1
Cada uma
das seis regras da acentuação vai figurar como R1, R2, R3, R4, R5, R6, sendo
certo que R= regra.
A
acentuação, no presente contexto, é a indicação da vogal sobre a qual recai a
tónica da palavra.
Há que ter
em conta que todas as palavras têm o seu acento próprio. Não se deve confundir
acento com diacrítico que é o sinal gráfico que recai sobre as vogais tónicas
de certas palavras. Há que ter presente que mesmo as palavras sem diacrítico
têm acento, como: «kume, skrebe, djata».
Uma regra
de ouro para a economia da escrita consiste em colocar diacrítico (comummente
chamados “acentos”) somente lá onde eles não são previsíveis (preditíveis).
Deve-se estabelecer regras que privilegiem, de forma
sistemática, o não uso de diacríticos, sempre que seja previsível a sílaba
tónica.
Este
procedimento faz com que o texto seja leve e despido de ornamentação
desnecessária.
R1
Em Caboverdiano, a maior parte das palavras é grave. Neste
caso, o acento é previsível, não havendo a necessidade de nenhum diacrítico
para assinalar a sílaba tónica.
Os exemplos abundam: «banda, fidju/fidje, povu/e,
txuba/txuva, oxi/aoje, aonte».
[NB: quando a palavra é
grave e a vogal tónica é um i ou um u precedidos de uma outra vogal com a qual não fazem
sílaba, a vogal tónica leva diacrítico: «saúdi,
faíska, raínha»].
R2
Quando a
palavra é grave e a sílaba tónica é um «é» ou um «ó» (semi-abertos) usa-se o
diacrítico.
Exemplos: béku,
féra,
patéta,
kuméta,
néta;
róda,
bóka,
nóka,
fódja,
rótxa, mónda;
NB: No «á» de
palavras graves considera-se previsível a sílaba tónica: ratu, matu, patu. Nos pares
mínimos, o «a» mais aberto leva diacrítico: sábi/sabi (e)
(adjetivo e verbo, respetivamente).
R3
Todas as
palavras esdrúxulas levam diacrítico:
Exemplos: «sílaba
prátiku/ke,
búsula, rústiku/ke».
R4
a)
As palavras agudas, de uma só sílaba, levam diacrítico, de acordo com a
natureza vocálica, se terminarem por e ou por o
(abertos, seguidos ou não de “s”): “fé, pó”.
b)
Se a palavra é aguda, de uma só sílaba, e terminar por e ou o fechados); por a, i, o, u, seguidos ou não de s, não leva diacrítico, salvo se se tratar de pares mínimos: “bes, tres,
mes[1],
la, li, dju».
Porém, diz-se: «pa/pá;
mas/más; nu/nú», por serem pares mínimos. Constitui
ainda exceção a escrita da conjunção coordenada disjuntiva: ô. E isto para diferenciar do artigo definido “o”, do português.
c)
As palavras agudas, de mais de uma sílaba, levam sempre diacrítico, de
acordo com a natureza vocálica: «atrás, rapás, kafé, raís, país».
d)
Os pronomes pessoais e demonstrativos, os determinantes possessivos e
demonstrativos, sendo classes gramaticais fechadas e de grande rendimento
funcional, não levam diacrítico: «bo, bu, abo, nos, anos, es, aes, nhos, anhos,
mi, ami, nho, anho, nha, anha; es,
es-li, kel, kel-li, kel-la».
R5
As palavras
terminadas por [n, r, l], são normalmente agudas. A sílaba tónica é previsível,
por isso não se usa o diacrítico:
Exemplo: «kanson,
kurason, profesor, amor, baril».
Quando as
palavras terminam por n, r, l e não são agudas, levam o acento:
Exemplo: «jóven,
sensível».
NB: No R5 do
ALUPEC Falava-se de palavras terminadas por uma consoante que não o s do plural.
R6
As palavras
terminadas por um ditongo precedido de uma consoante são, normalmente, agudas e
não precisam de diacrítico (já que o seu acento é preditível):
Exemplo: «balai,
liseu. Romeu,
Bartolomeu, sabedoria».
Sempre que
essas mesmas palavras não são agudas, levam diacrítico, de acordo com a
natureza vocálica
Exemplo: «patrísiu,
língua,
míngua,
azágua,
sabedoria/sabedoriâ».
Em «txapéu», o diacrítico indica a natureza vocálica e não a
sílaba tónica que é previsível. Em «praia, feiu» segue-se R1 já que o ditongo
não é precedido de consoante.
[1]
Até a elaboração de Profecias
do Ali-Ben-Ténpu, eu escrevia as palavras agudas de uma sílaba só, seguidas ou
não de “s”, com um diacrítico, de acordo com a natureza vocálica. Alguém chamou
a minha atenção dizendo que, como acontece, com a R2, apenas o “é” e o “ó”de
palavras agudas de uma só sílaba, deveriam ter o diacrítico. A observação tinha
lógica, favorecia a economia, em termos do uso de diacríticos, e passei a
observá-la.
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