quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Dealbar de uma Nova Era na Política


Cabo Verde no Dealbar de uma Nova Era na Política

Caíram as cortinas das eleições autárquicas, em Santa Catarina. Os resultados não são os esperados para nenhum dos protagonistas do pleito. Todos esperavam ganhar sozinhos, mas o povo ditou uma vitória repartida, um exercício do poder baseado no diálogo, na tolerância e na diversidade.
Uma vez mais, Santa Catarina dá o exemplo do exercício do poder em democracia. É possível que Cabo Verde e o mundo democrático venham a reconhecer esse exemplo de tolerância ditado pelo eleitorado de Santa Catarina.
Cabral, um filho de Santa Catarina, ensinou-nos que o institucional deve estar à frente do pessoal, que o colectivo deve prevalecer ao individual.
Ora, a gestão da coisa pública, com ética e com espírito democrático, não pode ser um exercício com uma visão redutora, exclusivista, partidária, clubista, nepotista, individualista. Na democracia, a gestão pública deve ser um exercício ético na pluralidade, na tolerância, na complementaridade, na aceitação crítica da diversidade e da diferença.
Os autores políticos, em Santa Catarina, têm a grande responsabilidade de dar corpo e alma ao mandato que acabam de receber do eleitorado, com as características de uma democracia de tolerância, de partilha, de ética, de patriotismo e de responsabilidade.
Fica feio, para não dizer vergonhoso, tentar contrariar o veredicto soberano do povo de Santa Catarina. Nenhum tipo de manobra, de violência, de demagogia, de manifestações ou de qualquer outra pressão conseguem anular esse veredicto.
Os outros autores políticos do arquipélago deveriam, eles também, aprender a lição de Santa Catarina.
Cabo Verde nasceu e se projecta na tolerância: de sangue, de vivência, de cultura e de território. É essa tolerância que moldou e molda, que  enformou e enforma, a nossa crioulidade, no território nacional e na nação global. A política não pode ser uma excepção. O eleitorado de Santa Catarina já determinou: há que haver tolerância na política, da mesma forma que houve, há e haverá sempre tolerância na nossa crioulidade.
Fica o aviso. Que ninguém, que nenhum partido venha depois dizer que não foi avisado.
Como filho de Santa Catarina, quero dizer obrigado ao meu povo por essa lição visionária de democracia e de crioulidade na política.
Manuel Veiga, Julho de 2012.