quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

 

O CHÃO ONDE NASCEU O CRIOULO DE CABO VERDE
A César o que é de César…

 

 

A história faz-se com factos e não com impressões, sejam elas nossas ou alheias. Num texto datado de Janeiro de 2016, publicado num blogue da Academia de Ciências Políticas para a Guiné-Bissau, e veiculado no facebook, em Janeiro de 2018, o senhor Livonildo Francisco MENDES afirma:

“…todos os dados indicam que foram os escravos guineenses que deram origem à actual população de Cabo Verde e, por consequência, ao crioulo que hoje é uma das línguas oficiais do arquipélago…”.

Mais: no mesmo texto reafirma que:

“… na Guiné-Bissau a língua crioula resulta de contactos políticos e comerciais entre os portugueses e os povos do Golfo da Guiné (principalmente os Mandingas e os Fulas) desde a época do Grande-Império Mali, no século XIII”.

É ainda estranha a firmação segundo a qual a

“…língua crioula é a que serve de veículo comum entre falantes de dialetos diferentes”.

Digo que esta afirmação é estranha porque o crioulo só começou a ser língua franca na Giné-Bissau a partir de 1963, com o início da Luta Armada para a Indpendência,  conduzida pelo PAIGC.

Seria desjável que algum historiador caboverdiano e/ou guineense, com base em factos, venha repor a verdade histórica da formação dos crioulos falados em Cabo Verde e na Guiné-Bissau.

Eu, como caboverdiano, formado em linguística, com algum conhecimento sobre a história do meu povo, senti-me desafiado a dizer o que penso, escudado em argumentos do historiador António Carreira e em informações de linguistas como Baltasar Lopes, Marlyse Baptista, Robert Chaudenson, Jürgen Lang, Jean-Louis Rougé, Nicolas Quint.

Desconheço qualquer fonte histórica que defende a formação do crioulo falado na Guiné-Bissau já desde o século XIII.

Segundo Carreira (1982:15), o descobridor Nuno Tristão terá chegado a Guiné-Bissau em 1446. Porém, face à insegurança e à hostilidade dos régulos, as feitorias funcionavam a bordo de barcos e somente a partir do século XVII surgem as primeiras feitorias de Ziguinchor, Farim, Geba, Fá e Bissau (cf. p. 18).

Ora, se a descoberta da Guiné-Bissau data de 1446, se as feitorias, em terra firme, datam da segunda metade do século XVII, se o crioulo resulta do encontro entre o português e as línguas étnicas da Costa Ocidental africana, como será possível a sua formação já desde o século XIII, como afirma o senhor Mendes?

Acontece que no século XVII, altura da fixação de feitorias portuguesas na Guiné-Bissau, o protocrioulo de Cabo Verde já contava com cerca de um século de existência. E isto se tivermos em conta que, segundo o historiador António Carreira (1982: 53),

“… a menos de cem anos do achamento existiam em Santiago escravos da estirpe Jalofa que se entendiam (necessariamente por um pidgin ou um protocrioulo) com os europeus, e que eram utilizados como intérpretes junto dos povos do continente”.

Ora, se a descoberta de Cabo Verde aconteceu em 1460, isto significa que em 1560 já existia, em Cabo Verde um protocrioulo. Estamos ainda longe do século XVII, altura do estabelecimento de feitorias na Guiné-Bissau, em terra firme. Isto significa que, historicamente falando, o crioulo de Cabo Verde antecede o da Guiné-Bissau, em pelo menos um século.

Assim sendo, a nosso ver, resulta insustentável a afirmação do senhor Mendes, segundo a qual seriam os escravos guineenses que deram origem ao povo e ao crioulo de Cabo Verde.

Aliás, é o próprio Carreira (1982:33) que categoricamente afirma:

“…o crioulo de Cabo Verde começou a ser usado, timidamente, nos ‘rios’ pelos Lançados ou Tangomaos oriundos das ilhas de Cabo Verde no período da formação das Praças e Presídios”.

