KUSAS
MESE MUDA
O
mandamento da fraternidade ordena que amemos a todos como gostaríamos que
fôssemos amados. E esse amor deve ser algo de concreto, e não de abstrato.
Significa partilha, respeito, solidariedade, reconhecimento, doação,
magnanimidade, generosidade.
Hoje, não só na
Baia Azul, mas por todo o lado, esse mandamento cristão é infringido,
desrespeitado e, às vezes mesmo, ridicularizado.
Quando se declara uma guerra injusta, está-se a
incumprir o mandamento. Quando se pratica qualquer tipo de violência, há
incumprimento. Quando se permite ou se contribui para que haja fome no mundo,
há incumprimento. Quando não se diligencie ou não há interesse para que haja
inclusão social, cultural e educativa, há incumprimento. Quando a riqueza podre
convive lado a lado com a miséria degradante, há incumprimento. Quando os
direitos dos trabalhadores não são respeitados, há incumprimento. Quando a
liberdade, os direitos e as garantias dos cidadãos são esquecidos, há
incumprimento. Quando há opressão e se pratica a injustiça, há incumprimento.
Quando o desemprego massivo atinge jovens e menos jovens, há incumprimento.
Quando o nepotismo e o amiguismo tomam conta da administração e dos setores de
produção e de desenvolvimento, há incumprimento. Quando a poluição não é nem controlada,
nem diminuída, há incumprimento. Quando se pratica o roubo, a fraude ou a
corrupção, há incumprimento. Quando a dignidade da pessoa humana não é
respeitada, há incumprimento (MV, 2019. Profecias do Ali-Ben-Ténpu).
Kusas Mesti muda. Ku Paulino Vieira, nu sunha:
“Ami kordóde, N sunhá / Kabuverde éra un
paraíze /Xeiu de jardin floride // Oh Deus da-me ligria / Panhá nha sonhe Bo
abensoá-l / Voltá-me el realidade /(…)// Éra rikéza na txon / Éra riaxu ta
korrê / Éra ligria na pove / Éra beléza oiá nos fidju /Ta brinká na txon na mei de móte / Debóxe de
árvore parida / Oh Deus da-me ligria / Panhá nha sonhe Bo abensoá-l / Bo voltá-me
el realidade”.
Manuel Veiga,
15/7/2020
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