R1
Em Caboverdiano, a maior parte das palavras é grave. Neste
caso, o acento é previsível, não havendo a necessidade de nenhum diacrítico
para assinalar a sílaba tónica.
Os exemplos abundam: «banda, fidju/fidje, povu/e,
txuba/txuva, oxi/aoje, aonte».
[NB: quando a palavra é
grave e a vogal tónica é um i ou um u precedidos de uma outra vogal com a qual não fazem
sílaba, a vogal tónica leva diacrítico: «saúdi,
faíska, raínha»].
R2
Quando a
palavra é grave e a sílaba tónica é um «é» ou um «ó» (semi-abertos) usa-se o
diacrítico.
Exemplos: béku,
féra,
patéta,
kuméta,
néta;
róda,
bóka,
nóka,
fódja,
rótxa, mónda;
NB: No «á» de
palavras graves considera-se previsível a sílaba tónica: ratu, matu, patu. Nos pares
mínimos, o «a» mais aberto leva diacrítico: sábi/sabi (e)
(adjetivo e verbo, respetivamente).
R3
Todas as
palavras esdrúxulas levam diacrítico:
Exemplos:
«sílaba
prátiku/ke,
búsula, rústiku/ke».
R4
a)
As palavras agudas, de uma só sílaba, levam diacrítico, de acordo com a
natureza vocálica, se terminarem por e ou por o
(abertos, seguidos ou não de “s”): “fé, pó”.
b)
Se a palavra é aguda, de uma só sílaba, e terminar por e ou o fechados); por a, i, o, u, seguidos ou não de s, não leva diacrítico, salvo se se tratar de pares mínimos: “bes, tres,
mes, la, li, dju».
Porém, diz-se: «pa/pá;
mas/más; nu/nú», por serem pares mínimos. Constitui
ainda exceção a escrita da conjunção coordenada disjuntiva: ô. E isto para diferenciar do artigo definido “o”, do português.
c)
As palavras agudas, de mais de uma sílaba, levam sempre diacrítico, de
acordo com a natureza vocálica: «atrás, rapás, kafé, raís, país».
d)
Os pronomes pessoais e demonstrativos, os determinantes possessivos e
demonstrativos, sendo classes gramaticais fechadas e de grande rendimento
funcional, não levam diacrítico: «bo, bu, abo, nos, anos, es, aes, nhos, anhos,
mi, ami, nho, anho, nha, anha; es,
es-li, kel, kel-li, kel-la».
R5
As palavras
terminadas por [n, r, l], são normalmente agudas. A sílaba tónica é previsível,
por isso não se usa o diacrítico:
Exemplo:
«kanson, kurason, profesor, amor, baril».
Quando as
palavras terminam por n, r, l e não são agudas, levam o acento:
Exemplo: «jóven,
sensível».
NB: No R5 do
ALUPEC Falava-se de palavras terminadas por uma consoante que não o s do plural.
R6
As palavras
terminadas por um ditongo precedido de uma consoante são, normalmente, agudas e
não precisam de diacrítico (já que o seu acento é preditível):
Exemplo:
«balai,
liseu. Romeu,
Bartolomeu, sabedoria».
Sempre que essas
mesmas palavras não são agudas, levam diacrítico, de acordo com a natureza
vocálica
Exemplo:
«patrísiu,
língua,
míngua,
azágua,
sabedoria/sabedoriâ».
Em «txapéu», o diacrítico indica a natureza vocálica e não a sílaba
tónica que é previsível. Em «praia, feiu» segue-se R1 já que o ditongo não é
precedido de consoante.
Como definir regras para expressões variadas do CCV?
ResponderEliminarAlguém, cuja identidade não é revelada, talvez por pudor, vergonha ou medo, em relação ao crioulo, questiona como poderá ser possível ter regras para as diversas variantes do nosso crioulo?
Devo dizer a esse compatriota que o inglês dos EUA e do Reino Unido têm regras, umas vezes complementares outras vezes específicas. O mesmo acontece com o português europeu e o do Brasil.
Quanto ao crioulo de CaboVerde, no concernente à Regras de Acentuação (R1 – R6), as mesmas dão cobertura a qualquer das variantes. Em alguns exemplos, vejamos como elas funcionam em Santiago (ST), S.Vicente (SV), Santo Antão (SA) e Fogo (F):
ST – pâpia (R6); SV – falá (R4c).
ST – trabadja (R1); F – trabadjâ (R4c); SV – trubaiá (R4c).
SA – oá (R4c); SV – oiá (R4c); ST – odja (R1); F – odjâ (R4c).
ST – mai (R6); SV – mãi (R6); SA – mé (R4a).
A inteligência das regras de acentuação está na sua economia, funcionalidade, sistematicidade e universalidade de aplicação, nas diversas expressões do crioulo.
Assim dito, poderá parecer complexo; porém, uma vez interiorizadas as regras, tudo fica muito simples. Há que estudar. Há que interiorizar.