 

Ora, que, como vimos atrás, essas Praças e Presídios, datam da segunda metade do século XVII, na Guiné-Bissau.

Mais à frente, citando Baltasar Lopes, Carreira (1982:33) afirma:

“Suponho que o crioulo falado na Guiné é, não o contacto do indígena com o português, mas sim o crioulo caboverdiano de Sotavento levado pelos colonos idos do arquipélago…”.

De acordo com o senhor Mendes, o crioulo terá provindo, principalmente do contacto com os Mandingas e os Fulas. Ora, acontece que, enquanto o linguista francês Jean-Louis Rougé (2006) destaca a origem mandiga do crioulo, o linguista alemão Jürgen Lang (2006, 2009) apresenta vários aspetos morfológicos, sintáticos e semânticos que provam a grande influência, também, do wolof no crioulo de Cabo Verde.

 

Segundo o linguista francês Robert Chaudenson (1992:37), especialista do crioulo da Reunião, a origem dos crioulos atlânticos e do Oceano Índico, tem por base três unidades: a do tempo, a do espaço e a da ação.

Relativamente ao tempo, são línguas muito recentes (séculos 15, 16 e 17 para o de Cabo Verde. Século 17 para os das Antilhas e os do Oceano Índico). São línguas ainda formadas em pouco tempo.

Face à necessidade de comunicação, num contexto em que não havia grupos étnicos, mas sim indivíduos provenientes dos mais variados grupos, o que dificultava a comunicação, na ausência de uma língua franca, o instinto humano e a capacidade inata da linguagem, em muito pouco tempo, forjaram um meio de comunicação, com a gramática das respetivas línguas étnicas e o léxico do português.

Lá onde havia grupos étnicos, com as respetivas línguas, como na Guiné-Bissau, por exemplo, o surgimento de um crioulo, necessariamente, levaria muito mais tempo que no caso de Cabo Verde onde havia indivíduos e não grupos étnicos, propriamente dito. Os indivíduos pertencentes a etnias diferentes não se entendiam, particularmente os seus descendentes crioulos que não falavam nem o português, nem as línguas étnicas. A invenção do crioulo foi verdadeiramente uma necessidade.

Quanto à unidade do espaço, a quase totalidade dos crioulos se formou nas ilhas, precisamente devido à ausência, nas mesmas, de grupos étnicos organizados, cultural e linguisticamente.

Quanto à unidade de ação, surgiram em contexto de dominação (escravatura e colonização), onde o dominador e os dominados não se entendiam, por possuírem códigos linguísticos diferentes. Ora, a necessidade urgente e premente de comunicação exigiu a formação de um novo código linguístico a partir da língua do dominador e das dos dominados. Nessas circunstâncias (caracterizadas por uma situação limite de comunicação) costuma, em pouco tempo, nascer uma língua miscigenada, resultante do encontro do léxico da língua do dominador com a gramática das línguas das classes dominadas. O produto dessa recriação por parte sobretudo dos mestiços, descendentes da escrava negra e do dominador branco, e que desconheciam a língua tanto do pai como da mãe, se convencionou chamar “crioulo”, um código simples, de início, e que, a pouco e pouco, se complexifica e se autonomiza.

Acontece que a Guiné-Bissau se situa no continente; as etnias se comunicavam nas respetivas línguas; tudo indica que não poderiam sentir-se em situações limites de comunicação, exigindo a formação de uma nova língua. A comunicação com o comerciante branco que vinha e repartia para o negócio, em barcos-feitoria (pelo menos até ao século XVII), de início, se processava a partir dos “chalonas” (intérpretes) trazidos de Cabo Verde (Carreira,1982:30).

