OBRIGADO ACV POR
LEVAR CABO VERDE A PORTUGAL, NA “MALA
DE JORGE” BARBOSA; E POR TRAZER PORTUGAL E O MUNDO ÀS NOSSAS ILHAS, NAS ONDAS DO MAR E
NAS ASAS DOS TACV
A convite da ACV (Associação
Caboverdiana de Lisboa), com o apoio da Embaixada de Cabo Verde e dos TACV,
estive em Lisboa, de 20 a 22 de Fevereiro, com triplo objectivo:
presenciar a apresentação do meu
Dicionário Caboverdiano-Português; testemunhar o anúncio público de um curso
sobre o ensino da língua materna caboverdiana; apresentar uma comunicação sobre
“Cabo Verde: Nação Global Caldeada num
Bilinguismo em Construção”.
Nesta curta visita, cativou a
minha atenção, de forma particular, o debate que aconteceu no seguimento da
apresentação do dicionário, pela doutorando Ana Josefa Cardoso e da comunicação
feita por mim. Fiquei ainda agradavelmente surpreso com o dinamismo da ACV,
presidida com clarividência e dinamismo pelo Dr. Mário de Carvalho.
No concernente ao debate acima
referido, devo dizer que o mesmo se estendeu das 18H30 às 22H00, num dia em que
havia o jogo do Benfica, e mesmo assim os participantes não arrendaram o pé do
local, demonstrando alto grau de civismo e de respeito pelas opiniões emitidas.
Todos demonstraram que Cabo Verde, com as suas riquezas e singularidades
regionais, estava no primeiro plano. Com entusiasmo e calor humano, defenderam
o ensino, com rigor e metodologia adequada, do crioulo e do português; a
definição e implementação urgente de uma política e estratégia de ensino e valorização do
crioulo, a curto, médio e longo prazos, para que se evite a sua diluição e
descrioulização, o que contribui, negativamente, para a descaracterização do português também; dar
particular importância a uma política de
inclusão e acumulação tanto das variantes existentes como da própria língua
portuguesa; quanto à oficialização, alguns defenderam que o crioulo já está no
espaço da oficialidade (no ensino, na comunicação social, na internet, na
criação cultural, no discurso parlamentar e, até, de alguma forma, no artigo
nono da Constituição), faltando apenas o reconhecimento jurídico e político
explícitos, bem como o alargamento do seu emprego formal. Apenas houve uma voz
isolada discordante, considerando que se
deveria deixar cair a questão da oficialização por causa da complexidade do
problema.
O acto contou com a
participação de várias dezenas de compatriotas, de destacados estudiosos
caboverdianos e portugueses da crioulística e da crioulidade, da Embaixadora de
Cabo Verde e de políticos de envergadura, como os deputados Jose Ribeiro de
Castro e o Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Cabo Verde.
A minha segunda surpresa está
ligada ao actual dinamismo cultural da ACV e que faz da Associação um verdadeiro
centro de encontro, numa Lisboa crioula. Pude constatar que a ACV é uma espécie
de cantinho de Cabo Verde em Lisboa, onde se respira a cultura de Cabo Verde e
se aprecia tanto a música como a culinária caboverdianas.
Tomei parte num almoço que
habitualmente se faz às quintas-feiras, com sala repleta de caboverdianos e
portugueses, comendo uma cachupa ou um caldo de peixe, apreciando e dançando
uma morna, coladeira ou funaná.
Obrigado ACV, por estar a
levar Cabo Verde a Portugal, na “mala de Jorge Barbosa”; e a trazer Portugal e
o mundo às nossas ilhas, nas ondas do mar e nas asas dos TACV.
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