No
seu magistério de Humanismo Universal, Amílcar Cabral via a HUMANIDADE como uma
família. E o COVID 19 veio provar e proclamar que somos mesmo uma Família. É
por isso que na sua digressão pelo mundo todo, ele visita todas as classes
sociais, todos os regimes políticos, todas as instâncias do poder, todos os níveis de formação académica e cultural, todas as confissões religiosas, todas as
agremiações desportivas, todas as organizações associativas. É caso para dizer
que o COVID 19 é mesmo um "democrata".
Claro
que nessa sua prática ele castiga a humanidade inteira, porque todos têm alguma culpa
no cartório, culpa essa que se manifesta de diversas maneiras: o egoísmo, a
violência, a falta de solidariedade, a discriminação, o abuso do poder, a
exploração, a negação da inclusão, os crimes contra o ambiente, o racismo, a
xenofobia, os muros da vergonha para se livrar dos outros…
Já
Amílcar Cabral dizia:
«Somos, em África, a favor de uma
política africana que procure defender em primeiro lugar os interesses dos
povos africanos, de cada país africano, mas a favor também de uma política que
não esqueça em momento algum os interesses do mundo, de toda a humanidade.
Somos a favor de uma política de paz em África e de colaboração fraternal com
todos os povos do mundo” (Unidade e Luta 1, 2013:197).
Não há dúvidas que o
humanismo universal de Cabral, da fase de luta armada, corresponde hoje a tão
celebrada globalização de direitos e de deveres a favor da Humanidade, que ainda
está longe de corresponder ao desejável. Se cada um, no devido tempo e lugar,
colocar a sua pedra e a sua mão no edifício que a todos nós pertence, o mundo
seria mais justo, mais humano, mais fraterno e sem discriminação de género, de
raça, de religião, de credo político, de cor e de extrato social.
Concluindo diríamos que
da pandemia do COVID 19 deveríamos tirar algumas lições, quais sejam:
a A humanidade, verdadeiramente, deve ser
uma família; o investimento na saúde, na educação, na investigação, na inclusão, na
solidariedade social, na não violência, no respeito pelo ambiente deve ser uma prioridade.
Aos que fazem do economicismo
e do egoísmo um “bem absoluto, intocável e exclusivo” há que lembrar-lhes que, sem a saúde, sem a educação, sem a investigação, sem a solidariedade e sem a
inclusão, poderá vir um outro COVID 19 que mata as pessoas, que destrói a
economia, que semeia o pânico por todo o lado, sem discriminação, mas também
sem piedade.
Saibamos, pois, tirar as devidas lições deste implacável COVID 19.
Saibamos, pois, tirar as devidas lições deste implacável COVID 19.
Manuel Veiga, 20 Março 2020
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