As minhas primeiras palavras são para
saudar o distinto doutorando Carlos Reis cuja sementeira de conhecimento para o
desenvolvimento ofereceu à Uni-CV o feliz ensejo de o distinguir com o mais
alto grau honoríficoatribuído pela Instituição: o de Doutor Honoris Causa.
Saúdo e felicito a Uni-CV – a Magnífica
Reitora, Prof. Doutora Judite de Nascimento, a Direção da Uni-CV, o coletivo de
Doutores, de professores, de estudantes e de todos os trabalhadores, pela
abertura em acolher, no seu seio, um semeador de conhecimento para o
desenvolvimento, com o perfil e a dimensão de Carlos Reis.
Saúdo, ainda, os distintos convidados, o Governo, as instituições académicas, os/as Combatentes da Liberdade da Pátria, a
Comunicação Social e todos
quantos se dignaram, com a sua presença prestigiar o ato.
Na qualidade de padrinho do homenageado,
a minha intervenção vai cingir-se aos seguintes pontos:
a)
Alguns
aspetos relevantes do CV do homenageado;
b)
Resumo
de alguns aspetos académicos que habilitam o homenageado a receber a distinção
da Uni-CV;
c)
Apresentação
de outros elementos que reforçam os estritamente académicos;
d)
O
testemunho dos outros, em crédito do homenageado;
e)
Palavras
finais.
1. Aspetos Relevantes do
CV do Homenageado
É natural de S.
Vicente, onde nasceu a 31/08/1946. É casado, encontrando-se atualmente na
situação de Reformado como Comandante das Forças Armadas de Cabo Verde.
1.1
-Formação
Académica:
· Estudos secundários realizados no Liceu
Gil Eanes e estudos universitários no Instituto Superior de Ciências Sociais e
Política Ultramarina (Universidade Técnica de Lisboa), entre 1964 e 1969.
· Concluiu o curso de Administração
Ultramarina em 1967, frequentou e participou em cursos ligados às questões de
segurança e defesa, estabilidade institucional e gestão de conflitos nos
Institutos de Defesa Nacional de Portugal, França e Estados Unidos da América.
· Foi cofundador e membro de uma rede
oeste-africana para assuntos de segurança e defesa a «WANSED» (West African
Network for Security and Defense), criada em 2005, no quadro da qual recebeu e
desenvolveu várias ações de formação.
1.2
- Atividade
Socioprofissional
· Ainda estudante do curso de Administração
Ultramarina foi auxiliar de investigação no Centro de Estudos Missionários
dirigido pelo Professor Padre Silva Rego, organismo de investigação da História
Colonial (1966 e 1967).
· Trabalhou com o investigador António
Carreira, no quadro do Centro de Antropologia Cultural dirigido pelo
antropólogo Professor Jorge Dias (1968).
· Foi Professor do Ensino Secundário no
Externato – Liceu Ribeira Grande, Santo Antão (1968/1969);
· Foi Professor na Escola Piloto do PAIGC,
Conakry (1970).
· Foi quadro da Marinha do PAIGC (novembro
de 1970 a março de 1974), no âmbito da qual, deu e recebeu aulas e teve
responsabilidades.
· Desenvolveu ações de sensibilização e de
mobilização para a causa da Independência Nacional junto das comunidades
cabo-verdianas no exterior, e de articulação entre a Direção do movimento de
libertação nacional no exterior e a organização em Portugal e em Cabo Verde.
· Foi Membro do Governo de Transição para a
Independência de Cabo Verde (janeiro a julho de 1975).
· Foi Ministro da Educação, Cultura,
Juventude e Desportos do primeiro Governo da I República (Julho de 1975 a 1977)
e Ministro da Educação e Cultura) de 1977 a Fevereiro de 1981).
· Foi Ministro-adjunto do
Primeiro-ministro, residente no Mindelo (1982/1984).
· Foi Embaixador de Cabo Verde residente em
Portugal, credenciado em Espanha, França, Itália e Marrocos (1984/1989).
1.3
- É autor
dos seguintes trabalhos:
· «A Educação em Cabo Verde: um outro
olhar» (Editora Pedro Cardoso – 2019).
· «A luta de libertação nacional:
contribuições e impasses», comunicação apresentada na Presidência da República,
por ocasião da Semana da República, 13-18 de janeiro de 2019.