Pode-se perguntar por que será que os escravos guineenses, em vez da imposição das suas línguas étnicas maternas, preferiram impor o seu crioulo, em Cabo Verde? Por que será ainda que, em outras paragens, na América Latina e nas Caraíbas, para onde foram levados, não impuseram o seu crioulo. Por que será que o crioulo se formou em S. Tomé e Príncipe, que são ilhas, e não em Angola e Moçambique onde a situação social e linguística era parecida com a da Guiné-Bissau? Naturalmente, a nível continental havia as línguas étnicas e a dificuldade de comunicação era sobretudo com colono

branco e não entre os detentores das respetivas línguas étnicas. Provavelmente, uma de entre essas línguas étnicas podia servir de língua franca, afastando assim as condições propícias para formação de um crioulo, como foi o caso de Cabo Verde.

Por tudo isto, a nosso ver, a tese que cloca a formação do crioulo caboverdiano fora de Cabo Verde carece de sustentabilidade. Por isso, não a sufragamos. Não obstante, nós os caboverdianos somos eternamente gratos a todas as etnias, principalmente a mandinga e a wolof pelas marcas que deixaram na nossa crioulidade, seja a linguística seja a antropológica.

A terminar, reafirmamos que o crioulo de Cabo Verde se formou e se consolidou em Cabo Verde, no horizonte temporal que abrange os séculos XV (início), XVI, XVII, XVIII (consolidação). A partir de aí entrou na fase de autonomização que ainda perdura. Devemos acrescentar ainda que na formação do crioulo há duas matrizes, a africana e a lusitana, como aliás ficou demonstrado no nosso livro Formação do Crioulo – Matrizes Originárias, 2019, Acácia Editora.

 

 

 

Bibliografia Específica sobre a origem do CCV

 

BAPTISTA Marlyse, 2006. "When Substrates meet superstrate: the case of Capeverdean Creole", In Cabo Verde – Origens da sua Sociedade e do seu Crioulo. Alemanha, Gunter Narr Verlag Tübingen.

CHAUDENSON Robert1992. Des Îles, des Hommes, des Langues. Paris, l’Harmattan.

CARREIRA António, 1982. O Crioulo de Cabo Verde – Surto e Expansão. Mem Martins, Portugal. Gráfica EUROPA Lda.

 

Manuel Veiga

Cf. O Caboverdiano em 45 Lições, Acácia Editora, 2021, p, 43-47

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

 

NA NÉPU-NÉPU DI 2023

ORASON DI UN SUNHADOR

 

Orason pa nha Téra, pa nha Povu, pa Áfrika y pa Mundu:

 

N kre odja Kabuverdi ta dizenvolve y ta bai pa dianti

Ku Liberdadi, suguransa alimentar y sanitáriu

Ku abitason kondignu y pusibilidadi di studa

Ku lus, agu y trankuilidadi na rua, na lar y na trabadju

Ku  povu ta ratunba Inu di Liberdadi y di Justisa

Ku Demokrasia y Stadu di Direitu Demokrátiku

«Déntu d´agu ta da rabénta, déntu sol ka ta murutxa».

 

N kre odja Áfrika, nha bérsu, nha Kontinenti:

Sen korupson, nen splorason; sen géra, nen violénsia

Ku unidadi y armonia na tudu sidadi, txada ku rubera

Ku konhisimentu di si stória y orgulhu di si  kultura

Ku sonhu di António Nunes ta realiza y ta fortifika:

«Ku barudju di mákinas ta trabadja/ Ku agu ta kóre na labada y na rubera

 

Ku plantas ta frutxi-frutxi di txon/ Ku bois na trapitxi ta pila kana…»

 

Ku pulítikas nóbri ta reina pa tudu kau, ta jermina Vida pa tudu banda !..».

 

 

N kre odja Mundu interu, unidu y solidáriu, na fé, pás y  armonia.

 

Dizénbru di 2022

Manuel Veiga

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

NATAL 2022



 



NATAL REMEDIADU

ANU NOBU ABESUADU

 

Sábi ku kasábi «brutxidu» karapatidu na kunpanheru.

