Gostaria de felicitá-lo pela conquista deste
importante galardão da língua portuguesa.
Em matéria de política linguística, nem sempre
estivemos sintonizados pelo mesmo diapasão; porém, o uso que faz e fez da
língua portuguesa; as numerosas obras escritas; a defesa permanente e convicta
que sempre fez e faz dessa língua me convenceram que, um dia, mais cedo ou
menos tarde, acabaria por conquistar o galardão que lhe acaba de ser atribuído.
É um prémio merecido. Creio que o mesmo reúne consenso
no espaço lusófono e, aqui, na nossa Ribeira, certamente chega a atingir a
unanimidade.
Tenho a subida honra de o parabenizar. O autor e a
obra ganham com esta distinção; Cabo Verde e as letras caboverdianas ganham com
um tal reconhecimento; na minha perspetiva, também a língua portuguesa ganha
com o prémio atribuído.
É simbólico que a distinção aconteça no ano em que
Cabo Verde vai assumir a presidência da CPLP e no ano, ainda, em que se
realizou, em Cabo Verde, o VIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa.
O reconhecimento de Cabo Verde para com a língua
portugues é grande. Com efeito, por opção própria, tem desempenhado o papel de
língua oficial; uma parte importante da nossa história e cultura está moldada
nessa língua; do seu casamento com algumas línguas africansa nasceu o nosso
crioulo, e continua tendo uma presença dinâmica na nossa crioulidade; e na
criação literária, ocupa um lugar de destaque.
Por tudo isto, o nosso muito obrigado à língua
portuguesa e ao povo-berço que a criou e que a partilhou com o mundo. O nosso
voto, então, é: que continue a partilhar o nosso mundo, em harmonia e cumplicidades
positivas com a nossa língua materna de que é uma das progenitoras.
Ao Germano, que a musa crioula que o inspira a
comunicar-se em português o leve, um dia, a premiar-nos com, pelo menos, uma
obra na língua da nossa identidade primeira. E isto porque, quem até agora só
escreveu em português, e que só é capaz de comunicar-se com a sua filha em
crioulo, como chegou a declarar ao Michel Laban, no livro Encontro com os Escritores,
tem o dever moral e cívico de, um dia, poder oferecer a essa mesma filha, e a
nós todos deste rincão arquipelágico, temprados com o sal biológico e endógeno desse
mar islenho e global que nos envolve, uma prenda, uma obra na língua da nossa
afetividade mais profunda, e da nossa identidade mais genuína, que hoje como
ontem, tem viajado nas asas da morna e na “mala” simbólica da diáspora,
referida por Jorge Barbosa. A própria crioulidade tem viajado nas asas das
letras dos nossos escritores, quando são traduzidos no exterior.
Fica o apelo, mas também o reconhecimento pela obra
produzida na língua de Camões que também é nossa.
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