domingo, 24 de fevereiro de 2013

Levar Cabo Verde ao mundo e trazer o mundo às nossas ilhas

OBRIGADO  ACV  POR  LEVAR  CABO VERDE A PORTUGAL, NA “MALA DE JORGE”  BARBOSA;  E  POR TRAZER  PORTUGAL  E O MUNDO ÀS NOSSAS ILHAS, NAS ONDAS DO MAR E NAS ASAS DOS TACV

A convite da ACV (Associação Caboverdiana de Lisboa), com o apoio da Embaixada de Cabo Verde e dos TACV, estive em Lisboa, de 20 a 22 de Fevereiro, com triplo objectivo: presenciar  a apresentação do meu Dicionário Caboverdiano-Português; testemunhar o anúncio público de um curso sobre o ensino da língua materna caboverdiana; apresentar uma comunicação sobre “Cabo Verde: Nação Global Caldeada num Bilinguismo em Construção”.
Nesta curta visita, cativou a minha atenção, de forma particular, o debate que aconteceu no seguimento da apresentação do dicionário, pela doutorando Ana Josefa Cardoso e da comunicação feita por mim. Fiquei ainda agradavelmente surpreso com o dinamismo da ACV, presidida com clarividência e dinamismo pelo Dr. Mário de Carvalho.
No concernente ao debate acima referido, devo dizer que o mesmo se estendeu das 18H30 às 22H00, num dia em que havia o jogo do Benfica, e mesmo assim os participantes não arrendaram o pé do local, demonstrando alto grau de civismo e de respeito pelas opiniões emitidas. Todos demonstraram que Cabo Verde, com as suas riquezas e singularidades regionais, estava no primeiro plano. Com entusiasmo e calor humano, defenderam o ensino, com rigor e metodologia adequada, do crioulo e do português; a definição e implementação urgente de uma política  e estratégia de ensino e valorização do crioulo, a curto, médio e longo prazos,  para que se evite a sua diluição e descrioulização, o que contribui, negativamente, para  a descaracterização do português também; dar particular importância  a uma política de inclusão e acumulação tanto das variantes existentes como da própria língua portuguesa; quanto à oficialização, alguns defenderam que o crioulo já está no espaço da oficialidade (no ensino, na comunicação social, na internet, na criação cultural, no discurso parlamentar e, até, de alguma forma, no artigo nono da Constituição), faltando apenas o reconhecimento jurídico e político explícitos, bem como o alargamento do seu emprego formal. Apenas houve uma voz isolada discordante, considerando que  se deveria deixar cair a questão da oficialização por causa da complexidade do problema.
O acto contou com a participação de várias dezenas de compatriotas, de destacados estudiosos caboverdianos e portugueses da crioulística e da crioulidade, da Embaixadora de Cabo Verde e de políticos de envergadura, como os deputados Jose Ribeiro de Castro e o Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Cabo Verde.
A minha segunda surpresa está ligada ao actual dinamismo cultural da ACV e que faz da Associação um verdadeiro centro de encontro, numa Lisboa crioula. Pude constatar que a ACV é uma espécie de cantinho de Cabo Verde em Lisboa, onde se respira a cultura de Cabo Verde e se aprecia tanto a música como a culinária caboverdianas.
Tomei parte num almoço que habitualmente se faz às quintas-feiras, com sala repleta de caboverdianos e portugueses, comendo uma cachupa ou um caldo de peixe, apreciando e dançando uma morna, coladeira ou funaná.
Obrigado ACV, por estar a levar Cabo Verde a Portugal, na “mala de Jorge Barbosa”; e a trazer Portugal e o mundo às nossas ilhas, nas ondas do mar e nas asas dos TACV.

Sem comentários:

Enviar um comentário