N sta sábi y gardisidu di: vive na nha Téra, «garotxadu», brasadu na nha língua,  na nha kultura, na tradison di nha Gentis Grandi, na pás y stabilidadi, simentera y kodjéta di nha povu, ku spritu abértu pa tudu konkista di umanidadi.
N sta kasábi ku klima di violénsia y kriminalidadi ki, na alguns pontu di nha Téra, dja toma txada pa pónta.
N sta kasábi ku tudu kenha ki ten difikuldadi di atxa un pon pa susténtu, un kaza pa mora, un skóla pa studa, un sirbisu di saúdi pa kuid di kabésa..

N sta kasábi, inda, ku atitudi béliku di alguns país, na mundu; ku pulítika di poluison ô di distruison di naturéza; ku tráfiku di dróga y di algen; ku korupson ikonómiku, étiku y moral; ku injustisa na propi justisa; ku stremismus di tudu kasta, na nómi di pulítika ô di krénsas ratrógadu.

N sta speransadu ma 2023 ta ser un anu ku más diálogu; ku más pás, ku más justisa sosial; ku más saúdi, ku más pon, ku más lar ku dignidadi y armonia; más ruspetu pa tudu algen, na kanpu y na sidadi.

Si kel-li kontise, nu ta ten un 2023 NHAKU, BODÓNA Y FADJADU.

 

Pa tudu nhos, BOAS-FÉSTA y un 2023 ku PÁS, ku ARMONIA y PRUGRÉSU, na tudu TXADA, na tudu RUBERA, na tudu RINKON, na tudu béku ku beléku, na tudu SIDADI di mundu interu.

MI É DODU NA NHOS, TUDU FÉPU! PAMODI? NHOS TUDU É NHA ARMUN: di sangi ô di kultura; di étika ô di kondison umanu; di «skatolojia» na Téra y na ladu di la.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 


NATAL KRIOLU

ANU NOBU MESTISU

 

Futuru di Umanidadi é mestisu

Natal di manhan, tanbe, é kriolu

Só ku névi di Nórti, el é friu «pa xuxú»

Só ku sol di Sul, el é kenti «pa frónta»

Midjór Natal é Nórti ku Sul, un n´otu, «gerotxadu»

 

Na Natal 2022 y Nobu Anu 2023

Kabuverdi sa-ta luta, manenti-manenti

Mundu sa-ta sufri, dia ku noti, unbês-bai

Ténpu di mudansa bira un azágua ku pok´ agu

Óra klarin, na orizonti, sta ku medu manifesta

 

Nton, dja txiga óra di fla dja txiga …

Dja txiga óra di odja Kabuverdi bistidu di Verdi

Dja txiga óra di odja mundu más Fratérnu/Solidáriu

Dja txiga óra di nos tudu ser aurmun, di verdadi

Kel-li é NHA VÓTU 2023, pa Mundu, pa nha Povu

 

Un Vótu di Speransa, ka di Dizuspéru

Sima kel di nos puéta, Anónio Nunes,

«… Ku barudju di mákinas ta trabadja

Ku agu ta kóre na labada y na rubera

Ku plantas ta frutxi-frutxi di txon

Ku bois na trapitxi ta pila kana

Ku txeru di mel, pónda-pónda y kenti

Ta alimenta sonhus y ta ranoba planus

Ku speransa fórti ta gorgolêtia na béntu

Ku sonhus nóbri ta fortifika spritu, ta jermina Vida !..».

