, o protagonismo seria do Mistério da Educação. Conviria que o ensino do crioulo passasse a ser um campo de atuação desse Ministério. Há que começar com a criação de um Gabinete de Estudos par equacionar o problema, ver o que é necessária fazer, o que é possível fazer-se a curto, medio e longo prazos. A curto prazo, é urgente a formação de professores para os diversos níveis. Acredito que para os níveis básico e secundário, qualquer professor de línguas que fala o crioulo, com um estágio de três meses ficaria apto para a docência. A elaboração de material didático é outra prioridade. Para tal e por pragmatismo, deve-se tomar por base duas das variedades inter-regionais (a de Santigo e a de S. Vicente, que são usadas, compreendidas e aceites em mais do que uma ilha). A base tomada deve ser enriquecidada com tudo o que é pertinente e representaivo das outras variantes. Em cada ilha deve-se começar com o ensino piloto em duas ou três estabelecimentos. O magistério oral começa com a variante local e, logo depois, há que estabelecer a ponte com a ou as variedades inter-regionais. Este procedimento será um chão fértil para a germinação da padronização que será sempre um processo, uma caminhada, e nunca um projeto acabado.

A Cidadania Ativa, pelo seu lado, terá um papel de extrema importância na materialização da Agenda pretendida. O Crioulo, como elemento mais representativo da nossa identidade, aquele que está em convívio matrimonial com todas as outras formas de expressão e de comunicação do nosso povo, deve contar com o designio nacional para a sua afirmação e valorização. Por isso, cada cidadão, de acordo com as suas reais possibilidades, deve investir no crioulo-património, falando, escrevendo, estudando, investigando, promovendo a criatividade, nas mais diversas formas do saber, do conhecimento e de expressão artístico-cultural. Dessa cidadania ativa, seguramente, acontecerá a tão desejada padronização.