sábado, 14 de dezembro de 2013
Nha vótu 2014
Pa nhos tudu fépu,/
Ki da-m, ki da-nu, razon di vive,/
Na AMOR y ku AMOR,/
Nha vótu 2014 é:/
NATAL, NASIMENTU, ANU NOBU/
Ta madura manenti,/
Oji, manhan y sénpri,/
Na familha, na trabadju y na vida,/
Ku toleránsia y transparénsia,/
Ku ruspetu y kriatividadi.//
Pa ménus ki kel-li, dexa sima kel-li.
domingo, 24 de novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Mestrado d Crioulística e Língua Caboverdiana oferece a Cabo Verde 8 Mestres
Gostaria de compartilhar com os meus amigos a alegria que sinto face aos resultados alcançados na defesa das oito dissertações de Mestrado, duas ocorridas no passado dia 6 de Setembro e seis outras nos dias 11 e 12 de Novembro. Os resultados são encorajadores: um 15, um 16, três 17, um 18, dois 19.
O Júri era internacional, integrando docentes da Uni-CV, da Uni-Piaget, da Lusófona, das Universidades de Gran Canárias, de Michigan nos EUA, da Universidade Aberta de Lisboa e da Universidade de Erlangen, na Alemanha.
A crioulística caboverdiana ficou mais enriquecida. Pela primeira vez, se fez um estudo linguístico sobre a variedade de Maio; pela primeira vez se fez um estudo da descrição fonética e fonológica da variedade de Santo Antão; pela primeira vez se fez uma análise descritiva e comparativa aprofundada das variedades do Fogo e Santiago; pela primeira vez se fez uma dissertação inteiramente em crioulo, sobre as interferências do português no caboverdiano; pela primeira vez se fez um estudo teórico e prático sobre a tradução do português para crioulo, com base em textos bíblicos. Trabalhos ligados ao sistema pronominal, às interferências do crioulo no português e ao ensino da língua materna e da língua segunda completam os temas tratados nas dissertações.
Não dúvida de que os actuais mestres estão preparados para o ensino, para a investigação e para a tradução de e para a língua caboverdiana.
Creio que está-se a passar o testemunho, e o futuro da língua caboverdiana parece estar cada vez mais garantido. Por tudo isto, o meu contentamento é da grandeza da nossa língua materna, aquela que, sem dúvida, é a expressão maior da nossa identidade.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Encontro com o Investigador, Doutor Julião Soares Sousa
Encontro de alunos da disciplina de Língua Caboverdina (no curso de jornalismo, 1º ano) e de alguns alunos do curso de História, com o Investigador Doutor Julião Soares Sousa, na Uni-CV (Campus do Palmarejo, hoje, 4 de Novembro de 2013).
O tema do encontro era Amílcar Cabral. O mesmo começou com um pequeno concurso à volta desse grande líder. Dois alunos se destacaram e receberam, como prémio simbólico, um exemplar do livro de Julião Soares Sousa (Amílcar Cabral - Vida e Morte de um Revolucionário Africano), uma oferta da Cátedra Amílcar Cabral e das Edições Spleen.
Foi um momento de muita partilha e de muita empatia com o tema. Que ninguém me venha dizer que não há interesse dos jovens para com a nossa história. Para haver interesse, quem conhece essa história tem o dever de partilhá-la e as instituições vocacionadas têm o dever de criar as condições para tal.
Queria registar o facto de os alunos se terem comportado muito bem e de terem demonstrado interesse e empatia com o tema.
No ano em que celebramos o “2013 - Ano de Amílcar Cabral na Uni-CV”, o encontro serviu de ensejo para lançamento de um concurso junto dos alunos de história sobre “Que significado tem para si a morte de Amílcar Cabral”. Os textos serão entregues no quadro de 20 de Janeiro de 2014 e a Cátedra atribuirá um prémio simbólico ao melhor trabalho, trabalho esse que ficará exposto na sede da Cátedra.
A juventude cabboverdiana residente na Praia é convidada a tomar parte na jornada promovida pela Cátedra Amílcar Cabral, sobre “O Legado de Cabral para a Juventude”, a ter lugar no próximo dia 19 do corrente, durante todo o dia, no auditório da Reitoria no Plateeau.
Nessa jornada, contamos com a dinâmica, com o conhecimento e a sã rebeldia da juventude, relativamente à vida obra de Amílcar Cabral.
Venham todos, porque a presença e contribuição de cada um são insubstituíveis.
Viva a Juventude de Cabo Verde, viva o legado de Amílcar Cabral
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Resposta a Jürgen Lang
1. Uso ou não de diacrítico no “a” tónico e aberto de palavras graves, no caboverdiano
1.1. Tomei boa nota do texto enviado para os compatriotas Dora Pires, Tomé Varela e eu próprio, sobre o uso do diacrítico no “a” de palavras graves, em caboverdiano e, ainda, sobre o uso do “e” gutural, no Barlavento (refiro-me ao “e” comum e creio que impropriamente apelidado de “e” mudo.
1.2. Como é sabido, a escrita é uma convenção e, hoje, a maior parte dos linguistas defende que uma escrita bem concebida deve poder ter as seguintes características: funcionalidade, economia, sistematicidade.
1.3. É em nome da economia, da funcionalidade e da pragmática que continuo defendendo que o uso de um diacrítico para assinalar o “a” tónico e aberto de palavras graves, em caboverdiano, não se justifica.
1.4. Se a natureza dessa vogal é preditível; se com diacrítico ou sem diacrítico, as palavras como “ratu, lata, matu, patu, kama, kamada, palha” têm a mesma prolação para um nativo, qual a real funcionalidade desse diacrítico que sobrecarrega a escrita e o seu uso não traz nenhum valor distintivo, salvo em casos de pares mínimos, como, por exemplo, em “karapáti” (substantivo) e “karapati (verbo); “parti”(substantivo) e “parti” (verbo), onde a presença do diacrítico ajuda a distinguir as duas unidades?
1.5. Ainda em nome da pragmática (embora esta não seja uma justificação de grande peso), num contexto onde existe o hábito arreigado de se escrever as mesmas palavras em português, com correspondência semântica e fonética nas duas línguas, a pragmática aconselha, desde que não prejudique o génio próprio de cada língua, que a representação, na medida do possível, seja aproximada. Se em português temos “rato, lata, mato, cama, palha”, é razoável que em caboverdiano tenhamos também: “ratu, lata, matu, kama, palha”.
1.6. Ninguém põe em causa que o “a” tónico de palavras graves, em caboverdiano, possa ser aberto ou fechado. Porém, é preciso também saber que enquanto o “a”aberto”, no mesmo contexto, é de um rendimento funcional elevadíssimo, o “a”fechado, no mesmo contexto é de um rendimento funcional muito baixo. Além disso, esse “a”fechado se encontra, particularmente, na variante basilectal de Santiago que tem menos chance de se vingar. Podemos encontrar “maki-maki, patxi-patxi, fatxi-fatxi, paspasi, nfanhi, labi-labi, latxi,langilangi, lapi, patxi, txapi-txapi”. Porém, julgo que ninguém, com conhecimento na matéria, possa duvidar que essas realizações são basilectais, utilizadas particularmente por pessoas iletradas, com fraca dinâmica social para impor a sua variante.
1.7. Alguém pode argumentar dizendo que, por uma questão de lógica, se se acentua o “e” semi-aberto de palavras graves, como em “stréla”, devia-se também acentuar a “a” aberto de palavras graves como em “lata”. A razão é simples: o “e” semi-aberto, no contexto que acabo de referir tem o rendimento funcional grande. Também o “e”semi-fechado, no mesmo contesto tem um rendimento funcional não desprezível. O mesmo não acontece com o “a”aberto que tem um rendimento funcional grande e o “a “fechado cujo rendimento funcional é muito pequeno. Daí que a lei da economia linguística aconselha que o “e” semi-aberto seja acentuado e o “a” aberto não.