 

Manuel Veiga

Dizénbru di 2022

domingo, 20 de novembro de 2022

 MODI TA FLADU NA NHA RUBERA

(MFR - 2)
Na un post di un amigu di Simináriu ..., N atxa un spreson ki dja dura N ka uza: “ma ndis”.
N pensa, N fla: es spreson-li ka sta na nha disionáriu, N ten ki rejista-l. N bai konfiri, y N atxa rejistadu : “ma ndis ta fladu”. N fika kontenti pamodi N odja ma nha disionáriu ten más memória ki mi. Pa Ken ki ka sabe, «ma» di “ma ndís” é konjunson subordinadu konparativu ki ta signifika “sima”. Spreson “ma ndís ta fladu”é sinónimu di “sima ta fladu” (como se diz).
“Num post de facebook de um amigo do Seminário, encontrei uma expressão que há muito não usei: ma ndis.
Pensei, disse para mim mesmo: esta expressão não está no meu dicionário, tenho que registá-la. Fui conferir e encontrei registado: «ma ndis ta fladu». Fiquei contente porque vi que o meu dicionário tem mais memória do que eu. Para quem não saiba, «ma ndis ta fladu» tem, aproximadamente, o mesmo sentido que «sima ta fladu”.
In Formação do Crioulo - Matrizes Originárias, p. 398-399
Manuel Veiga

 

3 d 
Conteúdo partilhado com: Público
Público
KONKISTA DI MININU FÉMIA, NA NHA RUBERA,
NA TÉNPU NHA MININÉNSIA / MOSINDADI
ÓKI RAPASINHU XINTI BRIU DI NOBU DÉNTU DI EL,
TA KEMA SIMA LUMI DI LENHA GOIABERA,
Y EL TAPA KU AMOR DI SI BIDA,
KRINTXA Y BIRSI, "DÉNTU D´AGU TA DA RABÉNTA,
DÉNTU SOL KA TA MURUTXA, "
SI DIKLARASON TA BIRA UN KONPROMISU :
Minina! nha para paradu, nha pazigua paziguadu, nha da-m lisénsa pa N fla-nha dos kusa ki N tene ngasgadu déntu-l mi.
Nha obi li: si kre é ama kenha nu kre txeu, mi nha kre ka ten gostu ki ta iguala-l y e ta bira disgostu, si oxi mê nha ka fla-m sin klaru, aian sértu y diklaradu pa tudu ténpu.
Nha ta da-m perdon, si N sa ta abuza di konfiansa, si N sa ta sai fóra-l mô, si N sa ta abuza di pasiénsia di nha ku es diklarason xintidu, miditadu, disididu pa tudu ténpu.
Kaminhu di skóla é di ruspetu, nha mai kustuma ta fla-m. Pur isu mê, tanbe, N ta ruspeta-nha y é ku tudu ruspetu ki N ben fla-nha
ma... ma nos é sima ki nu nase pa kunpanheru y, si nu dispreza nos distinu, frónta pode panha-nu.
Ka nha fadiga, nin ka nha fika boregadu! Nada ka nada. Sabe k’é tudu. Si nha sabe modi ki N gosta di nha, modi ki nha kurason da ku di-nha, na purmeru óra ki N konxe-nha, nha ka ta nega, nha ka ta fla-m ma nau.
Tirmodi, vida kel-li, é un instanti murgudjadu na un prosésu. Pa dianti ô pa tras. Tudu sértu. Mas si nu ten posibilidadi di skodje, di disidi...
- Mas skodje kusé?! Disidi kusé?!
- Ka nha fadiga. Es konbérsu ki nu sta n’el é mutu sériu pa nu prisipita lógu. Si nu kóre, nu pode kansa na kaminhu, nu pode perde kaminhu, nu pode ka korda di sonu. Kusa ki N kre pa nu skodje, pa nu disidi djuntu, é nos própi distinu, nos própi futuru. Nha fla-m so si ka ten inpidimentu, si nha ka sta nbarasadu!
NB: Ten otus verson
In romansi Odju d´Agu, 2019, p. 143

 FÓRTI DJA N KRE-BU TXEU, MININU FÉMIA!

