terça-feira, 22 de maio de 2018

Germano Almeida: PRÉMIO CAMÕES 2018


 

Gostaria de felicitá-lo pela conquista deste importante galardão da língua portuguesa.

Em matéria de política linguística, nem sempre estivemos sintonizados pelo mesmo diapasão; porém, o uso que faz e fez da língua portuguesa; as numerosas obras escritas; a defesa permanente e convicta que sempre fez e faz dessa língua me convenceram que, um dia, mais cedo ou menos tarde, acabaria por conquistar o galardão que lhe acaba de ser atribuído.

É um prémio merecido. Creio que o mesmo reúne consenso no espaço lusófono e, aqui, na nossa Ribeira, certamente chega a atingir a unanimidade.

Tenho a subida honra de o parabenizar. O autor e a obra ganham com esta distinção; Cabo Verde e as letras caboverdianas ganham com um tal reconhecimento; na minha perspetiva, também a língua portuguesa ganha com o prémio atribuído.

É simbólico que a distinção aconteça no ano em que Cabo Verde vai assumir a presidência da CPLP e no ano, ainda, em que se realizou, em Cabo Verde, o VIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa.

O reconhecimento de Cabo Verde para com a língua portugues é grande. Com efeito, por opção própria, tem desempenhado o papel de língua oficial; uma parte importante da nossa história e cultura está moldada nessa língua; do seu casamento com algumas línguas africansa nasceu o nosso crioulo, e continua tendo uma presença dinâmica na nossa crioulidade; e na criação literária, ocupa um lugar de destaque.

Por tudo isto, o nosso muito obrigado à língua portuguesa e ao povo-berço que a criou e que a partilhou com o mundo. O nosso voto, então, é: que continue a partilhar o nosso mundo, em harmonia e cumplicidades positivas com a nossa língua materna de que é uma das progenitoras.

Ao Germano, que a musa crioula que o inspira a comunicar-se em português o leve, um dia, a premiar-nos com, pelo menos, uma obra na língua da nossa identidade primeira. E isto porque, quem até agora só escreveu em português, e que só é capaz de comunicar-se com a sua filha em crioulo, como chegou a declarar ao Michel Laban, no livro Encontro com os Escritores, tem o dever moral e cívico de, um dia, poder oferecer a essa mesma filha, e a nós todos deste rincão arquipelágico, temprados com o sal biológico e endógeno desse mar islenho e global que nos envolve, uma prenda, uma obra na língua da nossa afetividade mais profunda, e da nossa identidade mais genuína, que hoje como ontem, tem viajado nas asas da morna e na “mala” simbólica da diáspora, referida por Jorge Barbosa. A própria crioulidade tem viajado nas asas das letras dos nossos escritores, quando são traduzidos no exterior.

Fica o apelo, mas também o reconhecimento pela obra produzida na língua de Camões que também é nossa.

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