Conclusão sobre o ponto 1:
Em nome da funcionalidade linguística, da economia e da pragmática, não aconselho o uso de diacrítico sobre o “a” aberto de palavras graves, no caboverdiano.
2. Uso ou não do “e”gutural (o chamado “e” mudo), nas variedades do Norte
2.1. Para mim, este é um problema menor. A norma oficial existente manda que esse “e” seja representado na escrita.
2.2. Eu concordo com essa norma. Porém, se a gente do Norte, maioritariamente, preferir uma escrita sem a representação do “e”gutural, isto não seria nenhuma hecatombe.
2.3. Eu, pessoalmente, defendo o uso do “e “ gutural pelas seguintes razões:
• Em primeiro lugar, porque se trata de um som que, foneticamente, existe, mesmo que a quase totalidade dos linguistas, talvez por inércia, continua a dizer que se trata de um “e” mudo. Em Caboverdiano, eu tenho a percepção desse “e” gutural. Nitidamente pode-se distinguir o “e” semi-aberto anterior, como na palavra “stréla”, e o “e” semi-fechado , também anterior, como em “stretu”. O “e” gutural posterior encontra-se nas variedades do Norte: “respondê, sóbede, txemeská...”
• Por uma questão linguística, há toda a conveniência da estrutura silábica das variedades linguísticas se aproximarem. O uso do “e” gutural no Norte faz com que haja, largamente, aproximação da estrutura silábica em todo o Cabo Verde. Do mesmo modo, haveria também (embora esta não seja uma razão de muito peso) a aproximação com a estrutura silábica do português que constitui uma das matrizes do caboverdiano.
• A escrita sem o “e”gutural dificulta a determinação da estrutura silábica de palavras que na língua matriz exibiam esse “e”gutural. Se “respondê” vem de “responder”; se somos capazes de aceitar, pacificamente, o “e” gutural em português, porquê que esse mesmo “e haveria de ferir a nossa sensibilidade no caboverdiano? Como entender que “txmská”, em vez de “txemeská”, tenha apenas uma sílaba quando a mesma palavra em português (chamuscar) e na variedade de Santiago (“txumuska”) tem três sílabas?
Conclusão,
Fica claro que é sobretudo a pragmática e a possibilidade de uma maior integração linguística que aconselham o uso do “e”gutural. Daí a minha recomendação.
Praia Outubro de 2013
Manuel Veiga
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
A não pertinência do uso de diacríticos no /a/ tónico de palavras graves
Caro Tomé,
Recebi o documento enviado sobre a questão do uso de diacríticos no cabovrdiano. Por me encontrar na preparação do início do ano académico, e por integrar o Júri do mestrado de Crioulística e Língua Caboverdiana, com defesa marcada para os dias 11 e 12 de Novembro, estando ainda metido na preparação de duas mesas-redondas e edição de uma revista, com data de saída marcada para o próximo mês de Novembro, só poderei ler o teu trabalho, com interesse académico, após as defesas acima referidas.
Entretanto, como o Tomé me disse que sufraga a posição do linguista alemão Jürgen Lang que defende o uso de diacrítico, no caboverdiano, sobre o /a/de palavras graves, para assinalar a abertura da vogal tónica, permito-me de lhe dizer o seguinte:
1.Nas circunstâncias acima referidas, o uso de diacrítico, do ponto de vista linguístico, não constitui uma escolha pertinente. E isto porque no referido contexto, o /a/ tónico é sempre aberto. Com efeito, usando ou não o diacrítico sobre esse /a/ tónico de palavras como: “ratu, patu, matu, lata, djata, nada, kama, akamadu....”, a pronúncia seria a mesma. Em linguística, diz-se que o acento tónico e o grau de abertura da vogal tónica são preditíveis, não havendo a necessidade funcional de assinalar a qualidade vocálica com qualquer diacrítico.
2.A funcionalidade e a economia são regras de ouro no sistema de escrita de base fonológica. E o uso de diacrítico no contexto em que estou referindo-me não é, do ponto de vista linguístico, nem funcional, nem económico.
3.Esse mesmo uso, põe em causa um outro princípio muito caro ao modelo fonológico que é o princípio da sistematicidade. Com efeito, se o /a/ tónico de palavras graves devem levar diacrítico, porque é que, por exemplo, o /i/ e o /u/ tónicos de palavras graves não são acentuados também? Se se defende a colocação de diacrítico em “ratu, sapu, patu”, por lógica, dever-se-ia também defender o uso de diacrítico em palavras como “pinta, tinta, finta, riku, tudu, mutu...”.
4.Eventualmente, alguém poderia argumentar que, em nome da lógica, “ratu” leva diacrítico pelas mesmas razões que “stréla, séti...” levam diacrítico também. Entretanto, essa lógica é meramente aparente. Com efeito, no mesmo contesto de palavras graves, encontramos /é/ semi-abérto e encontramos /ê/ semifechado. É por isso que existe “stréla”, mas também existe “strela”. Por uma questão de economia, o Grupo de padronização recomendou o uso de diacrítico no contexto semi-aberto e a ausência de diacrítico no contexto semi-fechado. É isto que se chama uma escolha pertinente, em linguística e o exercício da economia também linguística.
5.Concluindo, gostaria de reafirmar que o uso de diacrítico no /a/ aberto de palavras graves não é um escolha pertinente. Pode-se no entanto defender esse uso, já que a escrita é sempre uma convenção. Neste caso, apenas digo que esse uso não é uma escolha pertinente, do ponto de vista linguístico. Um nativo cabovrdiano sempre haveria de ler com a mesma prolação “ratu”ou “rátu”. Onde está a utilidade do diacrítico no segundo caso?
6.Mais: o uso de diacrítico no contexto que vimos referindo seria de tal maneira um peso para a escrita do caboverdiano que eu preferiria que fossem eliminados todos os diacrítico na nossa escrita, a ter que acolher a proposta avançada, no sentido da acentuação do /a/ tónico de palavras graves. Mesmo reconhecendo a funcionalidade do uso de diacríticos no caboverdiano, há que reconhecer que o latim, o italiano, o inglês... não fazem uso de diacríticos e, no entanto, não há confusão na comunicação.
7.Se o Tomé, através do estudo feito me convencer que a razão está do seu lado, academicamente aceitarei rever a minha posição. Já agora, fico com curiosidade de ver os argumentos avançados.
Um abraço, Manuel Veiga, Outubro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Lembrando Amílcar Cabral
Por ocasião do 89º aniversário de um dos maiores obreiros da Nação Caboverdiana, a Cátedra que leva o nome de Amílcar Cabral não pode deixar passar despercebida a data de 12 de Setembro.
E porque “A Cátedra Amilcar Cabral é um espaço académico com natureza de centro de investigação e extensão de carácter trans, pluri e interdisciplinar que, em estreita colaboração e sintonia com outras estruturas académicas da Uni-CV, promove a investigação, a formação e a extensão do conhecimento, em matéria de cultura, em geral, bem como o resgate e a promoção da história e do património cabo-verdianos, em particular, e, ainda, do pensamento e da obra Amílcar Cabral, designadamente como humanista, homem de cultura, politico e dirigente de libertação nacional, diplomata e agrónomo”, a celebração da data natalícia do patrono da Cátedra tinha que estar de acordo com os objectivos da instituição.
