O poeta Jorge Barosa escreveu um dia:
“Eu queria ser simples naturalmente/ sem o propósito de ser simples.// Saberia assim sofrer com mais calma/ e rir com mais graça./ Saberia amar sem precipitações.//Meus sonhos não meteriam esses rumos impossíveis/ de terras mais além.// Bastar-me-ia a curta travessia no mar de cana/ num dos nossos minúsculos veleiros/ para ir conhecer a ilha defronte”.
Há falta de simplicidade quando: forçosamente, queremos ser aquilo que não somos ou que não podemos ser; ingloriamente, odiamos, invejamos ou cobiçamos o que é dos outros; tristemente, sentimo-nos infelizes, incomodados ou enraivecidos por causa do sucesso, do bem-estar ou da riqueza dos outros; apressadamente, queremos atingir a meta do sucesso, mas sem trilhar, pacientemente e passo a passo, todos os degraus, todas as curvas e contracurvas que a caminhada exige; estupidamente, inquietamo-nos só com o dia de amanhã esquecendo-nos de viver e de valorizar o instante presente; egoisticamente, preocupamo-nos apenas com o nosso umbigo, em detrimento da família, do companheiro do lado, do colega de trabalho, do parceiro empresarial, da equipa a que pertencemos, do coletivo onde estamos inseridos, da instituição onde prestamos serviço; cegamente, queremos, a todo o custo, e mesmo por meios ilegais, amealhar riquezas, prestígio, reconhecimento, homenagens, distinções, louvores.
O Ali Bem Ténpu, homem vivido e experimentado na saga do existir, conhece todos os desvios comportamentais que atrasam, desviam ou comprometem a felicidade dos humanos.
“Kusas ten ki muda”. Alavancado no poder do seu pensamento, o nosso visionário começa a enxergar um mundo onde o egoísmo e a cobiça cedem lugar à fraternidade, ao humanismo e à felicidade. Esta, naturalmente, emerge como uma “poesia feita [e aprendida] de cor, ao som do violão”, com palavras escolhidas que só o povo simples sabe articular; com atitudes solidárias e fraternas que desconhecem o ódio, a inveja e a cobiça; com perfeição, simplicidade e naturalidade que se aproximam do altruísmo, da generosidade e do amor divinos.
Acreditando nós que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, temos que admitir que não há nenhuma heresia no pensamento visionário do Ali Ben Ténpu.
Quem tenha razões para acreditar, que acredite.
Quem tenha razões para acreditar, que acredite.
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