Cabo
Verde no Dealbar de uma Nova Era na Política
Caíram as cortinas das
eleições autárquicas, em Santa Catarina. Os resultados não são os esperados
para nenhum dos protagonistas do pleito. Todos esperavam ganhar sozinhos, mas o
povo ditou uma vitória repartida, um exercício do poder baseado no diálogo, na
tolerância e na diversidade.
Uma vez mais, Santa Catarina
dá o exemplo do exercício do poder em democracia. É possível que Cabo Verde e o
mundo democrático venham a reconhecer esse exemplo de tolerância ditado pelo
eleitorado de Santa Catarina.
Cabral, um filho de Santa Catarina,
ensinou-nos que o institucional deve estar à frente do pessoal, que o colectivo
deve prevalecer ao individual.
Ora, a gestão da coisa pública,
com ética e com espírito democrático, não pode ser um exercício com uma visão
redutora, exclusivista, partidária, clubista, nepotista, individualista. Na
democracia, a gestão pública deve ser um exercício ético na pluralidade, na
tolerância, na complementaridade, na aceitação crítica da diversidade e da
diferença.
Os autores políticos, em Santa
Catarina, têm a grande responsabilidade de dar corpo e alma ao mandato que
acabam de receber do eleitorado, com as características de uma democracia de
tolerância, de partilha, de ética, de patriotismo e de responsabilidade.
Fica feio, para não dizer
vergonhoso, tentar contrariar o veredicto soberano do povo de Santa Catarina. Nenhum
tipo de manobra, de violência, de demagogia, de manifestações ou de qualquer
outra pressão conseguem anular esse veredicto.
Os outros autores políticos do
arquipélago deveriam, eles também, aprender a lição de Santa Catarina.
Cabo Verde nasceu e se
projecta na tolerância: de sangue, de vivência, de cultura e de território. É
essa tolerância que moldou e molda, que enformou
e enforma, a nossa crioulidade, no território nacional e na nação global. A política
não pode ser uma excepção. O eleitorado de Santa Catarina já determinou: há que
haver tolerância na política, da mesma forma que houve, há e haverá sempre
tolerância na nossa crioulidade.
Fica o aviso. Que ninguém, que
nenhum partido venha depois dizer que não foi avisado.
Como filho de Santa Catarina,
quero dizer obrigado ao meu povo por essa lição visionária de democracia e de crioulidade
na política.
Manuel Veiga, Julho de 2012.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAguém perguntou-me, via email, para quem era o aviso que eu estava a dar? É para o candidato que, face ao veredicto dos santacatarinenses, estranhamente, em nome da democracia, disse que vai convocar o povo (imagine, de Santiago!) para uma grande manifestação na Praia contra o veredicto do eleitorado de Santa Catarina que, democraticamente, determinou que a Câmara fica com o MpD e a Assembleia Municipal com o PAICV.
ResponderEliminarParece até que é uma manfestação de "txokóta" que se pretende fazer.
O meu aviso ainda é para todos os que não querem entender que a democracia é um exercício de diálogo, de pluralidade, de tolerância, de ética e de responsabilidade.