Ora, esses objectivos visam, fundamentalmente, a promoção da investigação, da formação e da extensão do conhecimento, particularmente em matéria da cultura caboverdiana, bem como ainda do legado de Amílcar Cabral.
Assim sendo, a Cátedra Amílcar Cabral programou algumas actividades em saudação ao 12 de Setembro, mas com realização prevista para o mês de Novembro, já que em Setembro o funcionamento da Uni-CV está a meio gás.
Assim sendo, Prevê-se para o próximo mês de Novembro as seguintes actividades: inauguração da sede da Cátedra Amílcar Cabral; realização de uma mesa-redonda sobre “A Infância de e em Amílcar Cabral”, bem como ainda “Algumas Notas sobre a Poética de Juventude de Amílcar Cabral.
Prevê-se ainda uma segunda mesa-redonda sobre as oito dissertações do Mestrado de Crioulística e Língua Caboverdiana, dissertações essas que serão defendidas no decurso do mês de Setembro e Novembro de 2013. Os resultados dessa mesa-redonda serão depois publicados num número especial da revista Desafios..., órgão de divulgação científica da Cátedra Amílcar Cabral.
Ainda para assinalar o primeiro aniversário da Cátedra A. Cabral e o 89º aniversário de nascimento do seu patrono, prevê-se a publicação do número zero da revista Desafios..., toda ela preenchida com trabalhos voltados para três linhas de investigação: a) Cultura, Línguas e Literaturas; b) Legado de Amílcar Cabral, Ciências Agrárias e Ambientais; c) Património Histórico, Ciências Sociais, Humanas e Pedagógicas.
Informo ainda que a primeira mesa-redonda será animada por membros da Cátedra Amílcar Cabral e por organizações Juvenis convidadas. A segunda mesa-redonda será animada pelos orientadores das dissertações do Mestrado de Crioulística e Língua Caboverdiana e pelos respectivos membros do Júri da defesa. Prevê-se ainda a participação dos autores das dissertações.
Praia, 9 de Setembro de 2013
O Director da Cátedra Amílcar Cabral
Manuel Veiga, Ph.D.
domingo, 8 de setembro de 2013
Omenájen pa Embaixadora Fátima Veiga
Atu di Justisa y di Maginanimidadi, Facebook di 7 di Seténbru di 2013
Oji, Kumunidadi Kabuverdianu di Boston y di Brocton ta omenâjia Sinhóra Embaixadora di Kabuverdi na Mérka, Dra. Fátima Veiga. Y kel-li dipôs di enkontro-konvíviu organizadu pa D. Rita, pa okazion di fésta di N. S. Da Graça, na Washongton, di omenájen realizadu na New Jerse y na Rhode Island.
Rakonhisimentu pa óbra realizadu é sénpri un atu di Justisa, di Magnanimidadi y di Grandéza di Spritu. Obrigadu Kumunidadi Kabuverdianu pa nobréza di es jéstu, sen kor partidáriu ô konfesional. Parabens sinhóra Embaixadora pa meresimentu di es distinson.
Mi tanbe, N foi konvidadu pa tistimunha es omenájen. Konpromisu antirior ku Júri diféza di Mestradu di Kriolístika y Língua Kabuverdianu, di ónti, dia seis di Seténbru, inpidi-m di sta prezenti. Prujétu kriolu obriga-m falta es “rendez-vous” di morabéza kriolu. Mas prezénsa di spritu pode ser más fórti ki prezénsa fíziku.
Di Kabuverdi, y di tudu otu pontu di mapa undi família Veiga y Lima ta vive y ta labuta, ta bai nos mantenha y nos morabéza pa Kumunidadi Kabuverdianu na Mérka, spesialmenti pa organizadoris di es bunitu omenájen. Igualmenti, nos tudu y netinhuTiagu, en partikular, nu ta manda un téta rixu pa omenajiada.
Nu ta spera ma Kabuverdi ta sabe valoriza es “dizenkontru na família”, pa “enkontru” ku Téra y ku língua ki ta uni-nu y ta identifika-nu na Nason Global, un enkontru ki sa ta ser simenti nobu, na un azágua kada bês más riku y más diversifikadu.
domingo, 11 de agosto de 2013
Romance O Escravo de José Evaristo de Almeida
Aplaudo a digitalização do romance O Escravo, de José Evaristo de Almeida. Trata-se de uma obra ímpar na nossa literatura. Tive o privilégio de fazer o Prefácio da segunda edição da obra. Quando o escritor Manuel Ferreira pediu-me que o fizesse, respondi-lhe que não aceitava porque não conhecia nem o autor, nem a obra. Ele insistiu dizendo que me mandaria a fotocópia da primeira edição para ler e ver se aceitava o convite ou não. Depois da leitura não tinha como dizer não. Foi uma grande surpresa. Na altura, disse ao Manuel Ferreira que duvidava se o autor era realmente português. É que toda a obra regurgitava de caboverdianidade, uma caboverdianidade vivida, sentida, respeitada e exaltada. Pareceu-me que só um grande caboverdiano poderia escrever essa obra. Pela carta de uma bisneta de José Evaristo de Almeida, que então vivia nos EUA, fiquei a saber que ele era mesmo português. E portugueses como José Evaristo de Almeida devem merecer todo o nosso respeito e admiração. Aliás, o nome de José Evaristo de Almeida vai constar da galeria dos imortais, como um dos patronos da Academia Caboverdiana de Letras que está em processo adiantado de criação.
Obrigado ao assessor Adalberto Furtado e ao vogal José Manuel Pereira que me deram o prazer intelectual de ter o Escravo digitalizado. Saudações académicas, Manuel Veiga
http://www.portaldoconhecimento.gov.cv/handle/10961/1977/simple-search?query=o+escravo
domingo, 28 de julho de 2013
Jornada sobre o Legado de de Amílcar Cabral para a Infância e a Juventude
O Convite, em baixo, é para ser enviado a todas as organizações juvenis (JPAI, JPD, Juventude Católica, Juventude Nazarena, Movimento Pro África, Tertúlia Crioula, Associação de Jovens Investigadores...
A Cátedra Amílcar Cabral (CAC-CV) da Uni-CV, pretende, no âmbito do seu primeiro aniversário e do sétimo da Uni-CV e, ainda, no quadro do 89º aniversário de nascimento do Fundador da Nacionalidade, realizar uma “jornada sobre o legado de Amílcar Cabral para a infância e para a Juventude”. A mesma será organizada em painéis, com comunicações seguidas de debates.
Haverá um painel sobre “a Infância de Amílcar Cabral e a Infância em Amílcar”, sob a responsabilidade da CAC-CV.
Haverá um segundo painel “Algumas Notas sobre a Poética de Juventude de Amílcar Cabral”, também sobre a responsabilidade da CAC-CV.
Organizações Juvenis, poderiam participar num painel plural cujo tema genérico seria sobre “o Legado de Amílcar Cabral para a Juventude.”
Para a Cátedra Amílcar Cabral seria uma honra poder contar com a participação da organização juvenil que dirige. As comunicações teriam uma duração máxima de 15 minutos. A efeméride teria lugar no dia 19 de Novembro, durante todo o dia, devendo o programa ser distribuído oportunamente.
Seria desejável a mobilização dos seus membros para a participação na efeméride.
Caso aceite o nosso convite, agradeço-lhe nos informe sobre o título da comunicação que, em nome da associação que dirige, será presentada.
