quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

REGRAS DE ACENTUAÇÃO NO CRIOULO


1  

Cada uma das seis regras da acentuação vai figurar como R1, R2, R3, R4, R5, R6, sendo certo que R= regra.
A acentuação, no presente contexto, é a indicação da vogal sobre a qual recai a tónica da palavra.
Há que ter em conta que todas as palavras têm o seu acento próprio. Não se deve confundir acento com diacrítico que é o sinal gráfico que recai sobre as vogais tónicas de certas palavras. Há que ter presente que mesmo as palavras sem diacrítico têm acento, como: «kume, skrebe, djata».
Uma regra de ouro para a economia da escrita consiste em colocar diacrítico (comummente chamados “acentos”) somente lá onde eles não são previsíveis  (preditíveis).
Deve-se  estabelecer regras que privilegiem, de forma sistemática, o não uso de diacríticos, sempre que seja previsível a sílaba tónica.
Este procedimento faz com que o texto seja leve e despido de ornamentação desnecessária.

R1
Em Caboverdiano, a maior parte das palavras é grave. Neste caso, o acento é previsível, não havendo a necessidade de nenhum diacrítico para assinalar a sílaba tónica.
Os exemplos abundam: «banda, fidju/fidje, povu/e, txuba/txuva, oxi/aoje, aonte».
[NB: quando a palavra é grave e a vogal tónica é um i ou um u precedidos de uma outra vogal com a qual não fazem sílaba, a vogal tónica leva diacrítico: «saúdi, faíska, raínha»].

R2
Quando a palavra é grave e a sílaba tónica é um «é» ou um «ó» (semi-abertos) usa-se o diacrítico.
Exemplos: béku, féra, patéta, kuméta, néta;
róda, bóka, nóka, fódja, rótxa,  mónda;
NB: No «á» de palavras graves considera-se previsível a sílaba tónica: ratu, matu, patu. Nos pares mínimos, o «a» mais aberto leva diacrítico: sábi/sabi (e) (adjetivo e verbo, respetivamente).

R3
Todas as palavras esdrúxulas levam diacrítico:
Exemplos: «sílaba prátiku/ke, búsula,  rústiku/ke».

R4
a)     As palavras agudas, de uma só sílaba, levam diacrítico, de acordo com a natureza vocálica, se terminarem por e ou por o (abertos, seguidos ou não de “s”): “fé, pó.

b)    Se a palavra é aguda, de uma só sílaba, e terminar por e ou o fechados); por a, i, o, u, seguidos ou não de s, não leva diacrítico, salvo se se tratar de pares mínimos: “bes, tres, mes[1], la, li, dju».

Porém, diz-se: «pa/pá; mas/más; nu/nú», por serem pares mínimos. Constitui ainda exceção a escrita da conjunção coordenada disjuntiva: ô. E isto para diferenciar do artigo definido “o”, do português.

c)     As palavras agudas, de mais de uma sílaba, levam sempre diacrítico, de acordo com a natureza vocálica: «atrás, rapás,  kafé, raís, país».

d)    Os pronomes pessoais e demonstrativos, os determinantes possessivos e demonstrativos, sendo classes gramaticais fechadas e de grande rendimento funcional, não levam diacrítico: «bo, bu, abo, nos, anos, es, aes, nhos, anhos, mi, ami, nho, anho, nha, anha;  es, es-li,  kel, kel-li, kel-la».

R5
As palavras terminadas por [n, r, l], são normalmente agudas. A sílaba tónica é previsível, por isso não se usa o diacrítico:
Exemplo: «kanson, kurason, profesor, amor, baril».
Quando as palavras terminam por n, r, l e não são agudas, levam o acento:
Exemplo: «jóven, sensível».
NB: No R5 do ALUPEC Falava-se de palavras terminadas por uma consoante que não o s do plural.

R6
As palavras terminadas por um ditongo precedido de uma consoante são, normalmente, agudas e não precisam de diacrítico (já que o seu acento é preditível):
Exemplo: «balai, liseu. Romeu, Bartolomeu, sabedoria».
Sempre que essas mesmas palavras não são agudas, levam diacrítico, de acordo com a natureza vocálica
Exemplo: «patrísiu, língua, míngua, azágua, sabedoria/sabedoriâ».
Em «txapéu», o diacrítico indica a natureza vocálica e não a sílaba tónica que é previsível. Em «praia, feiu» segue-se R1 já que o ditongo não é precedido de consoante.




[1] Até a elaboração de Profecias do Ali-Ben-Ténpu, eu escrevia as palavras agudas de uma sílaba só, seguidas ou não de “s”, com um diacrítico, de acordo com a natureza vocálica. Alguém chamou a minha atenção dizendo que, como acontece, com a R2, apenas o “é” e o “ó”de palavras agudas de uma só sílaba, deveriam ter o diacrítico. A observação tinha lógica, favorecia a economia, em termos do uso de diacríticos, e passei a observá-la.

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