ATOR DO PRIMEIRO
DICIONÁRIO DO CRIOULO
Tive o privilégio de o
conhecer já numa idade respeitável. Era padrinho do meu pai e possui uma
propriedade em Galo Canta, perto da casa onde nasci.
Sempre soube que era
homem de muitos ofícios: advogado, alfaiate, sapateiro, relojoeiro lavrador,
homem de letras.
Mais tarde, descobri que
escreveu O Léxico do Dialeto Crioulo do Arquipélago
de Cabo Verde. Pude ter o
original nas minhas mãos, quando o mesmo passou pelo então Ministério da
Educação e Cultura, e isto em 1979.
Soube que foi um árduo
trabalho, iniciado nos idos de 1920; durou cerca de 40 anos a sua compilação,
feita em todas as ilhas do arquipélago. A obra, embora incompleta (qualquer
dicionário é sempre incompleto) viria a ser publicada pela filha, D. Ivone
Fernandes Ramos, em 1991.
Na elaboração do
Dicionário Bilingue Crioulo-Português, tive a obra de Napoleão Fernandes como
referência, sempre que encontrava alguma dificuldade na perceção de algum termo
basiletal (crioulo fundo) que descohecia
Como linguista, devo
dizer que Napoleão Fernandes, entre os percursores da escrita do crioulo, é,
juntamente com António d’Paula Brito, os que praticaram um modelo mais
sistemático, o primeiro com base no alfabeto português, o segundo com base num
modelo fonético-fonológico.
Proponho ao Município de
Santa Catarina que crie uma galeria dos Imortais do Concelho, devendo Napoleão
Fernandes ser um de entre eles.
Existe já uma Escola
Secundária, em Achada Falcão, exibindo o nome de Napoleão Fernandes. Porém,
acredito que um homem que tanto fez pelo seu Concelho, como Napoleão Fernandes,
merecia outras homenagens, merecia, sobretudo ser mais conhecido, sobretudo por
parte dos mais jovens.
Facebook de 25 de Junho
de 2021, Manuel Veiga
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