Praia, Julho de 2013,
Manuel Veiga, Director da Cátedra Amílcar Cabral
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Inauguração do Centro Cutural do Mindelo, Facebook de 25.7.2013
Recebi hoje,
pela manhã, a agradável notícia, que o Centro de Saúde de Mindelo foi
inaugurado e que os sãovicentinos estavam radiantes com esta importante infraestrutura,
o que prova que Cabo Verde está a crescer, de Norte a Sul. Houve quem
tivesse declarado que, pela sua
qualidade, beleza e utilidade, o próprio Ministério da Saúde já podia ser
transferido para S. Vicente.
Eu também
partilho da satisfação dos mindelenses. Porém, não posso deixar de lembrar-me
dos factos ocorridos aquando do debate inicial a propósito da construção desse
Centro.
Eu era, então,
Ministro da Cultura. Fui interpelado no Parlamento, já que havia algumas vozes
contra o projecto e que diziam que o Governo estava a destruir o património
histórico de S. Vicente. Recebi exposições de reconhecidos mindelenses
reclamando a anulação do projecto.
Tinha a
informação procedente da então Presidente da Câmara de S. Vicente dizendo que o
Centro de Saúde é uma necessidade e que
a edilidade não dispunha de nenhuma outra alternativa, em termos de
espaço. Discuti com os meus colaboradores directos e com o então Ministério das
Ifraestruturas.
Declarei no Parlamento
que quando há conflito entre o património histórico e o património humano,
deve-se dar prioridade ao património humano. E isto porque o património
histórico deve estar ao serviço do património humano. Ora, sendo o Centro de
saúde uma necessidade; não havendo nenhuma outra alternativa que não o espaço identificado;
não tive duvidadas em concordar com os promotores do projecto, solicitando que,
na medida do possível, se procurasse conciliar a defesa do património e a necessidade
do Centro de Saúde.
Houve quem
ameaçou levar a questão às instâncias internacionais, nomeadamente a UNESCO.
Hoje o tempo veio dar razão a mim e aos
promotores do projecto.
Como é bom
saber que os sãovicentinos estão radiantes com a infra-estrutura criada. Também
eu estou contente. E que a estrela da razão e da inteligência prática e
pragmática continuem a iluminar os nossos caminhos. Viva Cabo Verde!
domingo, 14 de julho de 2013
Modi ta traduzidu "picuinhas"
Dôs koléga profesóras
purgunta-m modi ki ta traduzidu "picuinhas" pa kriolu. N pidi-s pa es
da-m un ténpu pa N rafliti.
N atxa palavra “nhê-nhê-nhê”, na Santiagu; “salamaléke, spike”, na S. Visenti; "flustria", na Santanton, "nhorose-nhorose", na Boavista. N ka ten sertéza, mas ta parse-m ma: Bu sta ku nhê-nhê-nhê = bo tâ ke salamaléke = "estás com picuinhas".
Ken ki ten midjór soluson, pa manifesta
N atxa palavra “nhê-nhê-nhê”, na Santiagu; “salamaléke, spike”, na S. Visenti; "flustria", na Santanton, "nhorose-nhorose", na Boavista. N ka ten sertéza, mas ta parse-m ma: Bu sta ku nhê-nhê-nhê = bo tâ ke salamaléke = "estás com picuinhas".
Ken ki ten midjór soluson, pa manifesta
quarta-feira, 10 de julho de 2013
"Grinhassim Não" ou a Energia do Yes We Can"
Enquadramento:
Um compatriota amigo, leitor
atento e assíduo do jornal Expresso das Ilhas, enviou a mim e aos outros membros da Comissão Nacional
para as Línguas, um artigo publicado naquele jornal, com a data de 13 de Junho
de 2013, da autoria de Dulce Lush Ferreira Lima, com a recomendação de que se
trata de um “...tipo de artigo que convém ser rebatido, pois arroga-se a foros
de ponderação e cientificidade”.
Li o artigo e disse para os
meus botões: não valerá a pena responder. A resposta poderá reacender a
polémica à volta da problemática da língua caboverdiana e eu prometi a mim
mesmo, nesses últimos tempos, canalizar as minhas energias antes para acções de valorização da nossa
língua materna do que para alimentar polémicas.
Reflectindo melhor, vi que o
contraditório da articulista merece uma
resposta. Assim sendo, sem a tentação de me julgar no direito de possuir toda a verdade, gostaria de retomar as principais questões
levantadas no artigo, em referência, e dar a minha versão dos factos, com base
em dados concretos e observáveis, já que aprendi na academia que uma afirmação
sem fundamento é como se não existisse.
Alinhamentos
das questões e respostas:
1.
Tratando-se da questão de padronização e de oficialização da língua
caboverdiana, a articulista intitula o seu trabalho “Grinhassim, não”. Já no decorrer do artigo justifica dizendo: “... corremos, pois, o risco, muito provável, de
oficializar mas manter o status quo”. E, mais abaixo, remata: “... se há
urgência, esta é a de adiar a oficialização do Caboverdiano. É o futuro
linguístico que está em causa”. Concluindo, diz: “ Do alto dos seus mais de
quinhentos anos, a Língua Caboverdiana obriga-nos a adoptar uma abordagem
liberta de imediatismos e de triunfalismos”.
Gostaria de
dizer à articulista que a máxima do “grinhasin,
nãu” contrasta com toda a filosofia e a práxis de ousadia e de tenacidade
que sempre caracterizaram a idiossincrasia caboverdiana, uma idiossincrasia que
sempre apostou na energia criativa do “Yes, We Can”.
Com efeito, sem essa energia criativa, os
escravos fujões continuariam, hoje, escravos; o regime colonial estaria ainda
em vigor; a independência continuaria um sonho; a queda do regime de partido
único, a implantação da democracia, o advento da liberdade, seriam contos de
fada.
Sem a
energia criativa do “yes, we can”, a seca e a estiagem não conheceriam, em Cabo
Verde, a era das barragens e dos mercados fartos em verduras e legumes. A
emigração clandestina e forçada não haveria de conhecer a época de emigrantes
empresários e investidores em Cabo Verde. Sem essa mesma energia criativa, os
níveis de iliteracia, mais de 70% no tempo colonial, continuariam a aumentar, e
a massificação do ensino e a proliferação de estabelecimentos de ensino básico,
secundário e superior estariam, ainda, fora das nossas possibilidades.
Se o Cabo
Verde de hoje é, de longe, diferente do Cabo Verde de ontem é porque aprendemos
a não fazer do “grinhasin, nãu” a
nossa pauta de conduta. Concordamos, no entanto, com a articulista quando
afirma que “a nossa abordagem tem que ser liberta de imediatismos e de
triunfalismos”. Porém, essa liberdade não deve pautar-se, indefinidamente por
aquela máxima paralisante. Já no século XIX, intelectuais, como António Pusich
e Lopes de Lima, diziam “grinhasin, nãu”, porque consideravam que o crioulo não
tinha nem regra, nem gramática. O Ilustre António de Paula Brito, com o seu
trabalho fundador da gramática da nossa língua e do nosso alfabeto (“Apontamentos
para a Gramática do Crioulo que se Fala na Ilha de Santiago de Cabo Verde, 1888”)
demonstrou o nosso “yes, we can”.
Também no
século XX, intelectuais como João Miranda (1937) defendiam o “grinhasin, nãu”
porque o crioulo, então considerado “enxada rudimentar”, face ao português,
considerado “charrua aperfeiçoada”, deveria ser condenado como “crime de lesa
evolução” (cf. O Liceu em Cabo Verde,
de Maria Adriana de Carvalho, p. 396 e seguintes).
Insurgindo-se
contra essa filosofia, Pedro Monteiro Cardoso, no então teatro Virgínia
Vitorino, em 1933, afirmara: “«Em toda a parte estudam-se e cultivam-se os
dialectos regionais; só em Cabo Verde é que aparecem uns ilustres pedagogos a
denunciar o crioulo como trambolho, e se a mais não se atrevem é porque se
podem levantar as pedras das calçadas».
