Confrade e amiga Fátima Betencourt
Muito me reconforta saber que estamos sintonizados em matéria do lugar que a morna ocupa na formação e formatação da identidade caboverdiana. Eu comecei a dar-me conta disto já desde 1978 quando comecei a debruçar-me sobre o estudo da língua caboverdiana. O meu conhecimento foi aprofundando-se, a partir de 1980, quando fui nomeado professor da Estrutura do Crioulo no então Curso de Formação de Professores do Ensino Secundário. Na falta de m...aterial didático, encontrei na morna, e em muitos outros aspetos da tradição oral, um extraordinário campo de análise linguística sobre crioulo.
Na reflexão sobre a candidatura da “Cidade Velha a Património da Humanidade” encontrei na morna e no crioulo a fortaleza da nossa identidade e os elementos decisivos para demonstrar que a crioulidade acrescentou e acrescenta mais-valia ao Património da Humanidade.
Porém, a minha primeira incursão sobre a morna está em crioulo e data de 2008. Trata-se de “Idendidadi di Tres M+C” (Mar e Milho, Morna e Crioulo).
O trabalho consta do meu livro A Palavra e o Verbo, foi apresentado, pela primeira vez na Semana Cultural Caboverdiana de 2008, em Boston, efeméride essa na qual também a Fátima Bettencourt tomou parte.
Muito me reconforta saber que estamos sintonizados em matéria do lugar que a morna ocupa na formação e formatação da identidade caboverdiana. Eu comecei a dar-me conta disto já desde 1978 quando comecei a debruçar-me sobre o estudo da língua caboverdiana. O meu conhecimento foi aprofundando-se, a partir de 1980, quando fui nomeado professor da Estrutura do Crioulo no então Curso de Formação de Professores do Ensino Secundário. Na falta de m...aterial didático, encontrei na morna, e em muitos outros aspetos da tradição oral, um extraordinário campo de análise linguística sobre crioulo.
Na reflexão sobre a candidatura da “Cidade Velha a Património da Humanidade” encontrei na morna e no crioulo a fortaleza da nossa identidade e os elementos decisivos para demonstrar que a crioulidade acrescentou e acrescenta mais-valia ao Património da Humanidade.
Porém, a minha primeira incursão sobre a morna está em crioulo e data de 2008. Trata-se de “Idendidadi di Tres M+C” (Mar e Milho, Morna e Crioulo).
O trabalho consta do meu livro A Palavra e o Verbo, foi apresentado, pela primeira vez na Semana Cultural Caboverdiana de 2008, em Boston, efeméride essa na qual também a Fátima Bettencourt tomou parte.
O texto do meu “post” de hoje foi repescado no trabalho publicado em O Ilhéu de Caboverde, sob o título de “Metáfora do Mar e do Crioulo, do Milho e da Morna, na Idiossincrasia do Ilheu Caboverdiano”. O “post” foi ainda repescado de um outro trabalho (Posfácio a um livro do investigador César Monteiro, em preparação), o qual dei o título de: “Morna Património, Crioulo Matrimónio, no Chão Musical de Manuel d’Novas”.
Quanto à inspiração havida, devo dizer que ela me veio do próprio tecido cultural caboverdiano onde a identidade dos Três M+C (Mar, Milho, Morna, Crioulo) ganha forma, conteúdo e sentido, mas também a expressão daquilo que melhor nos identifica.
Ver maisQuanto à inspiração havida, devo dizer que ela me veio do próprio tecido cultural caboverdiano onde a identidade dos Três M+C (Mar, Milho, Morna, Crioulo) ganha forma, conteúdo e sentido, mas também a expressão daquilo que melhor nos identifica.
VIVA O TRÊS DE DEZEMBRO
VIVA A MORNA PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE
É no cruzamento de sangue e de culturas, no laboratório das ilhas e no caldeirão do confronto, de encontros e reencontros, que a Morna, a alma da nossa crioulidade, nasceu, cresceu e se vem desenvolvendo, juntamente com outras expressões musicais, também elas, muito importantes.
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VIVA A MORNA PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE
É no cruzamento de sangue e de culturas, no laboratório das ilhas e no caldeirão do confronto, de encontros e reencontros, que a Morna, a alma da nossa crioulidade, nasceu, cresceu e se vem desenvolvendo, juntamente com outras expressões musicais, também elas, muito importantes.
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A Morna é, sem dúvida, a metáfora da nossa cultura mestiça, a metáfora do nosso conhecimento, da nossa vivência, da nossa tradição, da nossa filosofia de vida, da nossa antropologia cultural. Se o Milho simboliza o nosso ser e estar físico, se o Mar simboliza o nosso ser virtual, a Morna simboliza o nosso ser espiritual, fruto do casamento entre o Crioulo, o Milho e o Mar.
Todos os dias, horas e segundos, a Morna nasce no violão das nossa ilhas, nas ondas do mar do arquipélago, através de quem fica para poder receber os que chegam, e de quem parte em busca de mais milho, de mais água e de mais luz; através ainda de todos os artistas, criadores ou investidores que viajam para o mundo, com Cabo Verde na bagagem, e que trazem o mundo para Cabo Verde, nas cordas dos seus violões, no ritmo e no compasso de uma nova melodia, nos planos e projetos de mais e melhor desenvolvimento; na arquitetura e na construção de um humanismo mais solidário, mais rico, mais universal.
Extrato de "Metáfora do Mar e do Crioulo, do Milho e da Morna na Idiossincrasia do Ilhéu Caboverdiano", 2019. In O Ilhéu de Cabo Verde, VEIGA Manuel, Universidade Católica, LIsboa, p. 199-207..
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Extrato de "Metáfora do Mar e do Crioulo, do Milho e da Morna na Idiossincrasia do Ilhéu Caboverdiano", 2019. In O Ilhéu de Cabo Verde, VEIGA Manuel, Universidade Católica, LIsboa, p. 199-207..
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