Mi ku bo, Deus nase-nu pa kunpanheru.
Kantu N odja-bu sai la, kurason da-m pan, N abri déntu mi.
E txomaba Linda-Flor ... Éra la di lén di la. E tinha tudu nóta di mudjer bunita: odju grós, bóka moku, kabélu bazadu, mama finkadu, narís sakédu, koxa rodóndu, pólpa pintxadu. Tudu mininu matxu ki odja pa el xinti sangi ta ferbe na korpu.
Linda, séria sima el éra, e ka ta pasaba es karton. Un dia, gó, un prétu-berdi pega-l na sulada y fla-l ma, timenti e ka da-l un sinal, e ka ta larga-l. Linda-Flor grita, mundu djunta, prétu-berdi subi, kanba kutélu, antis di e fumadu pédra. Na rubera di Linda-Flor, tudu boi ka ta bonbiaba nin tudu galu ka ta kantá.
Oxi, gó, é nha bes, distinu tra-m pa bo: «para paradu sima rulójiu, rodonda rodóndu sima boton, da pas baka.
Linda-Flor tinha ki papiaba purmeru ku si grandis. Pur isu, pa da-l algun speransa, el rinka un fiu di si kabélu, e fitxa-l déntu-l mon.
Na bóita d'anu, fésta djondju, sen ténpu-l kaba, sen modi-l kaba.

Manuel Veiga, Nov/2022

 MODI TA FLADU NA NHA RUBERA

MFR 4,5,6
(RATÓLKU, MARÓTA, MAROTU, KÓRE LUGAR, KÓRE PAPEL, KURKUTI, KONXE BAI, LATILATI)
Ratólku (St). Fiter, ke txeu salamaléke (Barl.). Que tem mania; que está com exagerada exigência (Pt.)
Maróta (St.). Pregisóza (Barl.). Preguiçosa (Pt.).
Marotu (St.). Astute (Barl.). Astuto (Pt.)
Kóre lugar (St). Semiá ondê ke semente ka naxsê ô dezaparesê (Barl.). Semear de novo (Pt.).
Kóre papel pa kazamentu (St.). Trá dokumente (Barl.). Tirar documentos (Pt.).
Kurkuti (St.). Fazê rióla (Barl.). Fazer intrigas (Pt.).
E konxe bai. El bai txeu ves (Foi muitas vezes).
E tene Kurason ta latilati. Dá-l un bake na kurasãu. (Está com o coração a latejar, a palpitar).
Observason: “Latilati” ka sta nha disionáriu. Ken ki lenbra-m di el foi un nha amiga . Na Barlavéntu ten spreson “dá un bake na kurasãu”, mas N ka sabe si e ta traduzi dretu “latilati” ki tanbe pode, na algun kontestu signifika “péki-péki”
In Formação do Crioulo – Mattrizes Originárias, p. 399

Manuel Veiga, Nov/2022

 

AZÁGUA DI KRIOLU

ALGUNS VARIANTI LIVRI NA KRIOLU

 

1.     el/e: el kume/e kume;

2.     bu/u: N da-bu/ N da-u;

3.     minina/ mininu fémia;

4.     di/l/zéru: kasa di padja, kasa-l padja, kasa padja;

petu di ponba, petu-l ponba, petu ponba.

 

Observason: relasionadu ku pont 4, konetor «di» pode transforma na «-l» ô na «zeru» óki palvra ki ta antisede-l ta tirmina pa vogal «a,u,i»; y palavra siginti  ta komesa pa konsoanti. Si palavra siginti komesa pa vogal, konetor «di» ta reaparese.

 

Izénplu:

kasa-l padja, kasa di algen; petu-l ponba, petu di anju;ponti féru, ponti di féru.

 

Nu meste fla inda ma, si palavra ki ta antisede konetor «di» tirmina pa un konsoanti, es mésmu konetor ka ta pode transforma nen na «-l», nen na zéru.

Izénplu:

         Ilhas di Kabuverdi, orason di pekador, professor di nha fidju.