Também
Eugénio Tavares, um dos maiores paladinos do crioulo, contrariando os que
diziam que o crioulo não tinha nem regras nem gramática, aproveita o nº 11 do
Jornal O Manduco, de 1924, para,
ironicamente, informar “aos ilustres pedagogos: « Desde que não seja possível negar que o
Cabo-verdiano pensa; e que dispõe de palavras para dizer o seu pensamento; e
que usa de regras para a arrumação dessas palavras; e que, finalmente, tais
palavras e regras constituem o resultado de uma colaboração de elementos
associados na colonização – fica admitida a utilidade do estudo dessas palavras
e regras, como elementos para o estudo da colonização. E se não me ilude a
minha incompetência, esse estudo é que constitui a gramática».
Por tudo
isto, a articulista poderá ver que por causa do “yes, we can”, hoje temos
gramática escrita do crioulo, temos alfabeto aprovado, temos dicionários, temos
romances, ensaios, livros de poemas, dissertações, teses académicas. Já há
experiências válidas de ensino do crioulo em Cabo Verde e na diáspora. Tudo isto ainda é pouco, mas se escudássemos
na máxima “grinhassim, não”, ainda estaríamos no tempo de Lopes de Lima ou,
então, de João Miranda que reclamam a proibição do crioulo, com argumentos de
que o mesmo vai contra “a unidade do império”, entenda-se império português,
que começava em Minho e terminava em Timor. Hoje, o argumento dos “grinhasin, nãu” diz que a padronização
escrita do crioulo e a sua oficialização vão contra a unidade da Nação. Que
blasfémia!
2.
Não obstante, concordo com a articulista quando afirma que a “Literalização”
deve ser “um imperativo presente”. Percebi que quererá dizer com isto que a informação e a formação sobre a
problemática da nossa língua materna deverão ser uma constante. Não posso deixar
ainda de reconhecer que o processo que conduziu à institucionalização do
alfabeto caboverdiano não foi a melhor. Houve insuficiência de informação, mas
também houve manchas de desinformação e de regionalismo doentio que ainda
persistem. Por isso, sufrago a afirmação
da articulista quando diz, falando dos estudos que conduziram a aprovação do
alfabeto: “Se esse trabalho de grande qualidade técnica marca o ponto de partida do
percurso para o Caboverdiano aceder ao estatuto de língua escrita, a sua socialização
foi reveladora de uma comunicação deficiente”.
Ora, isto
não significa que não houve esforço para prestar informações. Simplesmente,
faltaram os recursos. A Comissão criada para a padronização do alfabeto, a que
tive a honra de presidir, apresentou em 1994, logo após a entrega do relatório
sobre as Bases do Alfabeto Unificado para a Escrita do Caboverdiano, uma outra
proposta de como proceder-se para a sua implementação. Não houve seguimento de
quem, na altura, decidia sobre a proposta apresentada e as exigências
financeiras da mesma.
Apesar de
tudo, com os meios disponíveis, e no seguimento do Colóquio Linguístico de 1979
e do Fórum de Alfabetização Bilingue de 1989, fizeram-se encontros-debates como
o Colóquio Internacional de Estudos Crioulos de 2005, o Fórum sobre “Caminhos
da Valorização da língua Caboverdiana – o Papel da Assembleia Nacional (3-4 de
Julho de 2002); foram publicados alguns livros, na área de estudos gramaticais
sobretudo, e na da divulgação de tradições orais. Divulgou-se o programa Finka-pé na RCV e o programa Alfabétu Kabuverdianu na TCV. Publicaram-se as Actas do Colóquio
Linguístico de 1979 e deu-se à estampa a
Proposta das Bases do Alfabeto Unificado para a Escrita do Caboverdiano de 1994.
Várias entrevistas aos órgãos de comunicação, no país e no estrangeiro, tiveram
lugar; foi criado o prémio Pedro Cardoso para incentivar a produção na língua
caboverdiana; alguns diplomas
governamentais, como o decreto-lei 67/98 que aprova, a titulo experimental, o
Alfabeto Unificado para a Escrita do Caboverdiano, a Resolução 48/2005 que
aprova a Estratégia para a Afirmação e Valorização da Línguas Caboverdiana, o
Decreto-Lei 8/2009 que institui o Alfabeto Caboverdiano, A Resolução 47/2012
que cria a Comissão Nacional para as Línguas. O ensino do crioulo foi
introduzido no Curso de Formação de Professores do Ensino Secundário desde
1980, mais tarde no ISE e, hoje, na Uni-CV. Foram realizadas semanas, encontros
e debates sobre a Língua Caboverdiana, por ocasião do Dia Internacional das
Línguas Maternas celebrado a 21 de Fevereiro de cada ano; diversos ateliers, no
país e na diáspora, sobre a problemática do crioulo, foram organizados.
Tudo isto é
pouco e não foi suficiente para cobrir as lacunas de informação existentes,
porém não deve ser ignorado todo o esforço feito e nem tão-pouco se deve deixar a tarefa de informar apenas nas
mãos do Estado. A informação procura-se e é um acto de cidadania dá-la, mas
também recebê-la.
3. A
articulista considera a “Padronização” como “um pretérito imperfeito” e uma “questão que mais divide a opinião
pública”. E isto porque, subjacente à padronização existe “a opção pela variante de
Santiago, implicitamente, tomada como referência”. Continuando, afirma: “Quando,
inicialmente, se faz depender a unificação gráfica da opção por um dos
dialectos como padrão, uma larga faixa da população, da inteligentsia ao
cidadão comum, reage com desconfiança e vê um objectivo dissimulado que seria o
de diferenciar uma variante (a de Santiago) para a transformar em língua nacional”.
Continuando,
diz que “a padronização é uma construção, não é natural nem será espontânea – donde a necessidade de critérios objectivos e
explícitos”.
Prosseguindo,
afirma que “O critério histórico-linguístico, por exemplo, levantará questões
como: - qual o dialecto mais representativo, desse ponto de vista? O de
Santiago, onde o Crioulo terá tido origem, a partir de línguas africanas em
contacto com o Português, pelo que essa primeira versão será a matriz que se
desdobrou em módulos periféricos? Ou o de São Vicente que, na sua qualidade
histórica de Crioulo Caboverdiano de segunda geração, se elaborou a partir da
activação de ocorrências inovadoras as quais contribuíram para a emergência de
uma estrutura com maior autonomia relativamente às línguas-base?”
O Posicionamento da articulista contido nesta parte da sua exposição merece
os seguintes comentários da minha parte: muito mais do que “um pretérito imperfeito”, a
padronização é “um presente contínuo”. Com efeito ela acontece desde o século XVII
quando o crioulo começou a existir como língua. E manifesta-se de duas
maneiras: informalmente, através do
consenso linguístico dos utentes do crioulo; formalmente, pela actuação da
política linguística.