· «A
importância do registo da memória institucional», prefácio do livro de Maria
Adriana Sousa Carvalho «O ensino superior em Cabo Verde», editado pela Uni-CV
em 2019.
· «Amílcar Cabral, Estratega» e «Amílcar
Cabral, Diplomata»: textos elaborados no quadro de um contributo para
preparação de um «dossier» para a candidatura de alguns escritos de Amílcar
Cabral, a serem apresentados à UNESCO, pelo Governo … com o objetivo da sua
inclusão na Lista do Património “Memória-Mundo” da UNESCO.
· «Cultura pela Escola», comunicação
apresentada na Conferência Nacional «Diálogos pela Cultura», organizada pelo
Ministério da Cultura, em outubro de 2015.
· «Cabo Verde na encruzilhada do Atlântico
e do Sahel – ameaças, desafios estratégicos e alianças (possíveis). Comunicação
apresentada no III Seminário do Curso de Liderança e Inovação na Gestão do
Desenvolvimento, no âmbito das atividades do Instituto Pedro Pires (18.02.14).
· «Desafios à investigação no âmbito da
vida e da obra de Amílcar Cabral: pistas para uma maior apropriação
caboverdiana do revolucionário africano», publicado no nº 3 de «Desafios»,
revista da Cátedra Amílcar Cabral (2014).
· «Paulo Freire e Amílcar Cabral:
libertação nacional, cultura e participação popular», comunicação apresentada
no fórum de homenagem a Paulo Freire, organizado na Praia pelo Instituto Paulo
Freire, do Brasil, e a Direção Geral de Educação de Adultos, em setembro de
2010.
· «Consciência nacional e Construção da
Nação em Cabo Verde», comunicação apresentada na 1ª edição do ciclo de
Conferências «Descobrir, conhecer e debater Cabo Verde», organizado pelo
Departamento de Ciências Sociais e Humanas da Uni-CV, em abril de 2009.
· «Desenvolvimento Humano: o papel das
Fundações», apresentado no 3º Encontro das Fundações Lusófonas realizado na
Praia, em 2006.
· «Cidadania», in Cultura, Educação e
Cidadania, Mesa Redonda organizada pelo Ministério da Cultura em 2005.
· «Cabral e a Dignidade Humana», in «Atualidade
do pensamento de Amílcar Cabral», Edição do Grupo Parlamentar do PAICV, janeiro
de 2003.
2. Elementos que Justificam a Distinção a ser Outorgada
2.1- Aspetos Académicos
Um dos aspetos mais decisivos que
habilitam o homenageado a receber a distinção de Doutor Honoris Causa
consubstancia-se na sua atitude e práxis visionárias de, na qualidade de
Ministro da Educação, Cultura Juventude e Desportos, promover e dinamizar o projeto
de semear conhecimento para poder colher o desenvolvimento.
Na manhã da Independência, ocorrida em
Julho de 1975, Cabo Verde se encontrava despido dos tradicionais recursos
materiais de desenvolvimento, tais como o petróleo, o ouro, o diamante, o ouro
ou o gás natural. A própria chuva era um fenómeno caprichoso que só de raro em
raro bafejava as ilhas, mesmo assim em quantidades insuficientes.
Urgia transformar o país político e
culturalmente independente num país social e economicamente viável.
É aqui que entra em campo a política
visionária do Governo da República, estando Carlos Reis ao leme do Ministério
responsável pelas áreas da Educação, Cultura, Juventude e Desportos.
Parafraseando um político francês que
dizia que no seu país «… on n’a pas pas de petrol, mais on a des idées», o
então Ministro da Educação, em consonância com a política do Governo a que
pertencia, decidiu apostar seriamente nos recursos humanos, a maior riqueza do
país. Para tal, era fundamental ter instituições credíveis de educação,
programas e equipamentos adequados, professores e formadores bem preparados,
alunos e estudantes motivados e engajados.
A Educação ocupava assim uma das
prioridades maiores de desenvolvimento, na medida em que através dela se
poderia semear o conhecimento para, depois, colher o desenvolvimento. Foram
criados liceus, escolas primárias (algumas em salas alugadas), escolas de
formação e de aperfeiçoamento pedagógico. Foram também planeadas, negociadas e
atribuídas várias bolsas de estudo, no país e no estrangeiro.
