A Segurança da Guiné Conacri
conhecia ou não os planos para o
assassinato de Amílcar Cabral? (2.5.2014)
Como
previsto, realizou-se na manhã de hoje, dia 2 de Maio, no Campos do Palmarejo da
Uni-CV, uma Aula Magna sobre “Amílcar Cabral para Além do Seu Tempo”.
O
evento foi promovido pela Cátedra Amílcar Cabral, no quadro das suas
atribuições de promover um maior conhecimento e valorização do legado de Cabral.
O
acto foi presidido pela Magnífica Reitora, Doutora Judite de Nascimento, e
contou com a presença da Equipa Reitoral; de Direcções do Sistema Uni-CV; do
Director e membros da Cátedra Amílcar Cabral; de vários Combatentes da
Liberdade da Pátria, entre os quais a viúva de Amílcar Cabral; de membros da
Fundação Amílcar Cabral e do Instituto Pedro Pires; de vários docentes,
investigadores e estudantes da Uni-CV.
O
Auditório do Campus ficou completamente cheio, com uma moldura humana atenta e
interessada.
O
Embaixador Óscar Oramas, com uma eloquência invulgar e cativante, discorreu
sobre o tema, tendo-se referido, entre outros aspectos, aos seguintes pontos:
1)
O paralelismo existente entre Amílcar Cabral e José Martí, duas personalidades
de dimensão universal que, por serem um dos grandes obreiros na fundação das
respectivas pátrias, continuam vivos no legado que nos deixaram;
2)
Falou de Amílcar Cabral como um estratega e lutador, não só da Guiné-Bissau e
Cabo Verde, mas de todas as colónias, então em luta. Considerou-o um ilustre
filho de todos os povos colonizados, um homem de dimensão ética extraordinária;
3)
Considerou que a luta armada, em situação difícil e desigual, só foi vitoriosa
por causa da perseverança dos combatentes, da estratégia e da pedagogia do
líder.
4)
Considerou que o apoio do Presidente Sécou
Touré foi inestimável. Inestimável também foi o papel das Nações Unidas;
5)
Considerou que o assassinato de Amílcar Cabral decorre do desespero do Regime
Fascista Português e da sua Polícia Política – a PIDE DGS;
6)
Terminou com um sobrevoo breve à volta dos 9 capítulos que integram o seu livro
Amílcar
Cabral para Além do seu Tempo.
No
debate, vários intervenientes comentaram aspectos relevantes da Aula Magna,
destacaram o valioso contributo não só
do povo da Guiné Conacri, como também o de Cuba, na Luta de Libertação
Nacional, sugeriram que as instituições do ensino passem a dar maior atenção
ao legado de Cabral, já que a juventude
só pode conhecer e valorizar esse legado se a ele tiver acesso.
Uma
questão colocada que mereceu especial atenção do orador foi a seguinte: “ A
Polícia de Segurança da Guiné Conacri tinha ou não conhecimento do plano
secreto para o assassinato de Cabral? Se tinha, porque não agiu para evitar a tragédia?
Respondendo,
o Embaixador Oramas confirmou que a
Segurança da Guiné Conacri tinha conhecimento do plano secreto, que Cabral foi
avisado, e que a tragédia aconteceu porque o plano foi antecipado. Disse ainda
que Amílcar Cabral lhe tinha solicitado
um encontro urgente e que ficou combinado para ser as 11H00 do dia 21 de Janeiro de 1973. Disse que presume que Cabral queria discutir
com ele esse hediondo plano. Porém, a tragédia deu-se na noite do dia 20 de
Janeiro. Declarou que foi ele, como Embaixador, o primeiro diplomata a ter
conhecimento do bárbaro assassinato e foi ele também quem deu notícia ao
Presidente Sécou Touré, que ainda não
sabia.
E
assim terminou a Aula Magna. A Cátedra Amílcar
Cabral deu “rendez-vous” aos presentes para o lançamento da reedição do livro Amílcar
Cabral para Além do seu Tempo, em Novembro próximo, no quadro do 90º aniversário
natalício de Cabral, que acontece a 12 de Setembro do corrente ano.
Elaborado
por Manuel Veiga, Director da CAC-CV
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