Devo esclarecer que até este momento, a intervenção dos poderes públicos se
restringiu à harmonização do alfabeto. Porém, a padronização linguística
extravasa o alfabeto e a própria escrita. Assim, o problema criado é um
fantasma. Não existe ainda nenhuma orientação relativamente à padronização
linguística fora da área do alfabeto. Mas a padronização está acontecendo por
via informal. É assim que, por exemplo, na Capital do País, a acentuação
paroxítona dos verbos, por influência das outras ilhas (tanto as do Norte como as restantes do Sul,
está a tornar-se oxítona ( “kumê, skrevê, levantá, nadá...) em vez da
acentuação paroxítona ( “kume, skrebe, labanta, nada”), com acento tónico na
penúltima sílaba. De igual modo, na Capital, onde a presença dos caboverdianos
provenientes das outras ilhas é significativa, a sonorização de consoantes
surdas é um facto inegável ( “kaza, kazamentu, oji”) no lugar das realizações surdas (“kasa,
kasamentu, oxi”). Do ponto de vista lexical, assistimos à entrada de expressões
do Norte que começaram a entrar no vocabulário badio citadino: “diazá, pa
frónta, pa xuxú...”). Se eu disser, hoje, na Praia: “diazá, N ka odja-bu; kel
minina la é bunita pa frónta”, ninguém, na Capital, me dirá que estou a falar o
crioulo com interferências do Norte.
E se todas essas interferências se alargarem e se transformarem em hábitos
linguísticos, a padronização acontece
tranquila e informalmente.
Informalmente, ainda, a padronização pode acontecer através da criação
literária e artística. Daí que o crioulo
com maior dinamismo criativo será aquele que mais vai contribuir para a
padronização. A padronização formal vai acontecer não por decreto, mas sobretudo
quando o ensino alargado do crioulo acontecer. E isto porque o professor,
querendo ou não será forçado a fazer mais uso da variante em que é mais
competente. E o crioulo que veicula tenderá a informar e enformar a norma.
Quanto à questão, segundo a qual existe “a opção
pela variante de Santiago, implicitamente, tomada como referência”, é apenas
uma presunção dos que tem complexo frente à pujança desta variante. É certo que
no colóquio de 1979 vozes autorizadas do Norte do arquipélago defenderam a
primazia do badio como variante de base no processo de padronização do crioulo.
E isto, talvez, influenciados por Baltasar Lopes da Silva que, no Prefácio à Aventura
Crioula, de Manuel Lopes, escreve: “... o falar do grupo de Sotavento é, a meu ver, o mais
adequado ... para o tratamento literário.
Mais abaixo continua: “... me
parece que o crioulo padrão para o uso literário se há-de fixar, partindo da base
fonética do falar de Sotavento”.
Porém, essa proposta de Baltasar Lopes, apesar
de relevante, nunca chegou a ser ratificada oficialmente e, hoje, eu
próprio, por uma questão de respeito pela diversidade cultural, defendo que a
unificação linguística deve ter em conta todas as variantes, com um eixo Sul, à
volta de Santiago; um eixo Norte, à volta de S. Vicente, e um eixo Norte/Sul à
volta dessas duas variedades, em estreita cooperação com as particularidades
pertinentes, enriquecedoras e representativas de todas as variantes.
Concordo com a articulista quando diz que deve haver “critérios objectivos
e explícitos” para a padronização formal. A mim me parece que a padronização
vai acontecer mesmo que a definição desses critérios sejam reportados para mais
tarde. É que a língua é viva, e ninguém
pode retirar-lhe essa liberdade intrínseca de atrair neologismos e de registar
arcaísmos.
A articulista deixa entender que há uma tentação (para não dizer
determinação) na sobreposição da variedade de Santiago que veio desde o tempo
da escravatura quando se sabe (deixa ela entender) que o crioulo
verdadeiramente caboverdiano é o de S. Vicente. Nada mais falso. O crioulo de
Santiago é tão caboverdiano como o de qualquer outra ilha e com a vantagem de
ser mais e melhor estudado, de possuir maior número de locutores, de ser a
matriz de todas as outras variantes e, sobretudo, de exibir uma autonomia estrutural
muito mais visível e demonstrável que, por exemplo o de S. Vicente. E se a articulista não estiver de acordo, eu
convido-a a fazermos um estudo linguístico analítico e comparativo de duas
obras significativas para ambas as ilhas
e para todo o Cabo Verde: Odju d’Agu e Vangêle Contód de Nos Móda.
Com esse estudo, sem dúvida vai ficar demonstrado que não corresponde a
verdade a afirmação, segundo a
qual, a variedade de S. Vicente possui “uma
estrutura com maior autonomia relativamente às línguas-base”. E, com esse
estudo, cairia também por terra o “achismo” dos pseudo-mestres e emergiria a verdade objectiva.
4. Na última parte do artigo afirma-se a “Oficialização” como sendo “um condicional futuro”. Na minha
perspectiva, a “oficialização” sem deixar, ainda, de ser um condicional futuro,
é também “um presente contínuo”. Esta é a razão por que, desde 1999, se vem
defendendo a “oficialização em construção” e a edificação paulatina de um real
bilinguismo que ficou explícita nas
conclusões do recente Fórum Parlamentar por um Bilinguismo Social, realizado de
17 a 18 de Maio de 2013. Este “presente contínuo” tem expressão e assento constitucional no artigo 9º da
Carta Magna quando na alínea 2) diz: “O Estado promove as condições para a
oficialização da língua materna cabo-verdiana, em paridade com a língua
portuguesa; alínea 3): Todos os cidadãos
nacionais têm o dever de conhecer as línguas oficiais e o direito de
usá-las”. Note-se que o articulado é
categórico. Não usa nem o futuro (promoverá), nem o condicional ( se...).
Diz “promove...”, no presente.
Dizer que “a oficialização teria
“(...) o efeito perverso de atribuir à Língua Caboverdiana uma função
acessória e um lugar secundário no ambiente linguístico nacional” é uma conclusão
aleatória e infundada. Esta, sim, talvez
seja um “condicional futuro desejado” pelos que
querem continuar a ver apenas o
português como “charrua aperfeiçoada”e o crioulo eternamente como “enxada
rudimentar”.
O crioulo
oficializado será aquilo que nós quisermos. E se, informalmente, ele tem tanta
força na comunicação e na criatividade artística, a ponto de enervar
“os ilustres pedagogos” que nele vêm uma ameaça para o português, como
poderá ele perder esse dinamismo quando se tornar, de facto, oficial, a ponto
de passar a ter “uma função acessória e
um lugar secundário no ambiente linguístico nacional”?. Até parece uma contradição,
salvo o devido respeito.
Propositadamente,
deixei para o fim a saga do “kapa”, considerado pela articulista e pelos
opositores do ALUPEC como um fantasma que teria
“ofendido” os caboverdianos na sua dignidade, por considerarem que ele é
africano, enquanto o nosso alfabeto deveria ser latino.
Ora, o
“kapa”está presente no alfabeto caboverdiano desde 1888, com a proposta de
António de Paula Brito. Ele, ainda, está presente no alfabeto inglês e alemão.
A própria língua portuguesa utiliza-o para representar o símbolo quilograma, por exemplo, 5 kg de carne e palavras ou nomes
estrangeiros como kwanza; o novo acordo ortográfico da língua portuguesa
introduziu o “k” no alfabeto. Também é
internacionalmente usado para representar o símbolo do potássio. Curiosamente,
o inglês escreve “kiss, kindness, king” para significar “beijo, amabilidade,
rei”. Nem para eles, nem para os opositores do ALUPEC o “k” de “kiss, kindness,
king” é africano. Já em “kretxeu”, ele
seria africano”. Onde está a lógica. Mas admitamos que seja africano. O que de
mal ou de depreciativo haveria nisso se uma das matrizes da crioulidade vem de
África? Será que aceitar a nossa história e as nossas origens nos diminuem como povo e
como cidadãos?