Das instituições de educação criadas no
tempo do Ministro Carlos Reis destaca-se o Curso de Formação de Professores do
Ensino Secundário que, neste Dezembro de 2019, celebra o seu 40º aniversário.
Para a Uni-CV esta é uma instituição-legado, na medida em que é nela que se
encontra o ponto de partida para o grande projeto que viria a ser, hoje, a
Universidade Pública de Cabo Verde. É que, de Curso de Formação de Professores
do Ensino Secundário, em 1979, evoluiu para Instituto Superior de Educação, em 1995,
e, mais tarde, em 2006, consagrou-se em Uni-CV. Todo esse processo foi possível
graças à política visionária do Governo da 1ª República, estando Carlos Reis ao
leme da instituição cabouqueira.
Note-se que a política visionária de se
apostar nos recursos humanos trouxe dividendos positivos para a Uni-CV, para as
instituições de ensino primário, secundário e superior, para as outras
instituições académicas públicas e privadas, para todos os setores de
desenvolvimento do país, sendo certo que a alma do desenvolvimento é a
educação.
Aliás, é por isso que Cabral dizia:
“Toda
a educação … tem por fim: permitir aos homens e às mulheres a realização de uma
vida útil e feliz, de harmonia com a evolução do seu meio, desenvolver os
melhores elementos da sua tradição e facilitar-lhes o acesso a um nível
económico e social superior que os coloque em estado de desempenhar cabalmente
a sua função no mundo moderno e viver pacificamente (…). Hoje a educação visa o
objectivo da realização plena do Homem, sem distinção de raças ou de origem,
como ser consciente e inteligente, útil e progressivo, integrado no mundo e no
seu meio (geográfico, económico e social), sem qualquer espécie de sujeição”
(CV-RM:70 e 71).
E
numa outra altura, o mesmo Cabral continuava dizendo que devemos:
“…
aprender na vida, aprender junto do nosso povo, aprender nos livros e na
experiência dos outros. Aprender sempre”(UL2:184)
Foi esta visão que norteou a política e a
práxis educativa do Governo da 1ª República, sendo Carlos Reis o responsável
direto da instituição que tinha sob a sua responsabilidade a política educativa
do país.
2.2 - Pedagogia de Desafios e Resiliência
O património de Cabo Verde, à época da Independência,
se resumia a: rocha, pedra, sol, mar e seres humanos. Na altura, eram pouco
conhecidas a economia azul e as energias
não convencionais. Neste cenário, os recursos humanos eram a riqueza, quase que
exclusiva, de Cabo Verde.
Sabia-se que investir nesses recursos era
investir no desenvolvimento. Mas como fazê-lo sem os outros recursos materiais?
A luta, a resiliência, a persistência e o
apelo à cidadania e ao patriotismo foram os caminhos a seguir. Igualmente uma
liderança que acreditava na colaboração e participação dos professores e dos
técnicos, particularmente os do Gabinete de Estudos, então dirigido pela Dra.Maria
Luisa Ferro Ribeiro, e que foi decisiva para o sucesso alcançado, com
persistência, tenacidade e resiliência.
Hoje, a 44 anos da Independência, olhando
para trás, num cenário de carência de praticamente tudo, pergunta-se: Qual foi
o milagre caboverdiano? O país não se afundou. Pelo contrário, atingimos o
patamar de pais de desenvolvimento médio, o nosso índice de desenvolvimento
humano em África é dos mais altos, alguns problemas persistem, mas estes não
impedem a visão de sucesso internacionalmente reconhecido, quanto à estabilidade,
à paz social, à democracia e ao Estado de Direito.
E o segredo de Cabo Verde consiste em lutar
sempre, em enfrentar os desafios com a cara levantada; em cultivar a
resiliência, com persistência e tenacidade. Esta foi o contributo de Carlos
Reis e a pedagogia do Governo a que pertenceu, uma pedagogia que resultou
porque, particularmente no setor da Educação, houve uma liderança que
acreditava nos colaboradores. Outra atitude não se poderia esperar de quem
aprendeu na escola de Amílcar Cabral.
A Uni-CV só tem a ganhar com um
magistério baseado e alimentado por uma liderança partilhada, pela pedagogia de
desafios e pela prática de resiliência. E nisto, a atitude e a práxis da
instituição dirigida e coordenada por Carlos Reis são um legado de inestimável
valor e uma referência para Cabo Verde.
