sábado, 28 de maio de 2016

Autonomização Local da LCV




F14, p. 10

LCV
E ka                konxeba             nin téra di  si  mai            ku    pai    kifari    si stória

MLP
Ele neg. OA conhecer TMA nem  terra de sua mãe com pai que fará   sua história
CSP
Não conhecia               nem a terra dos pais                      quanto menos da sua história

Aqui a RSL está no emprego obrigatório do pronome pessoal sujeito, no atualizador do passado «ba» e no emprego da expressão «kifari», que poderá ter origem em “que fará”, podendo, também, ter provindo de uma das línguas do substrato africano, com o sentido de «quanto menos»; de «pior ainda». A origem no MLP «que fará?», é uma possibilidade. Ex:  Se eu mesmo não consegui, que fará o meu filho? Na LCV, a frase deixaria de ser interrogativa, mas com o mesmo sentido: « si mi própi N ka konsigi, kifari nha fidju».  Trata-se de uma hipótese que, por enquanto, não podemos descartar, mas também não podemos confirmar.

Para Lang: 2002, o termo poderá ter vindo de (por) que falar de". A mim me parece que a hipótese por mim apresenta (ver em cima) parece mais provável.


O «kifari» é uma expressão muito usada em LCV: «nin mi kifari  bo; nin adju kifari sabóla; más grandi ka konsigi kifari más pikinoti...» (nem eu, quanto menos tu; nem o alho quanto menos a cebola; o mais velho não conseguiu, pior ainda será o mais novo).

Observação: LCV: Língua Caboverdiana; MLP: Material Linguístico em Português; CSP: Correspondência semântica com o Português; OA: Origem Africana; TMA: Tempo, Modo e Aspecto.

sábado, 21 de maio de 2016

Autonomização da LCV, Frase 13


LCV
Kau   bira   ién

MLP
Cabo vira(r)  OA
CSP
Tudo ficou silencioso


O universo semântico de «cabo virar ién» é nulo em português. Confirma-se, portanto a reconstrução semântica local.  Segundo Bartens 2006:123, «ién» é um idiofone que, possivelmente, terá provindo do wolof «yem» (être silencieux)  e/ou do dyola «iém» (silencieux, calme). Em “kau” (de cabo), deu-se a síncope do “b” intervocálico.

domingo, 8 de maio de 2016

Autonomozação da LCV, Frase 9 b



LCV
Stória sábi
MLP
História  sabe (sentido de saborosa)
CSP
História saborosa, agradável



                        LCV: Língua Caboverdiana; MLP: Material linguístico Português; CSP: Correspondência semântica em Português

A palavra «sábi» é muito usada em LCV. Em linguística significa que tem grande rendimento funcional. Diz-se «stória sábi, kumida sábi, múzika sábi, ténpu sábi, ropa xinta-m sábi na korpu,  N sa ta xinti sábi, tabaku sábi, txuba sa ta txobe-nu sábi...» (história agradável, comida saborosa, música boa, tempo agradável,  a roupa fica-me bem, tabaco bom,  chove lindamente...).  Concluindo, «sábi» encerra o sentido de bom,  bem, agradável, saboroso. Terá provindo de do Pt : saber (bem), significando algo saboroso.

Não confundir "sábi" com "sabe". Diz-se "N sta sábi" (estou bem, sinto-me bem), diferente de "N sabe" ( eu sei).