Mais uma
razão para dizermos “ki óra dja txiga pa nu ruspeta nos kabésa, nos língua y
nos identidadi si nu krê pa mundu ruspeta-nu”. Ou será que “grinhasin” não
devemos, ainda, valorizar a nossa história, a nossa língua, a nossa cultura, a
nossa idiossincrasia, o que somos e o que nos identifica? Esqueçamos o
totalitarismo do “grinhasin, nãu” porque o que de facto, com lucidez e
ponderação, nos interessa e sempre nos interessou é a energia do “Yes, We Can”,
uma energia que sabe medir os riscos e aproveitar as oportunidades, sem nunca fugir aos desafios.
Julho de
2013, Manuel Veiga
sábado, 6 de julho de 2013
Mandís ta Fladu
Na un post di nha amigu di
Simináriu Fáfá (Faustino Barreto), N atxa un palavra ki dja durá N ka uza: “mandís”. N pensa, N fla: es palavra-li ka sta na nha
disionáriu, N ten ki regista-l. N bai konfiri, y N atxa rejistadu : “mandís ta
fladu”. N fika kontenti pamodi N odja ma nha disionáriu ten más memória ki mi.
Pa Ken ki ka sabe, “mandís” é konjunson subordinadu konparativu ki ta signifika
“sima”. Spreson “mandís ta fladu”é
sinónimu di “sima ta fladu”.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Pa Riba la 38º aniversáriu di nos Indipendénsia!
5 di Julhu di 1975.
Ku AKA na mô, na Portonzinhu, entrada di
Somada, ta fase vijilánsia. FÓRTI ORGULHU di sabe ma na txon di nos TÉRA, na
Várzia di Konpanhia, BANDERA di INDIPENDÊNSIA sa ta subiba na mastru y bandera
di butupériu sa ta dixiba di puleru. Oxi, 38 anu dipoôs, nos orgulhu kontinua
grandi sima mar, rixu sima rótxa, pirsistenti sima raís di tanbarina.
Obrigadu Kabuverdi, obrigadu nha Povu,
obrigadu Kabral ku si kunpanherus di luta, obrigadu “boa guvernansa” pa
konkista di dignidadi, pa prusésu di dizenvolvimentu, pa kualidadi di anbienti,
pa ruspetu di kumunidadi internasional, pa azagua di rekonstruson y projeson
nasional, na txon di nos TÉRA.
Fórti sabura di pode
djata, pa obidu na tudu kantu, na tudu txada ku rubera, ma nos é LIVRI sima
pasarinha di biku burmedju, sima pónba di péna branku. Fórti N ta ama-u nha
TÉRA! Fórti N ta agradiseu-u nha POVU! Fórti N ta ruspeta-u nha KULTURA! Pode
ten midjór filisidadi ki kel-li? Pa riba la 38º aniversáriu di nos
Indipendénsia!
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Quarto Aniversário de Cidade Velha-Património da Humanidade
Prezado Dr. Jair Fernandes
Curador da Cidade Velha,
Acabo d receber o convite para o evento, em epígrafe, preciasamente no momento em que vai-se proceder à abertura do evento. Estando eu no período de avaliação na Uni-Cv, e com obrigações academicas inadiáveis, lamento informar que não poderei estar presente no evento. Assim, só me resta agradecer o convite formulado e pedir-lhe que apresente as minhas desculpas ao senhor Presidente da Câmara de Ribeira Grande de Santiago e ao senhor Ministro da Cultura.
Tenho seguido o dinamismo imprimido pela Curadoria na Cidade Velha e louvo as realizações levadas a cabo e o clima salutar de entendimento entre os intervenientes no processo. Sempre entendi que esse clima era indispensável para o sucesso das acções de salvaguarda e para a valorização do sítio histórico da Cidade Velha. A conquista do estatuto de Património Mundial é uma das grandes vitórias de Cabo Verde e da África onde esse estatuto não abunda. Por isso, parabenizo, em primeiro lugar, os munícipes e a edilidade da Ribeira Grande, os técnicos que trabalharam no dossier e todo o sistema cultura que deu o seu melhor para o reconhecimento alcançado. Ser Património da Humanidade orgulha a qualquer país e quando esse estatuto é conquistado pela primeira vez, o orgulho é redobrado. O destino quis que eu estivesse ligado ao processo que conduziu ao reconhecimento final. Agradeço ao meu país e à Cidade Velha por me terem dado esta oportunidade, agradeço aos membros da equipa que preparou o dossier pela qualidade do trabalho realizado. Agradeço a Deus por me ter dado o discernimento na condução de um dossier que chegou a passar por momentos críticos, mas que graças a esse mesmo discernimento foi possível encontrar-se a melhor via.
A todos, o meu profundo reconhecimento, Manuel Veiga.
domingo, 23 de junho de 2013
Raprizentason di Konjunson Kordenadu kopulativu "Y"
Debe kauza konfuzon pa alguns algen raprizentason di konjunson kordenadu kopulativu na kriolu. Uns ta raprizenta-l pa “i”, otus, sima mi, ta raprizenta-l pa “y”. Izénplu: mar y téra; N trabadja txeu y N odja frutu di nha trabadju.
Fundamentason ki nu tinha ti gósi éra pamodi “i” é un sinplis vogal; enkuantu “y” é un klasi gramatikal (konjunson... kordenadu kopulativu). Ses distinson ta fasilita kumunikason skritu.
N kaba di diskubri un nobu fudamentason, através di disertason di un aluna di Maiu y di mestradu di di Kriolístika, Ana Karina Tavres Moreira, ki ta raprizenta, na kriolu di Maiu, forma verbal “é” pa “i”: ”kasa di Manel i mas pikinin ku di Djon”/ a casa do Manuel é mais pequena que a do João”.
N konfirma es realizason ku un otu alunu di Maiu, na disiplina ki N ta ministra, "Traduson y Téknikas di Spreson na Kriolu".
Ta kontise ki si “i” pode ser un vogal y un fórma verbal; un tirseru funson di « i », komu konjunson kordenadu kopulativu, ta aumentaba konfuzon y sobripozison.
Di li razon pamodi N ta skrebe: “mar y téra” y nãu “mar i téra”.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Kumunikason Daguma
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Baka Nbia-bu Runhu
Modi ta Fladu na purtugês
“baka ta nbia-bu runhu?
Txeu
bês N purguntadu modi ta fladu na purtugês “baka nbia-bu runhu”? N ta pensa ma
es frazi é un konstruson idiomátiku, ku forsa di metáfora, ki podeba tanbe
signifika “fronta dja panha-u”.
Nha propósta di traduson pa purtugês é: “a vaca te acutilou gravemente”, u-ki pode signifika “estás em maus lençóis”. Anton, “baka nbia-bu runhu” pode ser sinónimu di “estás em maus lençóis” ô anton "estás a comer o pão que o Diabo amassou".
Nha propósta di traduson pa purtugês é: “a vaca te acutilou gravemente”, u-ki pode signifika “estás em maus lençóis”. Anton, “baka nbia-bu runhu” pode ser sinónimu di “estás em maus lençóis” ô anton "estás a comer o pão que o Diabo amassou".
terça-feira, 4 de junho de 2013
Jornada Científica
(Relatório)
Como previsto, a 1ª jornada científica da
CAC-CV teve lugar no Campus de Palmarejo, entre as 9H00 e as 12H30 do dia 31 de
Maio.
Dos seis projectos de
investigação previstos, só foi possível a apresentação de quatro: “Monopólio da
Terra, Disputas Partidárias e criação de um centro de civilização (1822-1851)”,
da autoria do doutor Eduardo Camilo Pereira; “Género da Perspectiva de Amílcar
Cabral”, da autoria da doutora Crispina Gomes; “Problemas de Tradução do
Português para o crioulo e do crioulo para o português’, da autoria do mestre
Paul Moreno; “Autonomização da Língua Caboverdiana ancorada nas Matrizes Lusas
e Africanas”, da autoria do signatário.