3. Elementos que Reforçam o Legado Cívico
do Homenageado
Carlos Reis não foi apenas um educador.
Ele foi também um soldado da cidadania. É nesta qualidade que, desde muito
jovem, fez parte do PAIGC/CV, partido que lutou pela Independência de Cabo
Verde. A sua motivação cívica tinha um nome: a conquista da liberdade, o
reconhecimento da dignidade do seu povo; a valorização e o reconhecimento da
história, das tradições, da língua e cultura do seu povo; a celebração de um
desenvolvimento harmonioso e integral da sociedade a que pertencia.
Na Escola Piloto, nas matas de Conacry, a
bordo de barcos da marinha do PAIGC exerceu, com entusiasmo e afinco as tarefas
que lhe eram confiadas. É ainda em nome ou devido a uma cidadania militante que
· Foi Membro da Comissão Política e do
Secretariado permanente do PAICV que dirigiu a mudança política proclamada por
Pedro Pires, em nome do PAICV, a 19 de fevereiro de 1990.
· É Combatente da Liberdade da Pátria,
reformado como Comandante das Forças Armadas de Cabo Verde e titular de várias
condecorações, nomeadamente, o 2º grau da Ordem Amílcar Cabral.
· É Presidente da Associação dos
Combatentes da Liberdade da Pátria;
· É Administrador da Fundação Amílcar
Cabral e membro da Fundação António Mascarenhas Monteiro.
· Foi Homenageado pela Escola Secundária
Abílio Duarte, em julho de 2009, «em reconhecimento pelo esforço e dedicação à
causa da Educação em Cabo Verde e por toda a entrega e sacrifício pela Liberdade
da Pátria».
· Foi Homenageado pelo Departamento de
Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Cabo Verde, no quadro geral da
homenagem «aos cabouqueiros do ensino superior», em novembro de 2011.
· Foi Agraciado com a Medalha dos Serviços
Distintos, primeira classe, em julho de 2014, pelo Primeiro-Ministro de Cabo
Verde.
4. Testemunho dos Outros em Crédito do Homenageado
Carlos Reis no Testemunho dos outros
a) Do
Doutor Manuel Brito Semedo, ex-aluno do CFPES, ex-Vice-Reitor da Uni-CV. Por
ocasião do V aniversário da Uni-CV, em 2011, destacou Carlos Reis como:
“…um
dos cabouqueiros e semeadores do Ensino Superior, em Cabo Verde…”
b)
Da Doutora Adriana de Carvalho,
ex-Vice-Reitora da Uni-CV. Em O Ensino
Superior em Cabo Verde, 2019, Ed. Uni-CV, p. 314), afirma:
“O início do curso chegou a parecer quase
impossível” - e citando Carlos Reis –
continua: “A situação internacional, geralmente solidária, não tinha ainda
assumido a cooperação para a educação com generosidade que passou a ter a partir de meados de oitenta. As
instituições financeiras só aceitavam financiar os chamados projetctos
produtivos, ou da esfera económica e financeira”.
c)
Dos Doutores Jorge Veiga e Maria Luisa
Veiga, respetivamente Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, Presidente e
Investigadora da Escola Superior de Educação de Coimbra, ambos consultores do
Projeto de criação do CFPES, em Cabo Verde. Segundo os mesmos, ao abraçarem o
projeto,
“O sentimento… era de privilégio por podermos participar no início do percurso da vida de um país no domínio do ensino superior.
Contudo
esperava-nos o desconhecido! … Rapidamente as nossas legítimas preocupações se
desvaneceram, porque desde os primeiros contactos com o então Ministro da Educação
nosso prezado e grande Amigo Carlos Reis, percebemos estar perante uma fonte de
apurada sensibilidade pedagógica, de fino sentido crítico, de afável trato, de
grande frontalidade e de elevada capacidade de exercício da liderança no
respeito pela diversidade de opinião…
A criação do Curso
de Professores do Ensino Secundário, instituído pelo D.L nº70/79, de 28 de
Julho, constituiu assim, também, o embrião da nossa já longa e sempre tão
descomprometida quanto empenhada colaboração com Cabo Verde, em vertentes que
se foram diferenciando de acordo com o perfil de cada um.
