A minha formação
cristã não me autoriza a odiar o árbitro mauriciano que conduziu o jogo da CAN,
entre o Gana e Cabo Verde. Porém, não posso deixar de repudiar, veementemente,
a sua arbitragem, uma prestação que tentou, sem sucesso, estragar a festa da
Nação Caboverdiana. Tanto o Gana como Cabo Verde não mereciam este presente
venenoso.
Estranhamente, logo no início da partida,
quando foi anunciada a nacionalidade do árbitro, comentei com os meus
familiares: vamos ter uma boa disputa. E isto porque conhecendo as qualidades
das duas equipas e o respeito que tenho pelo nível de desenvolvimento humano e
ambiental das Ilhas Maurícias, as condições me pareciam estar reunidas para
haver uma festa do futebol, nessa tarde do dia 2 de Fevereiro.
Infelizmente, eu me enganei. Estávamos à
frente de duas boas equipas, porém o envelope ou as promessas de promoção que o
senhor árbitro, eventualmente, terá recebido, falaram mais alto. Não obstante,
a derrota fabricada pelo senhor árbitro oxigenou a auto-estima e a unidade da
Nação Caboverdiana.
Confesso que é a segunda vez que sou
testemunha de emoções positivas tão fortes e tão abrangentes da Nação
Caboverdiana. A primeira vez foi aquando da Independência. A segunda, na devida
proporção, aconteceu com o milagre dos tubarões azuis, na CAN de 2013.
Tenho que parabenizar os tubarões azuis,
tenho que me sentir orgulhoso de ter nascido numa terra chamada CABO VERDE.
Obrigado meu POVO por me ter dado a oportunidade de ter quatro coisas
fundamentais que corporizam a minha idiossincrasia: uma língua crioula; uma
história e uma cultura miscigenadas, autênticas e de horizontes sempre abertos;
o orgulho de pertencer a uma Nação lutadora e vencedora. Obrigado também aos valorosos
tubarões azuis pela sua prestação, pela sua humildade, pela sua luta e pelas
vitórias alcançadas no palco da CAN 2013, em terras de Nelson Mandela, o ícone africano
e mundial da luta pela dignidade humana.
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