Todas as apresentações seguiram o
formato previamente estabelecido. O debate foi vivo, participado e com
alinhamento de várias propostas direccionadas para a dinamização da
investigação na Uni-CV, de que daremos conta mais abaixo.
A jornada que foi realizada em
saudação ao 50º aniversário da criação
da Organização da Unidade Africana (OUA), a 25 de Maio de 1963, hoje União
Africana, apresentou algumas recomendações, quais sejam:
- Elaboração e dinamização de uma adequada política de investigação na Uni-CV;
- Criação de um corpo de investigação que garanta a produção de conhecimento na Uni-CV, de forma estável e permanente, com docentes-investigadores a pleno tempo, já que a investigação, numa Universidade que se preze, não se compadece com a prestação a tempo parcial. Seria desejável que houvesse um orçamente consagrado à investigação e para facilitar a participação de investigadores em simpósios ou colóquios internacionais, com relevante interesse para projectos de investigação em curso;
- Edição de revistas electrónicas e criação de condições para a publicação de outras revistas, nomeadamente a revista “Desafios...”, da CAC-CV;
- Divulgação de trabalhos de investigação mediante a edição anual de um determinado número de projectos concluídos.
- Dotação à Biblioteca da Uni-CV de um orçamento anual para a aquisição bibliográfica e assinatura de revistas de especialidade;
- Diminuição de carga horária dos docentes-investigadores com projectos de investigação aprovados e em curso;
- Que os tempos lectivos semanais de um docente-investigador com projecto de investigação aprovado sejam agrupados ou na parte de manhã, ou na parte de tarde, o que permite uma melhor organização e disponibilidade para a investigação;
- Que a CAC-CV, de acordo com o programa já estabelecido, promova, o mais breve quanto possível, a criação de um núcleo de documentação voltada para o legado de Amílcar Cabral, para a história e para a cultura caboverdianas;
- Que o aprofundamento da crioulidade, sem descurar as perspectiva euro-africana, tenha também em conta o continente americano, de onde provieram muitos elementos da nossa fauna e flora.
A jornada foi encerrada com
anúncio de que, no quadro do aniversário de Amílcar Cabral em Setembro, será
organizado em Outubro (já que em Setembro a Uini-CV normalmente funciona a meio
gás) uma mesa-redonda sobre “a infância de Amílcar Cabral”; “a infância em
Amílcar Cabral” e “algumas notas sobre a poética do jovem Amílcar Cabral”.
Foi anunciado ainda que em
Novembro será lançado o número Zero da revista da Cátedra e que em breve a
direcção da revista vai solicitar aos membros da Cátedra, interessados, que
enviem artigos.
Assim, quando eram 12H30 minutos,
foi dada por encerrada a 1ª jornada da Cátedra.
Praia, 1 de Junho de 2013
O Director da CAC-CV
Manuel Veiga, Ph.D.
terça-feira, 28 de maio de 2013
MIA COUTO ganha Prémio Camões
Acabo e receber a agradável notícia de que o Mia Couto foi galardoado com o PRÉMIO CAMÕES. Parabéns meu caro! A tua distinção honra a lusofonia em África e no mundo. Quem escreve e fala do que sabe, como é o teu caso, não corre o risco de dizer asneira e, mais cedo ou mais tarde, acaba por ser reconhecido. O teu exemplo deveria fazer escola, particularmente, aqui no "jardim das Hespérides".
domingo, 26 de maio de 2013
Declaração de voto
Como tive a oportunidade de dizer à senhora Presidente da Comissão Nacional para as Línguas, o Fórum
foi um espaço de debate interactivo muito importante e muito útil, no processo
que, certamente, conduzirá, mais cedo ou mais tarde, à oficialização da língua
caboverdiana.
Eu votei a proposta que diz: “São línguas oficiais
de Cabo Verde, o crioulo, língua cabo-verdiana, e o português”.
Não tive tempo de fazer a minha declaração de voto e, por
isso, faço-o agora:
1. Não sou contra a primeira
proposta que parece mais leve e menos redundante.
2. Porém, há que ter em conta
que é melhor que a lei seja redundante e clara, do que poética e susceptível a
alguma ambiguidade.
3. A 2ª proposta é clara e,
sociolinguisticamente, muito mais abrangente. Dá assento constitucional tanto
ao crioulo como à língua caboverdiana. Além disso, tira argumento, de forma
explícita, aos que desinformados ou mal intencionados dizem que o crioulo não é
língua. Além disso, se falamos o crioulo caboverdiano ou a língua caboverdiana,
é absolutamente razoável que as duas expressões tenham assento constitucional.
4. Daí o meu voto
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Apresentação em Lisboa do Dicionário Caboverdiano-Português
Obrigado Assoociação Caboverdiana de Lisboa e seu presidente Dr. Mário Carvalho pela oportunidade que me deram para apresentar o meu dicionário no chão de uma Lisboa crioula. Agradeço, também, a apresentadora, a minha amiga Ana Josefa Cardoso e ainda o meu grande amigo, o Dr. Jose Luis Hopffer Almada que tudo fez para que a efeméride acontecesse.
Sessão de apresentação pública do DICIONÁRIO CABOVERDIANO-PORTUGUÊS, do Professor Doutor Manuel Veiga, a cargo da Dra Ana Josefa Cardoso, linguista e professora do ensino bilingue português-caboverdiano. A sessão de apresentação pública da obra teve lugar nas instalações da ACV sitas na Rua Duque de Palmela, nº 2, 8º andar, no dia 21 do mês de Fevereiro, Dia Internacional das Línguas Maternas.
sábado, 18 de maio de 2013
Por um Bilinguismo Efectivo: a Oficialização da Língua Caboverdiana
Terminou hoje, dia 18.5.2013, o
Fórum em epígrafe. Foi uma jornada interessante de debate, de análise e de conclusões
importantes. Uma das conclusões históricas desse Fórum diz respeito à proposta
de explicitação do artigo 9º da Constituição da República, cuja redacção suscitava
alguma ambiguidade.
Nessa explicitação, houve quem
pense que eram fundamentais: a constitucionalização do bilinguismo caboverdiano
e o assento constitucional tanto do Crioulo Caboverdiano, como da Língua
Caboverdiana, já que são dois conceitos que correspondem plenamente ao nosso “ser
linguístico” em Cabo Verde.
O problema era encontrar uma
forma que tivesse a leveza poética, mas também a abrangência sociolinguística.
Assim surgiram duas propostas,
uma com a leveza poética, mas sem abrangência sociolinguística e que diz 1. “São Línguas oficiais de Cabo Verde: o
Crioulo Caboverdiano e o Português”. A outra proposta, sem a leveza poética,
mas com a pertinência sociolinguística, onde tanto o Crioulo como a Língua
Caboverdiana passam a ter assento constitucional, e que diz”: São línguas
oficiais de Cabo Verde o Crioulo, Língua Caboverdiana, e o Português”.
O legislador saberá encontrar a
melhor forma. O arigo prossegue:
2.” O Estado criará as condições
para a construção progressiva de uma real paridade entre as duas línguas
oficiais”.
3. “Todos os cidadãos nacionais
têm o dever de conhecer as línguas oficiais e o direito de usá-las”.
Ainda que seja só pela proposta
de explicitação desse artigo 9º, terá valido a pena o Fórum organizado pelo
Parlamento Caboverdiano e pelo
Ministério da Cultura, através, respectivamente, da Comissão Parlamentar Especializada
de Educação, Ciência e Cultura e da Comissão Nacional Caboverdiana para as Línguas.
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