Julgamos que valeu
a pena registar aqui alguns breves e impressivos sinais de um tempo que tivemos
o gosto de viver em Cabo Verde. São sinais ancorados em memórias longínquas que
têm teimado em persistir ao longo dos anos, porque sempre reavivada pela
continuidade de uma colaboração altamente gratificante”
Tudo isto, repito,
citando os ilustres Professores da Universidade de Coimbra, graças a
“… apurada sensibilidade pedagógica, de
fino sentido crítico, de afável trato, de grande frontalidade e de elevada
capacidade de exercício da liderança no respeito pela diversidade de opinião” do Ministro Carlos Reis e da sua equipa.
d)
Da professora Marina Ramos, na
apresentação do livro Educação em Cabo Verde – Um Outro Olhar, da autoria do
homenageado, diz:
“Carlos
Reis é sobejamente conhecido em Cabo Verde, não só como um dos Heróis
Nacionais, que fazendo parte da elite estudantil que ousou abandonar a promessa
de um futuro tranquilo para abraçar a incerteza e os perigos da luta armada em
prol da libertação nacional, sob a égide do PAIGC, a fim de ‘dar ao povo de
Cabo Verde a autoria do seu destino’ e … por haver sido o 1º Ministro da
Educação após a Independência Nacional. É um conhecedor profundo da nossa
História passada e recente, não só pela formação académica, mas também, pela
vivência participante e ativa em ambos os períodos do devir temporal…
Através da obra, o
autor desnuda-se enquanto homem consciente e participante ativo da luta travada
em busca da liberdade e como construtor desde a primeira hora, do sonho de um
Cabo Verde novo, próspero e livre.
A educação é uma
das premissas fundamentais para o desenvolvimento do Homem enquanto ser e
detentor das capacidades de saber e saber fazer, a qual, de forma construtiva,
processual, pode vir a ser utilizada como arma de dois gumes em consonância com
a ideologia aplicada ou os objetivos a atingir.
O livro que ora
apresentamos, mostra-nos essas duas facetas ao longo do devir da nossa história
- induzir à assimilação e à libertação.
Com efeito, o
autor, através de uma análise crítica e uma abordagem histórica-política,
produto de uma investigação profunda, testemunhada pela vasta revisão da
literatura e da sua rica vivência experiencial, problematiza a evolução
histórica da Educação em Cabo Verde, nos períodos antes e após a
independência”.
5.
Palavras Finais
Carlos Reis é tudo o que consta no seu
CV; tudo o que escreveu e publicou; tudo o que fez como cidadão e como Ministro
da Educação, Cultura, Juventude e Desportos; tudo que os outros disseram dele,
nos textos que citei. Falta acrescentar o que ainda não foi dito: Carlos Reis
foi, também, um visionário, em matéria de política linguística. Com efeito, foi
no seu consulado, como Ministro da pasta acima referida que, com os impulsos da
então Diretora-Geral da Cultura, Dra. Dulce Duarte, concedeu o seu alto
patrocínio à realização do Primeiro Colóquio Internacional sobre o Crioulo de
Cabo Verde, em Abril de 1979, há já, como no caso do CFPES, 40 anos atrás. Ora,
se o crioulo foi introduzido, desde a primeira hora no CFPES, se o magistério
do crioulo continuou no ISE e na Uni-CV, se o Mestrado de Crioulística e Língua
Caboverdiana foi realizado com sucesso na Uni-CV, se em 2009 foi possível
institucionalizar o Alfabeto caboverdiano, se hoje já é possível escrever o
crioulo com normas e regras bem definidas, se estudos linguísticos e
sociolinguístico se multiplicam na Uni-CV e nas Universidades estrangeiras,
tudo isto é devedor do Primeiro Colóquio Linguístico de 1979, Colóquio este que
contou o pensamento e a práxis visionários do nosso homenageado.
Ora, sendo Carlos Reis um semeador de conhecimento para
colher desenvolvimento, como vimos em todo o processo da sua cidadania e
magistério, ouso propor ao coletivo dos Doutores desta Casa, que se dignem,
aceitá-lo, por mérito próprio, na Ágora do Conhecimento que é a Uni-CV, para, em
conjunto, continuar a semear o saber, cultivar, valorizar e partilhar o conhecimento.
A todos, Muito obrigado.
O Padrinho,
Manuel Veiga
Dezembro de 2019
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