 

Pa tirmina, nu kre fla ma ten un intilijénsia na nos língua. É nisisáriu ki nu diskubri es intilijénsia.

 

20 di Novénbru di 2022

Manuel Veiga

terça-feira, 1 de novembro de 2022

 

1 DI NOVÉNBRU

Dia di Selebra Fésta di Midju Berdi

 

Si oji, midju ten, na sekeru amás na pabuladu, é pamodi:

 

Txuba ben y labrador símia

Sementi nase y djuntamon kontise

Óra di mónda ku ramónda txiga y gran bira spiga

Família reúni, sabura midju berdi djondjo.

 

Obrigadu labrador di nha Téra!

Artista kanta, fla : “N ten fé ma agu ta volta pa labada”

Es anu, gó, agu kapri di séu, futi na labada ti baránjen intxi, borota.

 

Ku gentis di Fóra y di Sidadi tudu kontenti

Ku spiga di midju kenti y pititós

Nu ta fla obrigadu Nhordés/y mãi Naturéza ki traze-nu es kontentéza.

Nu ta spera y nu ta sunha ku más txuba, na vólta di anu

Pa tradison di nos Téra ka móre, na na kentura y sabura, sen igual

Ku nos gentis ta “tora pé” trokoladu y rapikadu

Ku spiga di midju berdi ferbedu y asadu, na pónta-l mésa

Na tudu lar, txada ku rubera, di nos Téra

Na tudu Fóra ku Sidadi, na tudu béku ku beléku

Na tudu palku ku tereru, di Sul kanba Nórti.

 

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

 


ARTI DI FINTA DISTINU

 

Na Kabuverdi, kuazi tudu é dizafiu. Si nu ka prende arti di finta distinu, en ves di nu vive, nu ta rigridi.

Kuandu na 1980, Dra. Luisa Ribeira konvida-m pa ministra aula di Kriolu, na Kursu di Formason di Profesoris di Ensinu Sekundáriu, kondisons ka staba reunidu, mas N seta dizafiu y N konsigi finta distinu. Na altura N tinha apénas un lisentiatura  di Linguístika Jeral Aplikadu y speriénsi di ensinu di fransês na Siklu Preparatóriu.

Ka tinha material didátiku, mas mi ku nhas alunu, nu fabrika material didátiku a-partir di rakódja y análi di tradison oral, di letras di múzika y di alguns testu na kriolu, di nos skritoris.

Na Institutu Supirior di Edukason, undi N foi profesor di kriolu, y na Uni-CV undi N foi kordenador di Mestradu di Kriolístika y Língua Kabuverdianu, situason di falta di material didátiku kontinua, mas ku arti di finta distinu, razultadus foi sénpri puzitivu.

Si mi N finta distinu y oji ta rakonhisidu ma N ten un ativu di spiriénsia na kanpu di ensinu, di diféza y di valorizason di língua kabuverdianu,  é pamodi N prende finta distinu. N prende ser professor-investigador ki sabe partilha y sabe prende ku nhas própi alunus.

N ta kridita ma profesoris ki na 10º  Anu di Skolaridadi ta bai ensinu kriolu, apezar di kondisons ka sta tudu reunidu, es ta konsigi finta distinu, y razultadu ta ben ser pozitivu.

N kre fla ma majistériu di kriolu, mésmu na falta di material didátiku, obriga-m produzi óbras ki, oji, pode sirbi di material didátiku:

Diskrison Strutural di Língua Kabuverdianu; romasis Odju d’Agu y Jornada Sen Ratornu; A Construção do Bilinguismo; O Crioulo de Cabo Verde – Introdução à Gramática; Dicionário Bilingue Crioulo Português; Le Créole du Cap-Vert: Étude Grammaticale Descriptive et Contrastive; Formação do Crioulo – Matrizes Originárias; Profecias do Ali-Ben-Ténpu; O Caboverdiano em 45 Lições, Katikati pa Gran Bira Spiga.

