A construção da tão desejada PADRONIZAÇÃO, no Crioulo de Cabo Verde, exige ciência, paciência, sabedoria, bom senso, investimento afetivo, cultural, académico, pedagógico, económico e geracional.
A PADRONIZAÇÃO não é uma meta, ela é um processo, uma caminhada de todos, com determinação, ciência e bom senso, mas sem pressa de terminar o percurso ou de queimar etapas.
No processo da PADRONIZAÇÃO há uma fase em que temos a unidade básica do crioulo, na diversidade. É a fase em que nós nos encontramos, neste momento. É essa unidade básica, na diversidade, que faz com que eu, sendo badio, possa compreender, basicamente, as variantes e variedades das ilhas todas. Penso que o mesmo acontece com todos os caboverdianos, embora em níveis diferenciados, de acordo com o grau de aquisição e socialização das diversas variantes.
Porém, não é essa padronização do básico, na diversidade, que se pretende. O que se quer é a SUPERIOR UNIDADE FUNDAMENTAL DO CRIOULO, NA INCLUSÃO. Esse desiderato só pode ser fruto de um longo processo, com os necessários investimentos na prática linguística de todas e de cada variante, na investigação, no ensino, na criação literária e artística, na diversificação dos domínios de emprego, em situações formais e informais. Isto pode levar décadas. Porém é preciso ter em conta que a cronologia de uma língua é, de longe, superior à de qualquer indivíduo.
Tal tarefa de construção dessa superior unidade é do Governo, é das autarquias, é dos estabelecimentos de ensino, é dos professores, é dos artistas e escritores, é dos pais e encarregados de educação, é das associações, é da cidadania em geral. É, portanto, UM DESÍGNIO NACIONAL.
Tudo isto para dizer que se queremos alcançar um tal objetivo, cada um tem que colocar a sua pedra no edifício, em construção. Utilizando a bonita metáfora de Antero Simas (a quem envio um abraço de amizade e solidariedade) direi que há que fazer “uma doce guerra” a favor das variantes e variedade do Crioulo Caboverdiano para que a sua Superior Unidade venha a ser uma conquista e uma vivência saudável e inclusiva.
Que cada um equacione o problema e programe a sua "feuille de route"
Sem comentários:
Enviar um comentário