Si na 1980 N rakuzaba konviti di Dra. Luisa Ribeiro ku pretestu ma kondisons ka staba reunidu, N  podeba ka tinha, oji, kapital di spiriénsia ki N ten y óbras ki, dipariba, N prizenta, y ki pode apoia na majistériu di Kriolu, podeba ka izisti.


Post di 20/10/2022

Manuel Veiga

terça-feira, 18 de outubro de 2022

 


ENSINU DI KRIOLU:

Ku Kal Material Didátiku?

 

Ministériu di Edukason kaba di toma disizon di introduzi Kriolu Kabuverdianu na 10º Anu di Skolaridadi.

Profesoris debe sa-ta purgunta: Mas, ku kal material didátiku?

N kre aprizenta propósta di “O Caboverdiano em 45 Lições” komu material didátiku báziku. El é un studu gramatikal ki sta organizadu en 4 Pártis:

I Párti ta trata di Aspétus Sosiolinguístiku (p.1-63).

II Párti ta trata di Skrita (p.67-75).

III Párti ta trata di Morfolojia di Nómis, Pronómis, Vérbus, Adivérbius, Konjunsons, Prepozisons, Lokusons, Interjesons (p. 79-187).

IV Párti ta trata di Análizi Sintátiku (p. 195-219).

ANEXUS : Prosésu di Afirmason di Skrita di Kriolu di Séklu XIX pa Gósi.

ANEXU B: Régras di Asentuason na Kriolu.

ANEXU C : Txon undi Kriolu Nase y Biblografia.

 

Fundamentalmenti, ta interessa Profesoris III Párti, sobri Morfolojia, 9 P. 79-187) y IV Párti, sobri Sintasi (p. 195-2019).

 

Ku es úniku Studu Gramatikal pode studadu tudu varianti, u-ki ta torna produson di material didátiku ekonomikamenti sustentável.

 

Univérsu di óbra ta fase análizi konparativu y kontrastivu di dos variedadi rejional di kriolu (S. Visenti, na Barlavéntu; y Santiagu, na Sotavéntu). Ten inda análizi konparativu ku purtugês.

Na tudu Barlavéntu, y na tudu strutura gramatikal, profesor ta parti di material aprizentadu na variedadi rejional di S. Visenti  y el ta stablise konparason ku varianti lokal y ku purtugês.

Na Sotavéntu, análizi ta parti di material di variedad rejional di Santiagu y el ta stabilise konparason ku varianti lokal y ku purtugês.

 

Na S. Visenti, profesor ta parti di es variedadi rejional y el ta stabilise konparason ku variedadi rejional di Santigu y ku purtugês.

 

Na Santiagu professor ta parti di realizason na es variedadi y el ta stabilise konparason ku variedadi di S. Visenti y ku purtugês.

 

Asi, ku un úniku material didáiku (O Caboveriano em 45 Lições) tudu varianti ta ser objétu di studu, mas na kada sala di aula alunu ta adikiri konhisimentu apénas di si varianti lokal y di ruspetivu variedadi rejional ki, na txeu sirkunstánsia, el ta uza.

 

Izénplu:

 

Santiagu

S. Visenti

Purtugês

 

N kume

 

N kemê

 

Eu como

Bu kume

Bo kemê

Tu comes

El kume

El kemê

Ele come

Nu kume

No Kemê

Nós comemos

Nhos kume

Bezote kemê

Vós comeis

Es kume

Es kemê

Eleles comem

 

NB: Profesor debe prokura diskubri, lokalmenti, ruspetivu koruspndénsia.

 

Kel-li é nha propósta, nha kontributu, razultanti di más di 40 anu di raflleson, ku produson di studus gramatikal, romansis, disionáriu, ensaius, izersísius linguístiku, ku aróma (flagránsia) di poezia.

 

Manuel Veiga